Os tempos que vivemos convidam-nos a cultivar um dinamismo de relação e de proximidade. A energia da fé e a força da solidariedade e da partilha são algo de indispensável no caminho de Advento como preparação para a o Natal.
A solidariedade e a partilha como valores cristãos são um grito profético diante da euforia do consumismo e das prendas, em oposição ao sentido do autêntico Natal de Jesus.
A pandemia obriga a celebrar o Natal cristão em família nuclear, sem esquecer a mais alargada, pois somos “todos irmãos” e devemos viver todos a amizade social na fraternidade, no amor e na paz (Fratelli Tutti).
A solidariedade e a partilha, palavras-chave da vivência do Advento, unem-se a verbos como: vigiar, esperar, acolher, conhecer, amar, servir, cuidar e dar. A pandemia conjuga com a espiritualidade do Advento a harmonia do canto que dá sentido à vida quotidiana: “Maranatha! Vinde, Senhor Jesus!”
A missão dos profetas tornou-se importante para ajudar a vida do povo de Israel a preparar a vinda do Senhor. Vigiar e esperar são uma atitude consciente de quem tem fé e vive ao ritmo da esperança a alegria do Salvador que vai chegar.
Em Maria, a disponibilidade e a solidariedade cruzam-se no caminho novo da graça, com a partilha exigente da sua missão de Mãe de Jesus, a Virgem Imaculada.
Durante este Advento, tomemos consciência do fenómeno da pobreza no mundo e como afeta o nosso país, a diocese, a cidade, as vilas e aldeias, as paróquias, as pessoas, os cristãos, as famílias e exponencialmente os mais pobres e vulneráveis.
Este é um tempo privilegiado de campanhas na luta contra a pobreza e a fome. Criemos uma cultura de solidariedade e de partilha, para que neste Natal os pobres tenham o pão em abundância na sua mesa.
O Advento convida ao voluntariado para partilhar os bens essenciais com Instituições de Solidariedade Social: creches, jardins de infância, escolas, centros de dia, lares, instituições de solidariedade, Cáritas, estabelecimentos prisionais e outros.
Como Cristo, o Bom Samaritano, cuidemos das feridas de todos, dos que caíram nas franjas da pobreza e da doença, acolhamos os sem abrigo, os indigentes, os marginalizados, os reclusos, os abandonados, os refugiados e os emigrantes. Partilhemos a vida, o pão, a esperança e as razões de viver com todos.
Colaboremos na campanha da Cáritas Nacional e Diocesana “10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz” e noutras, fazendo nascer a luz de Belém no coração de todos os homens. A Igreja precisa do pão da nossa solidariedade, da partilha da nossa oferta generosa, para realizar a sua missão de ser sinal no mundo.
Como Santo Agostinho, aprendamos a dar o primeiro lugar aos pobres, cuidando deles, oferecendo-lhe o pão com amor, como Jesus se ofereceu à humanidade na noite santíssima de Belém. Coloquemos a Coroa de Advento no centro da nossa casa, como acolhimento da luz do Natal, acendendo uma vela em cada domingo. Sejamos construtores do presépio com Jesus, Maria e José. Que não faltem os anjos, os pastores e os reis magos.
Viver o Advento em esperança e oração, para depois celebrarmos o Natal verdadeiramente cristão.
† António Luciano,
Bispo de Viseu