Observatório Pastoral
Diariamente sou confrontada com notícias e estudos que põem em evidência o impacto que esta pandemia tem nos jovens. A saúde mental, o desenvolvimento socioemocional dos nossos adolescentes, os perigos de um isolamento que aprisiona os jovens a uma realidade virtual são algumas das preocupações que os pais, os professores e os próprios jovens trazem consigo quando me chegam à consulta! É com os jovens que todos os dias entendo o que leio… é nos seus olhos que vejo tantas vezes o medo de uma juventude subtraída por uma pandemia que chegou sem pedir licença. Mas é também neles que vejo a esperança de um novo amanhã: podem confiscar-lhes os sonhos, mas não lhes roubam a vontade! Suspendem-lhes os projetos, mas não lhes levam a coragem!
Assim são os jovens, sedentos de vida, que renovam a luz de tempos sombrios! O Papa Francisco, na Exortação Apostólica Christus Vivit reconhece-lhes o vigor que a Igreja precisa para sair da inércia. São o “Agora de Deus”, “uma promessa de vida que tem incorporado um certo grau de tenacidade (CV,139)”. E é esta ousadia que lhes é caraterística que os torna capazes de serem missão neste mundo.
Os jovens são missionários por natureza, que querem partilhar os seus ideais, os seus dons, a sua alegria. E por isso, os jovens são um tesouro escondido nas paróquias e nas dioceses para que se cumpra a grande missão evangelizadora da Igreja. Muitos são os exemplos de jovens militantes da caridade e voluntários que se solidarizam contra os males de um mundo em ruínas. Nas escolas, nas universidades, no trabalho, nas famílias, nas paróquias, os jovens arregaçam as mangas e aderem às mais diversas iniciativas missionárias. O Papa Francisco exorta em Evangelii Gaudium “como é bom que os jovens sejam «caminheiros da fé», felizes por levarem Jesus Cristo a cada esquina, a cada praça, a cada canto da terra! (EG, 106).
Mas se queremos que os jovens descubram a “gramática da bondade” (Tolentino Mendonça, 2017) há que apostar numa pastoral juvenil que ouça as preocupações, necessidades e anseios dos nossos jovens. Os jovens precisam de dioceses que os ouçam com paciência, que aceitem as suas reivindicações e que lhes falem numa linguagem que lhes é familiar. “Além disso, qualquer plano de pastoral juvenil deve conter claramente meios e recursos variados para ajudarem os jovens a crescer na fraternidade, viver como irmãos, auxiliar-se mutuamente, criar comunidade, servir os outros, aproximar-se dos pobres.” (CV, 215) Neste sentido, as paróquias devem oferecer propostas concretas e operacionalizadas de vivência da missão, aos jovens das suas comunidades. Oportunidades de formação, de aprofundamento de fé e de serviço são impreteríveis, de forma a validar os desejos e os sonhos de uma juventude que se quer entregue a uma cultura de caridade.