Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Caríssimos irmãos e irmãs. Vós mais pequeninos e pequeninas, caros jovens.

Acabámos de ouvir o solene anúncio de todo o mistério da vida da Igreja, centrada em Jesus Cristo e no seu Mistério Pascal.

Celebramos a grande festa do encontro de Deus com os homens e dos homens com Deus. A Epifania é a festa da manifestação de Jesus aos gentios, aos reis que guiados pela Estrela vieram do Oriente à procura do Senhor.

Uma palavra de muita estima e amizade às crianças, aos adolescentes e aos jovens neste dia dedicado também à Infância Missionária. Muitas crianças ainda não conhecem Jesus, não frequentam a catequese e ainda não receberam o sacramento do Batismo.

Deus revelou-se aos Magos do Oriente, a quem a Igreja na tradição deu o nome de Baltazar, Gaspar e Belchior. Eles são o sinal e o testemunho de que Deus se quer revelar através de Jesus, a Estrela, que brilhou e iluminou os gentios, sinal da universalidade da revelação de Deus às pessoas o mundo inteiro.

Na contemplação e no silêncio ativo, devemos saber ler os sinais da nossa vida. Este momento é importante para escutar e prestar atenção àquilo que Deus nos revela na sua Estrela, para que brilhe na nossa vida e na nossa mente para ouvir melhor a Palavra de Deus, acolhendo e contemplando a Estrela que nos revelou Jesus.

Disto dá-nos notícia Isaías na primeira leitura. “Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor” (Is 60, 1-6).

Deus convida-nos, de novo, a ir a Belém e aí como os Magos encontrarmos o Senhor, para O adorarmos e para Lhe oferecer a nossa vida e os nossos presentes.

Nós também hoje temos necessidade de encontrar a luz para iluminar a nossa vida, de encontrar Jesus no meio das dificuldades provocadas pela globalização, pela pandemia, junto dos idosos, doentes, infetados, cuidadores, famílias, crianças, jovens, evangelizadores, e discípulos missionários iluminados. Precisamos de cuidadores da pessoa humana com alma e compaixão.

O cristão precisa de encontrar Jesus na Palavra, na Eucaristia, nos Sacramentos, na caridade, na compaixão, no cuidado de todos e especialmente dos pobres, dos frágeis e vulneráveis à maneira de Jesus.

Quando fizermos isto estamos a adorar o Senhor, como fizeram os Magos, e depois a cuidar com disponibilidade e alegria do nosso próximo. Quando adoramos Jesus, o Senhor abençoa-nos e faz-nos diferentes, pessoas novas e mais felizes.

“Abençoar é uma ação divina que dá vida e de que o Pai é a fonte. A sua bênção é, ao mesmo tempo palavra e dom (“bene-dictio”, “eu-logia”). Aplicada ao homem, tal palavra significará a adoração e a entrega ao seu Criador, na ação de graças” (CIC 1078).

Os magos, ao adorarem o Senhor, louvaram a Deus, mas receberam muito mais do que aquilo que ofereceram. Receberam o dom da salvação eterna. Os Magos são o sinal do homem em busca e em diálogo, que nós devemos ser na procura de Deus e do seu mistério que se revela aos simples e ilumina no dia a dia, cultivando a escuta, o diálogo, a solidariedade, a partilha com generosidade.

Deus comunica-se a quem o procura e escuta no amor, na disponibilidade, na fraternidade, na proximidade, no cuidado, e no serviço de anunciar a luz, que simboliza a Estrela de Belém.

A luz de Deus desceu do céu e vem iluminar a nossa vida, a nossa terra, a humanidade mergulhada nas densas trevas causadas pela pandemia de Covid-19 e as suas graves consequências humanas, sanitárias, económicas e sociais. O Senhor cuida de nós e do mundo que criou: “Mas sobre ti levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. As nações caminharam à tua luz…” (Is 60 1-6). O Senhor vem reunir o seu povo e chama os filhos e filhas que andam longe. “os teus filhos vão chegar de longe”, diz o profeta Isaías. “As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora”(…). Quando o acolheres, porque Ele vem ao teu encontro Ele se manifestará e “quando o vires ficarás radiante e dilatar-se-á o teu coração”. Virão ao teu encontro com as suas riquezas… “Virão todos de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamaram as glórias do Senhor”.

“Virão adorar-Vos, Senhor, todos os povos da terra”.

O salmo é um convite universal para acolhermos e comtemplarmos o dom da salvação.

A adoração é o grande dom que, como cristãos, devemos alcançar na nossa vida de oração, na relação que formos capazes de criar com Deus.

