Henrique Joaquim apresenta 31.ª Festa de Natal da Comunidade Vida e Paz, em Lisboa.
O novo gestor nacional da estratégia de apoio às pessoas sem-abrigo, Henrique Joaquim, afirmou que o compromisso neste campo deve ser um “desígnio nacional”, destacando as mudanças em curso na sociedade.
“O primeiro trimestre de 2020 será crítico, para percebermos o que está a mudar e para nos ajustarmos rapidamente”, refere à Agência ECCLESIA, em entrevista que é emitida hoje na RTP2.
Henrique Joaquim, que atualmente preside à Comunidade Vida e Paz (CVP), associa-se ao presidente da República no objetivo de acabar com as situações de sem-abrigo até 2023, situação que pode fazer de Portugal um exemplo para o resto da Europa.
“Acredito que sim, se não for retirar todas as pessoas, penso que temos condições para minimizar muito significativamente este fenómeno. Estamos todos envolvidos”, precisa o responsável.
Segundo o entrevistado, há indícios de aumento do número de pessoas na rua, sendo necessários “dados mais concretos” que permitem conhecer melhor esta população, em todo o país.
“As respostas devem ser locais e, de preferência, o mais personalizadas possível”, face a um problema “complexo”, precisa.
O responsável da CVP sustenta que há recursos e condições para “encontrar respostas adequadas” para as pessoas sem-abrigo, alertando para um novo “ponto crítico”, o dos “problemas com a habitação”, campo em que se sente o “impacto” do crescimento do setor turístico e que exige “soluções alternativas”, face ao mercado.
A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, anunciou na última quarta-feira a criação de um gestor nacional da estratégia de apoio às pessoas sem-abrigo.
Henrique Joaquim entende que 2019 foi um ano de “viragem”, com um novo ciclo político, na Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas Sem-Abrigo (ENIPSA) 2017-2023.
“Temos de ir mais longe, para estar mais perto”, aponta, referindo que além da habitação, a prioridade é o campo da saúde.
Este não é um problema do Governo, não é um problema partidário, é um problema do país”
A Comunidade Vida e Paz vai dinamizar de 20 a 22 de dezembro a 31.ª Festa de Natal com as pessoas em situação de sem-abrigo, na Cantina da Cidade Universitária, em Lisboa.
Este é um momento em que se aproximam as pessoas dos serviços, para “ultrapassar todas as barreiras” e conquistar a confiança da população, indica Henrique Joaquim.
“A partir do momento em que nós conseguimos que eles vão à Festa, já é um sucesso”, sendo sempre tratados como “convidados”, acrescenta.
A CVP disponibiliza serviços ligados a necessidades básicas de higiene, de alimentação, de roupa, mas também serviços para o cartão de cidadão, saúde, emprego, além da área da espiritualidade.
Em 2017, com o contributo de mais de 1400 voluntários, esta iniciativa recebeu 1325 convidados a quem foram servidas 3130 refeições; A área da cidadania totalizou 334 atendimentos, sendo o serviço da Segurança Social o mais requisitado, em saúde registaram 658 atendimentos, e 71 pessoas recorreram aos técnicos da CVP a solicitar apoio.
A Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) tutelada pelo Patriarcado de Lisboa, que assume como missão “apoiar as pessoas sem-abrigo de Lisboa com o objetivo de as reabilitar e reinserir como cidadãos participativos na sociedade”.
G.I./Ecclesia:PR/OC