D. Manuel Linda questiona atuação das autoridades judiciais em relação ao suspeito de homicídio.
O bispo do Porto homenageou, na sua mais recente crónica semanal, o “martírio” da irmã Maria Antónia Guerra, membro da Congregação das Servas de Maria Ministras dos Enfermos, assassinada a 8 de setembro, em São João da Madeira.
“No mínimo, o martírio da ‘Irmã Tona’ tem muito de paralelo com tantas mulheres, de todas as idades, que, na defesa da sua honra e dignidade, acabaram por pagar com a vida a resistência ao agressor depravado. Muitas foram mesmo declaradas beatas e santas”, aponta D. Manuel Linda, num texto divulgado online pelo jornal diocesano ‘Voz Portucalense’.
O responsável lamenta o “bárbaro assassinato” da religiosa, de 61 anos
A Polícia Judiciária, através da Diretoria do Norte, identificou e deteve um homem pela prática do crime de homicídio qualificado, referindo em comunicado que “o detido, após ter conseguido atrair a vítima até ao interior da sua habitação, com o pretexto de lhe oferecer um café por esta o ter transportado na sua viatura até ali, referiu-lhe que com ela queria manter relações sexuais, o que foi recusado”.
“Seguidamente, perseguindo a sua intenção, o detido recorreu à força física aplicando à senhora, ao que tudo indica, um golpe de estrangulamento denominado mata-leão que terá sido a causa da morte”, explica a PJ.
O suspeito, de 44 anos, tem antecedentes criminais pela prática de crimes de tráfico de estupefacientes, violação e sequestro.
Segundo D. Manuel Linda, este caso obriga a uma “reflexão social”, considerando que o sistema judiciário “falhou redondamente”.
“Alguém tem de ser responsabilizado por isto. Se é pouco previsível que o sistema judicial seja ‘chamado à pedra’, pelo menos moralmente algumas pessoas hão de sentir-se culpadas pelo homicídio da religiosa”, escreve.
O bispo do Porto lamenta ainda a ausência de condenações públicas do assassinato, por parte de responsáveis políticos, “com honrosa exceção da Câmara Municipal de São João da Madeira”.
G.I./Ecclesia:OC