«Cidade da Amizade» nasceu da iniciativa do padre vicentino Pedro Opeka.
O Papa visitou hoje em Madagáscar a ‘Cidade da Amizade’, do projeto humanitário ‘Akamasoa’, iniciativa do padre vicentino Pedro Opeka, que realojou populações de lixeiras a céu aberto.
“Cada recanto destes bairros, cada escola ou dispensário é um cântico de esperança que recusa e faz calar toda a fatalidade. Digamo-lo com força: a pobreza não é uma fatalidade”, sustentou.
O missionário argentino, antigo aluno de Jorge Mario Bergoglio, em Buenos Aires, acolheu Francisco no auditório de Manantenasoa, onde se reuniram cerca de 8 mil crianças e jovens, num clima de grande entusiasmo.
O Papa falou desta visita como “uma grande alegria”, considerando o projeto social como “a expressão da presença de Deus no meio do seu povo pobre”.
“Não uma presença esporádica, casual: é a presença de um Deus que decidiu viver e permanecer sempre no meio do seu povo”, acrescentou.
Francisco saudou a iniciativa que permite a muitas famílias “viver com dignidade”, a partir da sua própria iniciativa, com a construção de aldeias com assistência médica, creches, escolas e parques.
25 mil pessoas, na sua maioria (60%) com menos de 15 anos de idade, vivem nestes espaços, que o Papa apresentou como um exemplo de determinação.
Os vossos clamores nascidos do facto de já não poderdes viver sem um teto, de verdes os vossos filhos crescer malnutridos, de não terdes trabalho, nascidos do olhar indiferente – para não dizer desdenhoso – de muitos, transformaram-se em cânticos de esperança para vós e quantos vos contemplam”.
O padre Pedro Opeka, chegou à ilha nos anos 70 e deparou-se com a pobreza de milhares de pessoas que viviam em condições miseráveis; em resposta, iniciou projetos que incluem a Cidade da Amizade, ‘Akamasoa’ – que em malgaxe significa “bom amigo” -, construída em 1989 no lugar de uma lixeira dos arredores da capital, Antananarivo.
Na capital Antananarivo, o sacerdote vicentino iniciou a exploração de uma pedreira de granito, que ajuda a financiar o projeto humanitário.
O Papa destacou que a fé de todos os envolvidos “permitiu ver uma oportunidade onde era visível apenas a precariedade, ver a esperança onde só era visível a fatalidade, ver a vida onde muitos anunciavam morte e destruição”.
“Uma educação para os valores, através da qual as primeiras famílias que iniciaram a aventura com o padre Opeka puderam transmitir o enorme tesouro de compromisso, disciplina, honestidade, respeito por si mesmo e pelos outros. E pudestes compreender que faz parte do sonho de Deus não apenas o progresso pessoal, mas sobretudo o progresso comunitário”, declarou.
Francisco falou em particular aos jovens de Akamasoa, para lhes pedir que nunca desistam, perante os “efeitos nefastos da pobreza”, continuando o trabalho feito pelos mais velhos.
“Assim, Akamasoa não será apenas um exemplo para as gerações futuras, mas sobretudo o ponto de partida duma obra inspirada por Deus, que encontrará o seu pleno desenvolvimento continuando a testemunhar o seu amor às gerações presentes e futuras”, apontou.
O Papa convidou a rezar para que Madagáscar e o mundo consigam alcançar modelos de desenvolvimento que privilegiem a luta contra a pobreza e a exclusão social, “a partir da confiança, da educação, do trabalho e do empenho que são sempre indispensáveis para a dignidade da pessoa humana”.
“Queridos amigos de Akamasoa, querido padre Pedro e colaboradores, obrigado uma vez mais pelo vosso testemunho profético e gerador de esperança. Que Deus continue a abençoar-vos”, concluiu.
Francisco deixou o auditório e seguiu em veículo aberto para o estaleiro de Mahatazana, para presidir a um momento de oração com os trabalhadores.
Num clima de festa, com cânticos e gritos, o Papa foi recebido junto ao monumento ao Coração de Jesus, onde ouviu a saudação de uma operária, antes de recitar uma oração pelos trabalhadores.
Após a bênção e a música final, antes de subir ao papamóvel, Francisco cumprimentou três líderes muçulmanos, três trabalhadores e 20 benfeitores.
G.I./Ecclesia:OC