A vida de Maria foi plasmada no mistério do Advento, e revelou-se através do acolhimento da promessa da salvação.
“Eu porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela” (Gn 3,15). Começa aqui uma longa história de amor e de ódio que a natureza humana simultaneamente viverá no contexto de uma batalha, que a humanidade é chamada a travar em cada dia da sua existência.
A experiência humana de cada pessoa é marcada pela vivência da sua própria liberdade na escolha responsável do bem e na rejeição consciente do mal. Este é um desafio de sempre, antigo e atual.
Esta luta entre o bem e o mal marcou permanentemente a vida e a história do povo de Israel, que na vivência do primeiro Advento viu confirmada pelo testemunho de vida e de fé a esperança no cumprimento da promessa feita por Deus aos nossos primeiros pais, aos patriarcas, aos reis e aos profetas. Somos chamados a construir a civilização do bem e do amor e a destruir a presença do mal que invade constantemente o mundo.
Isaías anuncia ao povo de Israel um tempo novo, uma sociedade ideal marcada pela alegria e pela esperança, onde brilhará a justiça e a paz, onde o leão e o cordeirinho pastarão juntos (Cf. 11, 6-9). O profeta Isaías rejubila ao responder: “Aqui estou. Envia-me” (Is 6. 6,8) a anunciar a vinda do Messias, como Salvador do mundo: “Eis que uma Virgem conceberá e dará à luz um filho, chamado o Emanuel, o Deus connosco” (Cf. Is 7,14).
Esta promessa realiza-se na “plenitude dos tempos” (Gal.4,4-5) numa criatura escolhida para ser a nova Eva, a Ave, a mulher do tempo novo, a Imaculada, a cheia de graça, de beleza e de virtude.
Em Maria, Deus ama de novo o seu povo pecador e faz da mulher do tempo novo a escolhida, a eleita, a isenta de todo o pecado, desde o momento da sua Conceição.
Olhamos para Maria, a toda santa, para viver com Ela uma vida virtuosa:
– A fé de Maria, pura, genuína, provada como a de alguém que confia em Deus e no seu projeto. “Alegra-Te, cheia de graça. O Senhor está contigo!” (Lc 1, 28).
– A esperança de Maria, ajuda-nos a preparar o Natal com alegria e a receber Jesus na nossa vida como o nosso maior tesouro. “Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo” (Lc 1, 32).
– A caridade de Maria, que brota do amor infinito de Deus para com a humilde serva do Senhor, chamada a cuidar com amor materno de toda a humanidade. “O Espírito Santo virá sobre Ti e o poder do Altíssimo Te cobrirá com a sua sombra” (Lc 1, 35).
– A disponibilidade de Maria, que brota de um coração pobre, vazio de si mesmo, “cheia de graça” para se entregar toda ao serviço de Deus e dos homens. “Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38).
– O Sim generoso e fiel de Maria, a sua confiança fá-la tomar consciência das capacidades que Deus lhe deu e que Ela faz crescer através da oração, do silêncio e do serviço. Capaz de se esquecer de si mesma, para ser toda de Deus e de todos, esvazia o seu coração e a sua vida dos apegos do mundo. O “Fiat” de Maria e a sua resposta incondicional a Deus integra todo o seu ser e faz da sua vida Imaculada e cheia de beleza, um serviço à Igreja e à humanidade.
Ao celebrarmos a Solenidade da Imaculada Conceição, Padroeira de Portugal, queremos pedir-lhe que nos ajude como cristãos a viver o caminho sinodal: “Caminhar juntos, na comunhão, na participação e na unidade”.
Nenhum de nós tem o controle de si mesmo, somos feitos dum barro frágil, pecador, a necessitar de conversão, precisamos do equilíbrio da graça e da ação de Deus para sermos felizes, pessoas boas e cristãos discípulos missionários dizendo: “A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador” (Lc 1, 46-47).
No encerramento solene do ano dedicado a São José, o “Pai Amoroso”, queremos pedir-lhe uma grande proteção e bênçãos de Deus para a Igreja, os Bispos, os sacerdotes, os diáconos, os consagrados, as famílias, os pobres, os doentes e para todos os que estão investidos em autoridade.
Num mundo que experimenta um déficit de escuta, de diálogo, de amor e de disponibilidade, peçamos a Deus por intercessão de São José a graça de fazer crescer o nosso lema pastoral: “Família! Alimenta-te na Eucaristia”.