Mandai Senhor, o vosso Espírito e renovai a face da terra. Aleluia!
Vinde, Espírito Santo enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor, enviai Senhor o vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra.
O Espírito do Senhor encheu a terra inteira. Aleluia! É esta a certeza que anima a nossa vida de fé, de esperança e de caridade. A fé da Igreja espalhada pelo mundo inteiro na sua missão de evangelizar, santificar e servir cresce pela ação do Espírito divino. O dom do Espírito Santo que anima a vida da Igreja e de todos os batizados convida-nos à fidelidade d e uma vida espiritual abundante, que Ele nos oferece com os seus dons.
A Solenidade de Pentecostes, cinquenta dias depois da Páscoa é a celebração festiva, que introduz a nossa vida no mistério da Santíssima Trindade, o Deus de amor, uno e trino: Pai, Filho e Espírito Santo. A habitação da Trindade divina na alma é um mistério insondável de amor, da graça do Espírito Santo derramado no nosso coração.
O livro dos Atos dos Apóstolos diz, que chegou o dia de Pentecostes, “todos ficaram cheios do Espírito Santo” (At 2,1-11). Este mistério de vida desdobra-se em acolhimento e docilidade na descida do Espírito Santo sobre Maria e os Apóstolos em forma de línguas de fogo.
Maria estava reunida com os Apóstolos em oração no Cenáculo a implorar a vinda do Espírito Santo, que desceu sobre cada um deles. Em Maria, com Maria e na presença de Maria, todos somos convidados a pedir e a receber os dons do Espírito Santo.
A Solenidade de Pentecostes é conhecida pelos cristãos, como a festa do Divino Espírito Santo, o Senhor que dá a Vida, a terceira Pessoa da Santíssima Trindade.
Esta liturgia convida-nos a viver a vida nova, com um coração renovado pela fé, pela oração e caridade. “Vinde, Espírito Santo e renovai a face da terra”. Jesus pede ao Pai, que derrame sobre cada um de nós, o “Espírito Santo prometido, o Espírito Consolador, o Paráclito”, que nos oferece a vida em plenitude, fonte de verdade que nos recordará tudo o que Jesus nos ensinou. “Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos conduzirá à verdade plena…” (Jo 16,12-14).
São Paulo na sua pregação aos Coríntios lembra-nos: “Ninguém pode dizer, “Jesus é o Senhor”, a não ser pela ação do Espírito Santo” (1Cor, 12, 3b). O Espírito Santo vem em auxílio da nossa fraqueza, porque não sabemos o que pedir nas nossas orações; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis (cf. Rm 8,22-27).
Caros jovens recebei o Espírito Santo, que Jesus prometeu e desceu sobre Maria e os Apóstolos reunidos no Cenáculo. Ele veio, vem e virá em todos os tempos da história renovar a Igreja e a vida dos cristãos, dos batizados e trazer-nos a vida divina. “Quando vier o Paráclito, que Eu vos enviarei de junto do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai, Ele dará testemunho de Mim. Vós também dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio.” Eis o desafio que hoje vos faço, a vós que ides receber o Sacramento do Crisma.
O Espírito Santo de fortaleza, de glorificação e de paz, quer descer hoje sobre cada um de nós, sobre a Igreja e de modo particular sobre vós jovens e adultos que ides receber o Espírito Santo de modo solene, no Sacramento do Crisma. “O Espírito da verdade, vos conduzirá à verdade plena” e derramará sobre nós os dons de sabedoria, de inteligência, de conselho, de fortaleza, de ciência, de piedade e de temor de Deus. Os dons são nos dados para produzirmos frutos novos de vida em comunhão com Deus.
O Espírito Santo é o cuidador divino da nossa vida interior, o mestre que nos ensina, nos envolve na brisa suave do amor, nos unge com o óleo da alegria e da esperança, nos envolve no silêncio fecundo da intimidade com Deus, cuida da nossa vida humana e espiritual e orienta a nossa caminhada de santidade em espírito de fé, com fortaleza e zelo apostólico para servir os irmãos. A graça do Espírito Santo transforma a vida humana e cristã a partir de um coração renovado e comprometido com o projeto de Jesus Cristo através da transfiguração da nossa alma no mistério da graça e faz do povo santo dos batizados, a Igreja animada pelo Espírito que anima com a sua vida e missão o mundo.
Em tempos difíceis como aqueles que vivemos, com tantos conflitos, mortes e guerras, aumento de refugiados e emigrantes clandestinos, injustiças sociais, querer na Europa e no mundo, temos que pedir ao Espírito Santo que nos dê a graça de promover a dignidade, o respeito e defesa da vida humana nas mais diversas situações de fragilidade, atrocidade ou conflitos da humanidade.
O Espírito de consolação e de paz derrame sobre todos nós o óleo da alegria e da esperança pascal num futuro melhor. O Espírito reza em nós com gemidos inefáveis, chama-nos a ser atletas espirituais, a ganhar o prémio da bem-aventurança eterna, a atingir a meta interior da salvação pela riqueza da fé, da esperança, da caridade, da oração, da vigilância, e da perseverança na vida nova do Espírito.
Todos os minutos da nossa vida são importantes e preciosos diante de Deus, por isso Jesus quer que todos os seus servos se encontrem vigilantes e recebam o Espírito Santo para testemunhar a sua vocação e missão. Ele chamou os discípulos a viverem uma vida de sobriedade, porque Ele virá um dia numa hora em que não é esperado. Felizes os servos que o Senhor encontrar vigilantes quando regressar das suas núpcias.
