Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Observatório Pastoral

 

Como se observou anteriormente nesta rubrica, a veloz mutação social verificada nas últimas décadas, nos seus efeitos positivos e negativos, repercute-se profundamente em todas as dimensões da vida pessoal e coletiva, física, mental, espiritual e eclesial. Pensemos, entre outros, como é afetada e dificultada a fruição e gestão do tempo, a relação interpessoal, intrafamíliar, a vida profissional, a experiência comunitária eclesial e, por conseguinte, a participação familiar na Eucarística do domingo.

Todavia, o que dificulta a pretensão do plano pastoral diocesano: potenciar o vínculo fundamental e vivencial entre Família e Eucaristia dominical, não se funda somente na crise transversal e poliédrica atual, emergente da alteração cultural e social, mas sobretudo no descuido pastoral dada ao tema e à pouca maturação e convicção da fé. Se esta for autêntica, profunda e comprometida, conduzirá a uma práxis cristã mais situada no mundo e suporte de uma Igreja mais sal e luz, que testemunha, celebra e anuncia a Boa Nova de Jesus, sempre atual.

Apontamos, por isso, uma atitude e uma tarefa que poderão ser caminho para o objetivo programático da diocese: a atitude de esperança otimista, ativa e realista, que dissipe o pessimismo lamuriento e desincentivador; a tarefa de qualificar as celebrações da fé, tornando-as mais participadas, animadas segundo o prescrito na orientação da Igreja (cf. SC 14; 28) dignas, belas e impulsionadoras de vida nova.

Constata-se, com frequência, uma postura que reflete ausência de esperança, desmotivada, uma certa “preguiça espiritual”. Emerge o pessimismo, denunciado por Francisco, como tentação comum em agentes pastorais que obstaculiza a renovação e a alegria evangélica. Sublinha o Papa: “Uma das tentações mais sérias que sufoca o fervor e a ousadia é a sensação de derrota que nos transforma em pessimistas lamurientos e desencantados com cara de vinagre…quem começa sem confiança, perdeu de antemão metade da batalha e enterra os seus talentos” (A Alegria do Evangelho, 85).

Contraposta ao pessimismo, a esperança ativa, otimista e congregadora. Este é mais encorajador e, neste momento de profunda mutação epocal, deve cultivar-se, confiando no que Paulo escrevia: “Se Deus está por nós, quem pode estar contra nós?” (Rm 8,31); e: “Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação, perseverantes na oração” (Rm 12,12). O pessimismo derrotista obscurece; a esperança otimista ilumina.

Qualificar os tempos celebrativos da fé – em particular a Eucaristia dominical – não significa convertê-los em “espetáculo religioso”, com mais ou menos polifonia sacra, sessão de didatismo doutrinal ou moral, protagonismo autorreferencial do sacerdote, dos ministros litúrgicos ou outros intervenientes. Não, a qualificação celebrativa provém da participação ativa, convicta, diversificada – crianças, jovens, grupos, movimentos eclesiais – da alegria do encontro da família cristã em assembleia, de um acolhimento afável, sem aceção de pessoas, num espaço harmonioso, cativante na beleza dos cantos, das cores, das flores, do silêncio, da oração comum em espírito da “nobre simplicidade” (SC 34). É um desfio que requer empenho, mas é o caminho.

 

Pe. José Henrique Santos
CategoryDiocese, Pastoral

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