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Mensagem de Natal do Bispo da Diocese de Viseu

 

Desejo com esta mensagem de Natal marcar a esperança e a alegria desta comunicação messiânica.

Este é o tempo novo da plenitude de Deus. “Assim é o Natal: o nascimento de Jesus é a novidade que nos permite renascer dentro, cada ano, encontrando n’Ele força para enfrentar todas as provações. Sim, porque Jesus nasce para nós: para mim, para ti, para todos e cada um de nós” (Papa Francisco, Homilia da Noite de Natal de 2020).

Contemplar o nascimento de Jesus, hoje, é acolher a vida nova em abundância oferecida gratuitamente por Deus à humanidade numa criança que nasceu na noite Santíssima de Belém, há mais de dois mil anos.

Este foi o primeiro Natal cristão.  Maria deu à luz o seu filho primogénito, envolveu-o em panos e colocou-O numa manjedoura de animais, por não haver lugar para eles na hospedaria (cf. Lc 2, 6-7).

A presença de São José, esposo de Maria e pai adotivo de Jesus, que acolhe com amor e ternura o Salvador do mundo, enfatiza o modelo de escutar, acolher e servir da Igreja no mundo. O envolvimento do Sim de Maria na humildade e simplicidade, também se revela na pobreza e solidão de um estábulo, o lugar onde Jesus nasce pobre, para nos enriquecer com a sua graça divina.

Parar diante do presépio ensina-nos a meditar, a contemplar na pobreza o mistério de um Deus escondido, que se revela na pequenez da natureza humana. O olhar atento dos pastores, que escutam o Anjo do Senhor, envolvendo-os em luz, oferece-nos a nós a grandeza da seguinte mensagem: “Não tenhais medo! Eu anuncio-vos a Boa Notícia, que será uma grande alegria para todo o povo: hoje na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias, o Senhor… De repente, juntou-se ao anjo uma grande multidão de anjos cantando: Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens por Ele amados” (Lc 2,9-14).

Que esta mensagem de Natal, cheia de sentimentos de fé, de esperança e de amor, seja para todos, crentes e pessoas de boa vontade, e nos ajude a centrar a nossa vida na pessoa de Jesus Cristo.

Que esta boa notícia chegue ao coração de todos, dispostos a acolher o dom maravilhoso da paz e do amor, num convite profundo à solidariedade, à fraternidade e à partilha da vida e dos bens.

A celebração do Natal é sempre para a Igreja a festa do dom do amor salvífico do Pai, que pela ação do Espírito Santo na “plenitude dos tempos”, nos foi oferecido por Jesus que nasceu da Bem Aventurada Virgem Maria, na companhia de São José, o seu esposo fiel, honesto e prudente. E para cada pessoa humana um verdadeiro tesouro.

Os grandes desafios da vivência cristã do Natal centram-se:

No acolhimento de Deus, que vem ao nosso encontro para habitar connosco.

Na escuta da Palavra de Deus como aconteceu na vida de Maria, para viver a dimensão evangelizadora como discípulos missionários.

A fazer um caminho juntos na alegria e na esperança imitando as virtudes da Sagrada Família.

O Natal de Jesus é uma festa que nasce da plenitude da vida e abre o nosso coração ao serviço: com as famílias, as crianças, os adolescentes, os jovens, os casais, os idosos e os doentes, num encontro onde nos comunica a sua vida em abundância.

A Igreja que caminha no mundo guiada pelo Espírito encontra em Jesus, o Príncipe da Paz, o Salvador do mundo, que veio para Se encontrar connosco e dar sentido à nossa vida.

A vida de Deus encarnou e manifestou-se na noite fria de Belém: “o Verbo fez-se carne e habitou entre nós, da sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça” (Jo 1,1).

No Natal brilhou a Luz de Deus para iluminar a nossa vida e o destino de todos os povos, libertando-os da escuridão das trevas e do pecado.

A graça de Deus inunda de alegria e esperança a humanidade, que é convidada a beber da água viva nas fontes da salvação.

A paz de Deus cantada pelos anjos e recebida pelos pastores ajuda a transformar as estruturas sociais, económicas, políticas e educativas da nossa sociedade.

O amor gratuito de Deus oferecido no mistério do Natal de Jesus enriquece-nos na prática da justiça e da fraternidade social.

O compromisso cristão deve levar-nos a um serviço de caridade junto dos pobres, dos doentes e dos mais vulneráveis da nossa sociedade.

O cuidado para com o próximo é um desafio pastoral na construção de um mundo novo e melhor, onde não haja excluídos e marginalizados, mas todos se sintam filhos de Deus.

A proximidade deve ser vivida como o grande sinal da fraternidade e da solidariedade humana junto de cada pessoa, através da escuta, do diálogo e da evangelização.

A partilha efetiva da vida, dos bens e do tempo são um dom natalício para o nosso mundo e um apelo na luta contra a pobreza e as desigualdades da sociedade.

A vivência evangélica como testemunho de vida, em santidade e alegria, é o maior dom e testemunho da presença de Jesus no meio de nós.

Deus nunca se cansa de vir ao nosso encontro, não nos julga com superficialidade, mas comunica-Se a cada um de nós e chama-nos pelo nosso nome. Ele é o Emanuel – o Deus connosco.

Para que o Natal seja verdadeiro, convida-nos a cuidar dos pobres, abandonados, marginalizados, refugiados e migrantes da sociedade, ensinando-nos a lutar contra a indiferença religiosa, o individualismo egoísta, o hedonismo mundano, o materialismo consumista, o ateísmo prático e o agnosticismo sem valores. Convida-nos a tomar consciência do aumento da pobreza no mundo, a lutar pelo desagravamento da pandemia e a ajudar a resolver os problemas sociais das famílias e dos povos.

Neste Natal, deixemos transformar e converter o nosso coração e tornemo-nos uma Igreja sinodal em dinamismo de aprender a: “caminhar juntos” na comunhão, participação e missão.

Contemplemos Jesus no presépio, com Maria e José, construindo a nossa vida interior com os musgos da beleza, da simplicidade e do amor. Com gestos novos de compromisso pastoral, adoremos Jesus em silêncio, na oração, na confiança, na alegria, na fé, no acolhimento, na simplicidade e humildade da nossa vida.

Rezemos pela santificação das famílias, pelo dom do trabalho para todos, da paz para o mundo envolvido em violências, em guerras e da saúde para os doentes. Peçamos a bênção de Jesus para todos.

Votos de um Santo e Feliz Natal, no acolhimento de Jesus, o “Príncipe da Paz” que se comunica a toda a pessoa humana disponível para o acolher.

Desejo um Próspero Ano Novo de 2022, cheio de amor, de esperança e de paz.

 

† António Luciano,
Bispo de Viseu
CategoryBispo, Diocese

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