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Observatório Pastoral

 

Por ocasião do 150º aniversário da declaração de São José como padroeiro universal da Igreja, o Papa Francisco dedicou-lhe este ano. No dia 8 de dezembro de 1870, com o decreto «Quemadmodum Deus», o Papa Pio IX confia a Igreja à proteção deste santo e proclama-o «Patrono da Igreja Universal». Nestes 150 anos, outros Papas fizeram o mesmo, renovando a devoção naquele a quem Deus entregou a guarda dos “seus bens mais preciosos”: Jesus e Maria.

Com a Carta Apostólica “Pater cordis”, o Papa volta a enfatizar o exercício da paternidade. A Carta é uma ocasião para olhar para aquele que os Evangelhos descrevem como pai adotivo de Jesus, que lhe deu o nome, o amou, educou e protegeu. Ele é homem, pai, trabalhador e crente.

Na verdade, não sabemos muito sobre a sua vida. Na Bíblia, é descrito como o “esposo de Maria”, um “carpinteiro” e um “homem justo”. A idade e as circunstâncias da sua morte são pouco claras. No imaginário comum, e na maioria das representações, surge como um homem maduro e de barbas brancas. Seria mesmo assim?  Uma certa tradição diz que já tinha idade avançada quando se casou com Maria, que seria viúvo e teria filhos. Essa tradição remonta ao protoevangelho de Tiago e a outros relatos apócrifos. Alguns Padres da Igreja, a partir do século IV, seguiram esta opinião, embora sem fundamentos Bíblicos. Essa tradição talvez tenha nascido para proteger a virgindade de Maria ou para justificar que no Evangelho se fale de irmãos de Jesus, quando a explicação para isso é diferente e bem mais simples. Hoje, muitos estudiosos e comentadores bíblicos, defendem que São José era um homem muito jovem. Poderia dar também o exemplo de muitas figuras relevantes da Igreja e alguns santos que descrevem São José como um jovem. Cito apenas o que diz o venerável Fulton Sheen no seu livro The World’s First Love: Mary, Mother of God: «José, provavelmente, era um homem jovem, forte, viril, atlético, bonito, casto e disciplinado, o tipo de homem que se vê a trabalhar num banco de carpinteiros». É fácil concordar com esta opinião, tendo em conta as longas viagens que a Sagrada Família realizou. É difícil imaginar um José de idade avançada a cuidar de Maria e Jesus, enquanto caminhavam quilómetros, ao ir e voltar do Egito e a ir todos os anos a Jerusalém. Este artigo não é um estudo sobre a idade de São José. Não há na Igreja nenhum ensinamento formal ou oficial sobre a sua idade, mas vejo-o como um jovem. E falo disto por considerar que é um bom modelo para os jovens, para muitos com quem trabalho. Vejo em São José este jovem corajoso, que tem a força de assumir um compromisso com Maria num tempo difícil; um jovem justo que vai contra um certo sistema legalista do seu tempo e que, perante o mistério, não quer difamar Maria. Um jovem capaz de escutar Deus, que arrisca, que renuncia aos seus projetos para aceitar o projeto de Deus. Deus quis que o Seu Filho nascesse e vivesse numa família e São José é o jovem pai de família que, em tempos tão difíceis, acolhe e realiza a vontade de Deus.

 

Frei José Carlos C. Matias
CategoryDiocese, Pastoral

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