Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

 

  1. A Palavra de Deus é luz nos meus caminhos, conduz os meus passos, a minha vida e gera interioridade espiritual na comunhão, na unidade e na fraternidade social.

Estamos a viver a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Um tempo forte, privilegiado, atual, pertinente e importante para a vida da Igreja Católica na relação sua com as outras Igrejas que acreditam em Cristo. A evolução positiva que teve o movimento ecuménico durante o século XX, com o impulso do Concílio Vaticano II e no Magistério de São Paulo VI, visualizado no encontro com o Patriarca Atenágoras, um dos representantes da Igreja Ortodoxa. Com São João Paulo II que deu passos gigantes de proximidade, de encontro, de diálogo, de tolerância e de promoção do diálogo inter-religioso com a diversidade de movimentos religiosos existentes e que nasceram no nosso tempo.

O Papa Emérito Bento VI e o Papa Francisco na atualidade, continuam a dar passos importantes no serviço ecuménico da Igreja, basta ter presente o conteúdo, os desafios e o testemunho da nova Encíclica “Fratelli Tutti”.

  1. A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos é uma graça para o crescimento da fé e do mandamento novo do amor. Celebra-se de dia 18 a 25 de janeiro, terminando com a festa litúrgica da conversão do apóstolo São Paulo. É uma semana excelente, cheia de oportunidades e com um tema comum para os cristãos refletirem e rezarem pelos bons frutos do movimento ecuménico e pelos desafios que traz para a vida da Igreja e da humanidade.

Marcado por diferenças, mas também por pontos comuns, como a fé que nos leva a acolher a riqueza da Palavra de Deus, a prática da caridade e vivência de um diálogo tolerante, oferece-nos este ano o seguinte tema para reflexão: “Permanecei no meu amor e produzireis muitos frutos” (cf. Jo 15,5-9).

Uma frase muito bonita do Evangelho de São João, que nos faz o desafio a viver uma vida de amor e de comunhão com Deus, seguindo Jesus Cristo como único mestre e depois viver a vida de fé de forma autêntica para produzirmos no mundo de hoje os frutos verdadeiros da caridade tão necessários para a renovação da Igreja e transformação do mundo. Esta frase no contexto da alegoria da videira, leva-nos a meditar nas palavras de Jesus. “Eu sou a videira e o meu Pai é o vinhateiro” (Jo,15,1. Na imagem da videira, os ramos unidos à cepa são a imagem daquilo que nos cristãos. Permanecermos unidos a Cristo e estarmos todos unidos como irmãos, filhos do mesmo Pai.

Permanecer no Senhor é um convite que Jesus nos faz diariamente. Não podemos ficar indiferentes, o convite é feito no amor e a partir do amor, para a realização no amor infinito de Deus, que nos leva a sentir o desejo e a alegria de beber da fonte da água viva, que é o próprio Cristo.

O primeiro fruto a colher e a saborear é o alimento da Palavra do Senhor, pois as suas palavras “são espírito e vida” e é preciso anunciá-las com alegria aos nossos irmãos. Anunciar a Palavra de Deus e permanecer no amor de Jesus é um apelo e um desafio que é feito a todos os batizados. Todos os que desejam ser verdadeiros discípulos missionários na Igreja, têm que construir a unidade na comunhão, na diversidade e na amabilidade.

  1. Ao vivermos mais uma vez o Domingo da Palavra de Deus, que o Papa Francisco quis que fosse celebrado todos os anos no Domingo III do Tempo Comum, é recordado a todos, Pastores e fiéis, a importância e o valor da Sagrada Escritura para a vida cristã, bem como a relação entre Palavra de Deus e liturgia: “Como cristãos, somos um só povo que caminha na história, fortalecido pela presença no meio de nós do Senhor que nos fala e alimenta. O dia dedicado à Bíblia pretende ser, não “uma vez no ano”, mas uma vez por todo o ano, porque temos urgente necessidade de nos tornar familiares e íntimos da Sagrada Escritura e do Ressuscitado, que não cessa de partir a Palavra e o Pão na comunidade dos crentes” (Nota da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, sobre o Domingo da Palavra).

Diante deste desafio que nos é feito pelo Pastor Universal da Igreja, todos os batizados, pastores, consagrados e leigos devemos dar mais tempo na nossa vida à escuta, estudo e meditação da Sagrada Escritura, para que conhecendo cada vez mais e melhor a Palavra de Deus, como Maria, a guardemos no nosso coração para depois a colocar em prática no testemunho da nossa vida.

Faço um apelo a todas as comunidades da Diocese de Viseu para que coloquem num altar com destaque a Palavra de Deus e celebrem este Domingo em ambiente de festa, porque a Palavra de Deus é mais doce que o mel e é também a luz que ilumina a nossa vida. Façamos da Bíblia o livro vivo que traz a cada um de nós a vida de Deus em abundância.

Que em todos os setores da Pastoral demos prioridade ao estudo da Palavra de Deus através das mais diversas formas (leitura, estudo, meditação, lectio divina, cursos bíblicos e outros) que coloquem a Palavra de Deus no centro da nossa vida cristã e da vida da Igreja. Que a Palavra de Deus e a Eucaristia sejam a força para recebermos os outros Sacramentos e a beleza do testemunho e da grandeza da nossa fé, numa Igreja que se quer cada vez mais iluminada pelo Espírito Santo, alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia e vivendo a caridade num espírito de serviço, cuidando de todos e produzindo muitos frutos.

  1. Levemos às famílias a Palavra de Deus e que elas falem da Palavra de Deus aos seus filhos. Ajudemos os catequistas a levarem aos corações das crianças, dos adolescentes e dos jovens a riqueza da Palavra de Deus, para que imitando Jesus, cresçam todos cada vez mais “em sabedoria estatura e graça”. Tornemo-nos estudiosos assíduos da Bíblia, para que connosco não aconteça o que dizia São Jerónimo: “Quem ignora a Sagrada Escritura, ignora o próprio Cristo”.

Que a Bem-Aventurada Virgem Maria, que “acolheu a Palavra de Deus no seu coração e a pôs em prática”, nos ajude e nos ensine com o seu exemplo, como Mulher da Palavra, “Catecismo Vivo da Igreja” (São Paulo VI), a vivermos o desafio de sermos verdadeiros evangelizadores como São Paulo: “Ai de mim, se não Evangelizar!”

Anunciemos como cristãos o Evangelho, como Boa Nova da Salvação e com alegria da nossa fé levemos ao nosso mundo a beleza e a graça que nos vem através da Palavra de Deus.

 

† António Luciano,
Bispo de Viseu
CategoryBispo, Diocese

© 2016 Diocese de Viseu. Todos os direitos reservados.
Desenvolvimento: scpdpi.com

Siga-nos: