A propósito do tema pastoral sobre o Batismo, que relação entre Batismo e Catequese?
A CATEQUESE ANTES DO BATISMO
No caso da conversão dos jovens e adultos, verifica-se melhor o serviço que a catequese presta à iniciação cristã, a qual se realiza pelos sacramentos do Batismo, Confirmação e Eucaristia. Aí a catequese é um elemento da iniciação como caminho de fé, juntamente com a liturgia e a vida espiritual.
Trata-se do chamado catecumenado que, além de celebrações litúrgicas e do esforço de conversão, inclui catequeses essenciais à vida de fé. Além da descoberta do Deus amor, essas catequeses visam aspetos essenciais da vida cristã, como por exemplo o próprio significado do Batismo.
A CATEQUESE DEPOIS DO BATISMO
No caso das crianças que foram batizadas nos primeiros anos de vida, no pressuposto de que os pais as iriam educar na fé, a catequese assume o papel de ajudar a desenvolver uma fé já celebrada e que deve ser assumida, progressivamente, de acordo com o próprio crescimento.
A catequese dita da infância e adolescência há de ajudar, a posteriori, a aprofundar a fé já celebrada no Batismo, mas cuja iniciação cristã ainda falta completar com a 1ª Comunhão e com a Confirmação.
O caminho até à maturidade na fé, aberto e configurado pelo sacramento do Batismo, desenvolve-se por meio dos demais sacramentos da iniciação que dão sentido e estruturam todo o processo iniciatório. A catequese é um elemento constitutivo (e essencial) desse caminho, mas esta deve estar unida à liturgia.
A CATEQUESE COMO MISTAGOGIA
Assim como, no catecumenado, o tempo da mistagogia é o que se segue aos sacramentos (tempo pascal a seguir à celebração dos sacramentos na Vigília) e possibilita como que uma consciencialização de toda a riqueza da graça celebrada, também a catequese pós-batismal se poderá chamar, ainda que aproximativamente, mistagógica. Aí se explica o simbolismo dos ritos, as figuras bíblicas dos sacramentos e exorta-se a viver em Cristo.
Os chamados neófitos (assim se chamam os recém-batizados, “plantados” de novo) aprofundam os mistérios celebrados, consolidam a prática da vida cristã e exercitam-se nas responsabilidades da sua incorporação na comunidade. Na mistagogia, os iniciados, renovados no seu espírito, assimilam mais profundamente os mistérios da fé. Por tudo isto, é tão importante a participação no Domingo “como dia no qual se faz memória do Batismo e se nutre a fé com a Palavra de Deus e com a participação eucarística”.
A mistagogia baseia-se num caminho que passa do visível ao invisível, do sinal ao significado, dos ‘sacramentos’ aos ‘mistérios’. Deste modo, a nossa catequese não pode ignorar que se dirige a já batizados (salvo as devidas exceções) e que se destina a fortalecer o homem novo (que é Cristo) já edificado no coração dos catequizandos. (Tudo isto não impede, antes exige, que seja pensado com toda a seriedade pastoral o problema da conversão…).
G.I./J.B.: Padre Cardoso