Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

1. O nosso coração guarda os bons propósitos e frutos decorrentes do ano missionário, que celebrámos em Portugal no ano passado, onde procurámos ser: ”Todos, tudo e sempre em missão”. Este desafio fez estremecer a nossa vida no contexto de uma pandemia que nos confinou e que trouxe novos desafios à missão.

Neste panorama eclesial a vocação de Isaías e as suas palavras fizeram com que o Papa Francisco nos convide a refletir sobre a resposta do profeta, quando se entrega ao serviço do Senhor dizendo: “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8).

É uma resposta sempre nova, à pergunta do Senhor: “Quem enviarei?” Jesus é o Missionário do Pai: a sua pessoa e a sua obra são inteiramente, obediência à vontade do Pai (cf. Jo 4,34). O Pai enviou o Seu Filho ao mundo, não para o condenar, mas para o salvar. A missão é sempre um projeto de salvação para toda a humanidade.

A missão é resposta, livre e consciente, à chamada de Deus. Mas esta chamada só a podemos sentir, quando vivemos uma relação pessoal e espiritual de amor com Jesus vivo na sua Igreja e com os mais desfavorecidos deste mundo em mudança.

 

2. Convido toda a Diocese de Viseu a sentir-se enviada em missão a cada ser humano fragilizado e doente que vive no meio de nós. O ano pastoral que vamos viver com os condicionalismos desta pandemia, possa ser para todos uma oportunidade para viver a fé batismal como discípulos missionários em caminho para a Eucaristia.

Esta disponibilidade interior é muito importante para conseguirmos responder a Deus: Eis-me aqui, Senhor, envia- -me (cf. Is 6,8).

Se cada cristão fosse capaz de pensar com seriedade na dimensão vocacional, de modo particular os que estão ao serviço da pastoral, nos mais diversos setores, conscientes de que são chamados à “conversão pastoral”, para a renovação comunitária e para anunciar a alegria do Evangelho.

 

3. “A alegria do Evangelho, que enche a vida da comunidade dos discípulos, é uma alegria missionária e eclesial. Experimentam-na os setenta e dois discípulos, que voltam da missão, cheios de alegria (cf. Lc 10,17). Vive-a Jesus, que exulta de alegria no Espírito Santo e louva o Pai, porque a sua revelação chega aos pobres e aos pequeninos (cf. Lc 10,21). Sentem-na, cheios de admiração, os primeiros que se convertem no Pentecostes, ao ouvir “cada um na sua própria língua” (At 2,6) a pregação dos Apóstolos. Esta alegria é um sinal de que o Evangelho foi anunciado e está a frutificar”. Hoje é preciso semear com alegria e esperança a Palavra de Deus em todos os lugares e como Jesus partir para outras aldeias (cf. EG 21). Jesus Cristo é na verdade, o Redentor do homem, o Missionário do Pai e a salvação que realiza o encontro com Ele, pela ação do Espírito Santo que nos consola e defende. O Espírito Santo é a alma e a força expressiva de toda a missão.

 

4. A missão da Igreja realiza-se através de múltiplas formas, mas a evangelização e a catequese têm no momento atual da história a responsabilidade de provocar o encontro pessoal com Jesus Cristo. Como batizados somos chamados a ser testemunhas alegres e felizes da Boa Nova de Jesus aos homens e mulheres do nosso tempo. A alegria que transparece nas pessoas que são atraídas por Cristo e pelo seu Espírito é o que pode tornar fecunda qualquer iniciativa pastoral e missionária.

A missão em tempo de pandemia reclama de cada um de nós gestos novos e sinceros de caridade, por isso o Papa Francisco fala do significado das palavras: “salvação, atração, perseverança, gratidão e gratuidade, humildade, facilitar, não complicar, aproximação à vida real, o “sensus fidei” do povo de Deus, a predileção pelos humildes e os pobres. “Todo o ardor missionário, se for guiado pelo Espírito Santo, mostra uma predileção pelos pobres e humildes como sinal e reflexo da preferência que o Senhor tem por eles”. Com este zelo o Senhor projeta-nos num futuro que não conhecemos, mas que a missão da Igreja nos confia para cuidarmos uns dos outros.

 

5. Em tempo de crise, provocado pela pandemia Covid-19, em todas as vertentes da vida humana e social, precisamos de um espírito crítico, novo e renovado para respondermos de forma atual e ajustada a todos os desafios que nos faz hoje a missão da Igreja. A pandemia colocou a descoberto as fragilidades da pessoa humana e a urgência da missão eclesial renovada, tornando-se mais compassiva, com uma nova dimensão social, com carinho, paciência, cuidado e proximidade junto dos doentes.

As obras missionárias sempre caminharam juntas em dois horizontes importantes: a oração e a caridade. Este caminho da missão da Igreja encontra no testemunho dos missionários uma verdadeira esperança pascal e um serviço às causas mais diversas de amor ao próximo.

Neste mês Missionário, com a oração fiel do Rosário coloquemos no coração da Mãe da Igreja as nossas preces. Rezemos pelo Papa Francisco, que no dia de São Francisco de Assis publicará a sua nova Encíclica sobre a “Fraternidade Humana”, para que o seu ensinamento seja para todos motivo de esperança fraterna e eclesial.

“A Santíssima Virgem Maria, Estrela da Evangelização e Consoladora dos Aflitos, discípula missionária do Seu Filho Jesus, continue a amparar-nos e a interceder por nós”.

 

† António Luciano

Bispo de Viseu

 

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