D. Jorge Ortiga, delegado do episcopado português na COMECE, destaca importância do «green deal» para o futuro da União Europeia.
A Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia (COMECE) pediu à nova liderança comunitária uma transição “justa e inclusiva” para a ecologia “integral”, que proteja as pessoas e o ambiente.
Os bispos sublinham a necessidade dar “atenção especial aos mais vulneráveis, levando em consideração os recursos limitados do planeta e a necessidade de um uso circular de materiais”.
O tema esteve no centro da assembleia de outono do organismo católico, que decorreu em Bruxelas, com a presença de D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga e delegado da Conferência Episcopal Portuguesa na COMECE.
Os participantes debateram o chamado ‘Green Deal’ que a nova comissária europeia, Ursula von der Leyen, assumiu como prioridade, desejando que as propostas a apresentam visem “políticas ecológicas que promovam o desenvolvimento humano integral”.
“Sob o impulso da Carta Encíclica “Laudato Si”, do Papa Francisco, os bispos debateram como as políticas ecológicas da UE se podem centrar nas pessoas, famílias e comunidades, abordando os desafios mais cruciais em relação ao meio ambiente, aos mais vulneráveis, à demografia e ao desenvolvimento”, refere o comunicado final do encontro da COMECE, que decorreu entre 23 e 25 de outubro.
Em declarações à Agência ECCLESIA, D. Jorge Ortiga destacou a necessidade de centrar atenções na “emergência climática”, deixando votos de que todos os países da UE subscrevam o “Acordo Verde”, para “proporcionar as condições necessárias” para a vida das populações.
O debate contou com a participação de quatro organizações católicas empenhadas neste campo: o Movimento Católico Global pelo Clima, a Cáritas Europa, a Federação das Famílias Católicas (FAFCE) e a CIDSE – Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e Solidariedade.
De acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e à luz do Sínodo especial para a Amazónia, os bispos do COMECE instaram a UE a “tomar medidas ambiciosas para garantir a coerência nas suas políticas de comércio, desenvolvimento, clima e direitos humanos”.
Os representantes dos episcopados católicos da União Europeia destacaram a “importância de adotar legislação vinculativa e eficaz em matéria de direitos humanos para empresas transnacionais”, a fim de garantir o respeito pelas regras estabelecidas “em toda a cadeia de fornecimento, com os padrões legais, sociais e ambientais”.
Durante a assembleia, foram recordados os 39 imigrantes encontrados mortos num camião, nos arredores de Londres.
Para D. Jorge Ortiga é necessário “todo este grave problema”, ligado às migrações ilegais, considerando “incompreensível” que existam situações como esta na Europa.
O arcebispo de Braga destacou a “sintonia” da COMECE com o Papa Francisco na busca de “forma alternativas de uma presença da Igreja” nos setores das migrações e da ecologia.
Os trabalhos em Bruxelas abordaram ainda a elaboração de um documento sobre a queda do Muro do Berlim, 30 anos depois, como momento de “aproximação dos diversos países e de maior liberdade”.
A COMECE saudou ainda os sinais de aproximação as novas gerações e as instituições comunitárias, desejando “respostas para os problemas da juventude”, indicou D. Jorge Ortiga.
Segundo o responsável português, o Brexit é visto como “inevitável”, tendo a assembleia projetado a continuidade dos representantes das Conferências Episcopais da Escócia, Inglaterra e Gales, com um novo estatuto de observadores, na COMECE.
G.I./Ecclesia:LFS/OC