O lema da minha ordenação foi uma frase de São Paulo aos Coríntios: “darei o que é meu e dar-me-ei a mim mesmo pela vossa salvação” (2 Cor. 12,15).
E hoje leio-o da mesma forma como quando o escolhi. A sacerdote deve ser aquele que, a exemplo do mestre, está disposto a fazer da sua vida uma entrega e doação. Com a consciência das minha limitações e fraquezas, que, no dia a dia, me deixam muito longe da concretização plena desse lema.
Nestes 25 anos de sacerdócio, a forma como vejo a Igreja é a de mãe, embora nem sempre com a capacidade de se manifestar dessa forma, em grande parte, devido àqueles que são o seu rosto mais visível. Contudo, para que Ela seja verdadeiramente mãe, eu, filho, devo-a reconhecer como tal, o que também nem sempre acontece.
Hoje, sentir-se chamado é continuar a deixar-se tocar pelo Mestre. O chamamento não acontece uma vez na nossa vida, como algo que aconteceu e ficou lá atrás no passado. Ele chama continuamente, para que, em cada dia que passa, a nossa identificação com Jesus Cristo, aquele que é o Bom Pastor, possa ser cada vez mais uma realidade.
Um episódio que me marcou, nestes anos, foi… Não recordo um episódio específico. Nestes, anos o que mais me marcou foi a fé das pessoas, sobretudo daquelas que acreditam por convicção, e a sua disponibilidade para a missão, apesar de todos os seus afazeres familiares e profissionais. Foi essa fé e essa disponibilidade de muitos cristãos, que muitas vezes me deu o alento para ser perseverante na minha caminhada.
Para os próximos anos, sinto-me com a disponibilidade de sempre em ser o barro nas mãos do Oleiro, recordando Jeremias: “Como o barro nas mãos do oleiro, assim estais vós na minha mão, ó casa de Israel” (Jer. 18,6). Na esperança de que o Mestre possa realizar, em mim e através de mim, verdadeiras obras de arte na e para a humanidade.