O tempo de pandemia em que vivemos torna-se propício e favorável para invocar a vinda do Espírito Santo. “Se alguém tem sede, venha a mim e beba” (Jo 7,37). Ao olhar para o nosso mundo tão desigual e cheio de tantos conflitos e dificuldades temos que pedir ao Senhor que cumpra a Sua Palavra de estar sempre connosco.
Desde o princípio a Igreja enfrentou sempre dificuldades provocadas pelo ambiente cultural exterior hostil, por tensões internas, por abertura ao mundo pagão, secularizado, descristianizado, por ultrapassar obstáculos e provações que são da Igreja primitiva como verificamos no livro dos Atos dos Apóstolos, dificuldades próprias do nosso tempo por falta de amor, de fraternidade e de solidariedade para com todos. As consequências de tão grave pandemia levam-nos a procurar onde encontrar forças para ultrapassar as dificuldades do tempo presente, para levar por diante a obra de Jesus?
Precisamos de ser uma Igreja viva, animada pelo Espírito Santo para vencer o medo, o vazio, o cansaço e o desencanto que parece dominar a cultura do nosso tempo, que mergulhou no caos da indiferença, da pobreza, de uma pandemia sanitária, económica e de valores, agravada com as alterações climáticas que afetam o nosso planeta.
É preciso criar um mundo novo, um mundo purificado pelo Espírito Santo capaz de estimular as pessoas para a conversão e mudança interior. Só o Espírito é o verdadeiro mestre interior que destrói os nossos medos, os nossos pecados, as nossas desilusões e só Ele pode ajudar a superar o ambiente de desilusão e de resignação em que mergulhámos. Só Ele é capaz de dar uma energia nova a cada um, pois Ele é a “alma da Igreja” que se deixa conduzir por Aquele que renova todas as coisas.
Invoco convosco os dons do Espírito, para nos entusiarmos e encorajarmos a receber a força que vem do alto, para rezar mais e melhor e para curar os enfermos. A ausência do Espírito Santo leva-nos a um tempo de aridez espiritual deixando o nosso coração ressequido e sem vontade de lutar e de caminhar rumo às JMJ 2023.
Não sabemos as razões da aridez espiritual, podem ser nossas, por enfraquecimento da vida interior, ou da parte de Deus, estas sempre um tempo de consolação e desolação. No itinerário da educação cristã receber o sacramento do Crisma não é o fim de uma caminhada, mas uma etapa que nos liga mais à Igreja para produzirmos na comunidade os frutos do Espírito Santo: paz, alegria, amabilidade, caridade, justiça, confiança, testemunho, etc.
Nesta experiência tem um papel importante a ascese espiritual na luta contra o desanimo pela perseverança da oração e da confiança. Perseverança é caminhar sempre em frente, perseverar em tempos difíceis é uma graça do Espírito Santo.
A oração precisa de um tempo próprio para curar a preguiça espiritual, a falta de vigilância e de fé. Devemos rezar com humildade e confiança. Pela vigilância devemos procurar a atenção e a concentração no mistério e na vida de Deus que nos é oferecida pela graça do Espírito Santo.
A distração, a aridez, a preguiça espiritual, a perda de gosto pelas atividades pastorais, pela Igreja pode ser sinal de que nos falta a intimidade com o Divino Espírito Santo.
Todos nós recebemos o Espírito Santo, a força que anima, o alimento que dá vida, que nos aconselha e fortalece e nos enche com os seus dons. Este é o Espírito que recebemos todos no Batismo, que nos transforma e faz sair para a rua e dar testemunho de Cristo Ressuscitado.
Deixemo-nos conduzir pelo Espírito, que nos dá a vida nova de Jesus o Ressuscitado, o Homem novo. Como descobrir o Espírito Santo presente na Igreja do século XXI?
Que o Espírito Santo seja sempre a bússola a conduzir a nossa vida de batizados comprometidos na Igreja, verdadeiros discípulos missionários. Jovens deixai-vos conduzir sempre pelas luzes do Espírito Santo e pelo coração Materno de Maria.
Aprendamos a viver a vida segundo o Espírito Santo, ao estilo de Jesus Crucificado, Ressuscitado. É o Espírito que cria a unidade e a comunhão na diversidade de dons (Partos, Medos Elamitas…). Todos ouviram proclamar as maravilhas de Deus na sua própria língua, sendo desafiados todos em ordem à construção do bem comum e a buscar os dons da salvação. Que o Espírito Santo nos ensine e ajude a cuidar da Casa Comum.
Celebramos o Dia do Apostolado dos Leigos e o peditório de hoje é para o Apostolado dos Leigos destinado a ajudar todos os movimentos e obras de apostolado na Igreja onde os leigos no meio do mundo procuram realizar a sua vocação e missão na Igreja ao serviço do mundo.
Imitemos a Bem-Aventurada Virgem Maria, Nossa Senhora do Cenáculo, a Mãe do Divino Amor no seu Sim, na oração e no acolhimento da Palavra de Deus. Imploremos o Espírito de diálogo, de consolação, de partilha das dores, dos sofrimentos e das alegrias que toda a humanidade precisa. Mandai, Senhor o vosso Espírito e renovai a face da terra. Ámen!