Todos os homens são chamados a entrar na família do povo de Deus pela fé e pelo Batismo. “Todos os homens são chamados a fazer parte do povo de Deus” (LG 13), para que unidos a Cristo, “os homens constituam uma só família e um único povo de Deus” (AG 1).
Ensina o Catecismo da Igreja Católica que a unidade deste Corpo que é Cristo existe na Igreja, na diversidade dos seus membros e das suas funções, pois “todos os membros estão unidos uns aos outros, particularmente àqueles que sofrem, aos pobres e aos perseguidos” (CIC 806).
A Igreja é o templo do Espírito Santo. O Espírito é como que a alma do Corpo Místico, princípio da sua vida, da unidade na diversidade e da riqueza dos seus dons e carismas. (CIC 809)
A história da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, como nos lembra o guião para este ano, vai encontrar as suas raízes na Escócia em 1740 data em que surgiu um movimento pentecostal, ligado à América do Norte, cuja mensagem era a de reavivar no coração dos crentes o desejo de fazer preces por e com todas as Igrejas. O Concílio Vaticano II ao dedicar um dos seus documentos ao Ecumenismo, deu um novo fôlego e orientações para o modo como devia prosseguir o caminho tão urgente e necessário da “Unidade dos Cristãos”.
O Catecismo da Igreja Católica no número 822 afirma: “A preocupação de realizar a união “diz respeito a toda a Igreja, fiéis e pastores” (UR 5). Mas também se deve “ter consciência de que este projeto sagrado da reconciliação de todos os cristãos na unidade duma só e única Igreja de Cristo, ultrapassa as forças e capacidades humanas”. Por isso, pomos toda a nossa esperança “na oração de Cristo pela Igreja, no amor do Pai em relação a nós e no poder do Espírito Santo” (UR 24).
Depois deste documento conciliar e a partir de 1968, tem havido a preocupação de propor um tema para refletir e ajudar a motivar a oração pela unidade dos cristãos. Temas ricos e diversificados, desde o primeiro em 1968: “Para o louvor da sua glória” (Ef 1,14), até ao deste ano tão oportuno e atual que na manifestação da Epifania nos leva a olhar, a contemplar, a adorar e anunciar o Senhor. “Nós vimos a Sua Estrela no Oriente e viemos adorá-Lo” (Mt 2,2).
Este é um subsídio importante para viver a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos que ocorre de 18 a 25 de janeiro de 2022, festa da conversão de São Paulo.
O tema deste ano a partir da narrativa de São Mateus (2, 1-12), fala-nos do aparecimento da estrela no céu da Judeia, que representa um sinal de esperança
há muito aguardado e leva os magos ao encontro do verdadeiro rei e Salvador revelado por Deus a toda a humanidade. Para os magos, foi um sinal de que um rei tinha nascido e vinha convidar todos os povos a uma vida de comunhão e de unidade mesmo na diferença da diversidade de culturas, de posse de bens, de saberes e de capacidade de partilha.
“É missão da Igreja ser a estrela que ilumina o caminho para Cristo, que é a luz do mundo. Sendo tal estrela, a Igreja torna-se sinal de esperança num mundo de angústias e sinal de presença de Deus que acompanha o seu povo nas dificuldades da vida. Por palavra e por ação, os cristãos são chamados a iluminar o caminho para que Cristo seja revelado, mais uma vez, às nações. Mas as divisões entre nós obscurecem a luz do testemunho cristão e obscurecem o caminho, impedindo que outros encontrem a direção que leva a Cristo. Por outro lado, os cristãos unidos em sua adoração a Cristo, e abrindo os seus tesouros numa partilha de dons, tornam-se um sinal da unidade que Deus deseja para toda a sua criação” (Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, 2022, p.8).
Vivamos esta semana em verdadeiro “caminho sinodal” numa experiência de oração e unidade que seja na nossa vida e nas nossas comunidades expressão visível da “comunhão, participação e missão”.
Façamos das nossas comunidades “oásis de oração” pela unidade de todos os cristãos, tendo presente os seguintes pontos de reflexão:
– Preocupação por uma renovação permanente da igreja;
– por uma conversão efetiva do coração;
– uma oração em comum, pedindo para “sermos um com Cristo”;
– trabalhar pelo mútuo conhecimento fraterno das várias religiões;
– mais formação ecuménica dos fiéis;
– fomentar o diálogo entre todos.
Só uma maior oração e colaboração entre os cristãos nas diversas ações de promoção, dignificação e desenvolvimento da pessoa humana ajudarão a sociedade a promover a construção da unidade, da justiça, do amor e da paz.