Paulo fala da graça que Deus lhe confiou de anunciar gratuitamente o Evangelho de Jesus Cristo, por graça do Espírito Santo. Assume a sua vocação de evangelizador e missionário: “Ai de mim se não anunciar o Evangelho”. Paulo é um instrumento da revelação divina: “foi me dado a conhecer o mistério de Cristo” e a responsabilidade de o anunciar aos gentios. A obra da evangelização e da missão da Boa nova de Jesus é, no momento atual que a Igreja vive e o mundo atravessa, um imperativo de exigência de compromisso  de cuidado. Ao cuidarmos das pessoas e das suas necessidades somos chamados a anunciar-lhe a alegria salvífica do Evangelho.

“Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente” (…) Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O” (Mt 2,1-12).

Onde está – perguntaram eles – a pergunta de sempre. Onde está Jesus?

O Rei Herodes ficou perturbado… não sabia de nada…perguntou aos sábios e conselheiros onde devia nascer o Salvador. A resposta vem célere. “Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo profeta: “Tu, Belém, terra de Judá de ti sairá um chefe, o Pastor de Israel meu povo. Será o Messias esperado pelas nações.

Os Magos guiados pela estrela, pela luz de Deus chegam a Belém. “ao ver a Estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria sua Mãe, e prostrando -se diante d`Ele adoraram-n`O.

Depois, abrindo os seus tesouros ofereceram-Lhe presentes: ouro incenso e mirra.

O Ouro: símbolo da realeza de Cristo

O Incenso: símbolo da divindade de Jesus

A Mirra:  Símbolo da natureza humana que Jesus assumiu ao entrar na humanidade

E avisados em sonhos, não voltaram à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho” (Mt 2, 11-12).

Os Magos ensinam-nos a ajoelhar diante do Menino Jesus, o Deus, o Deus que está no meio de nós.

Ofereceram-lhe as suas vidas, os seus presentes, adorá-l’O e depois levá-l’O connosco na nossa vida para as nossas casas.

Não podemos viver sem acolhimento, sem escuta, sem hospitalidade, sem partilhar, sem criar relações fraternas, sem cuidar do outro num mundo sem fronteiras. O Natal e um Novo Ano feliz é uma manifestação do amor de Deus para a universalidade dos povos, mas também o meu amor e a minha alegria e esperança para com todos.

 

Celebramos hoje o Dia da Infância Missionária.

Demos Jesus às crianças e ajudemo-las pela catequese a fazer o verdadeiro encontro com Jesus.

– Acolhendo a sua Estrela na fé

– Escutando a sua Palavra com alegria

– Manifestando a luz de Deus evangelizando

– Adorando o senhor com um só coração e uma só alma, em todo o tempo e lugar.

– Que a Estrela que é Cristo nos guie sempre ao longo da nossa vida.

Tantas crianças no mundo que não conhecem Jesus nem são batizadas, por isso são um desafio para a missão da Igreja, a evangelização e a catequese.

Os desafios da nova Evangelização são para todos os batizados. Todos somos chamados a anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, como luz ao mundo de hoje. Renovemos hoje o nosso compromisso de evangelizadores da família.

O compromisso diante de Deus para levarmos Jesus ao coração dos nossos irmãos para que estes também encontrem Jesus. Caminhemos com Jesus por outro caminho defendendo e promovendo a saúde de todos e defendendo a dignidade da pessoa humana. Todos juntos para defender a vida e condenar todos tipos de marginalização e pobreza, iluminados pela luz da vida condenemos a tortura, a pena de morte, o aborto e a eutanásia.

Precisamos de muitos cuidadores à maneira de Jesus que servem a vida humana e defendem os pobres, os doentes, as crianças, os jovens, os doentes, os reclusos, os marginalizados, os refugiados, os estrangeiros, os imigrantes, as vítimas do Covid-19, os frágeis e os vulneráveis.

Precisamos de “Pensar e gerar um mundo aberto” (FT cap. III): “O ser humano está feito de tal maneira que não se realiza, não se desenvolve, nem pode encontrar a sua plenitude “a não ser no sincero dom de si mesmo” aos outros” (FT 87).

Ele veio para todos os homens é o Salvador para todos. Por isso, devemos tudo fazer para ver Jesus:

Procurar, encontrar, interrogar, partir e anunciar, eis a nossa vocação e missão de cristãos. Ámen.

 

† António Luciano dos Santos Costa,
Bispo de Viseu
CategoryBispo, Diocese

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