A vida consagrada ao serviço da Igreja inserida no mundo, traz hoje à nossa reflexão alguns temas desafiantes no confronto com a realidade pastoral.
A crise das vocações, o envelhecimento dos seus membros, as inúmeras atividades e serviços que lhe estão confiadas, a falta de perseverança de alguns membros, o encerramento de comunidades são realidades novas, que ofuscam muitas vezes a positividade de uma vida radical entregue totalmente a Deus, no serviço do anúncio do Evangelho e da prática da Caridade.
Este sinal visível e eficaz na vida da Igreja, que é a vida consagrada, passa muitas vezes despercebido à maioria dos cristãos, ou porque já não tem a força do sinal e proximidade de um estilo de vida, que marca as pessoas, os lugares e as dioceses.
A nossa própria Diocese vê hoje um enfraquecimento das vocações à vida consagrada, quer na sua origem comunitária, ou mesmo através dos Institutos masculinos e femininos que ainda estão entre nós.
A Diocese de Viseu tem ao seu serviço cinco comunidades formadas por Institutos Religiosos Masculinos: Os Missionários Claretianos, em Tondela; os Frades Menores Conventuais, na Igreja dos Terceiros em Viseu; o Instituto Missionário Marista, em Vouzela; os Missionários Combonianos, no Seminário das Missões em Viseu; a Congregação da Missão, Padres Vicentinos, no Campo de Madalena.
Os Institutos Religiosos Femininos formam oito comunidades: as Carmelitas Missionárias Teresianas, Centro Sócio-Pastoral Diocesano em Viseu; a Congregação das Irmãs de Santa Doroteia, Colégio da Imaculada Conceição em Viseu; as Missionárias Filhas do Coração de Maria em Canas de Santa Maria; o Instituto de Jesus Maria José, Jugueiros em Viseu; as Irmãs de São João Batista e Maria Rainha em Viseu; as Irmãs Missionárias Combonianas em Viseu; as Missionárias Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus em Viseu; as Irmãs Concepcionistas Franciscanas (OIC), Ordem Contemplativa, no Mosteiro de Santa Beatriz, Viso em Viseu.
Os Institutos Seculares sediados na Diocese são: Instituto Secular Cáritas Christi; Instituto Secular das Cooperadoras da Família, Viseu; Instituto Secular Missionárias Combonianas.
Temos ainda dois membros que integram a Ordem das Virgens.
Quero agradecer a todos e a todas o testemunho e o serviço prestado à Diocese com tanto zelo e empenho em tantas dimensões da pastoral e espero que outros Institutos de Vida Consagrada se juntem a nós nesta parcela do povo de Deus.
Aproveito para agradecer a todos e a todas os que serviram a diocese, principalmente às consagradas cujos Institutos deixaram de estar no meio de nós: a Sociedade das Filhas do Coração de Maria em Canas de Senhorim; o Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria em Viseu e as Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora em Vouzela.
Convido a olhar para a Igreja como um corpo, um todo, onde a riqueza da vocação cristã, nascida no batismo como caminho universal à santidade, manifesta diversos carismas, ou estilos de vida, que manifestam a riqueza e a diversidade de dons na comunidade.
Olhando com esperança para a Semana da Vida Consagrada, perante as dificuldades atuais do decréscimo de vocações, quer à família, à vida consagrada e sacerdotal perante o encerramento de determinadas instituições é tempo de olhar para a vocação laical como dinamismo de futuro com responsabilidade eclesial através de serviços e ministérios. Acredito que o caminho sinodal que estamos a viver nos há de abrir o coração a novos horizontes de corresponsabilidade e participação.
Chamados a viver na missão, mais uma semana dedicada à Vida Consagrada celebremos unidos a vigília de oração no dia 1 de fevereiro no mosteiro de Santa Beatriz às 21 horas e a celebração festiva da Apresentação de Jesus no Templo, com a Eucaristia com os Consagrados na Sé no dia 2 de fevereiro às 17.30 horas.
Em cada diocese através do Secretariado Diocesano, “CIRP”, que dinamiza esta Semana da Vida Consagrada, através de conferências, encontros, vigílias de oração, celebrações, ações vocacionais, culminando com a celebração da Eucaristia presidida pelo Bispo, com a renovação dos conselhos evangélicos.
Uma Igreja particular torna-se mais rica na medida em que no meio do povo de Deus, principalmente neste tempo de indiferença religiosa e ausência do sagrado, florescem comunidades de vida consagrada, que são autênticos oásis espirituais no meio deste mundo. Esta é uma característica da vida consagrada, mostrar que Deus ama, está, vive e caminha como seu povo em todos momentos da sua vida.
A vida consagrada é caracterizada pela procura constante de Deus e da contínua revisitação da sua identidade, que corre o risco de não se reconhecer a si mesmo.
As pessoas consagradas são chamadas cada vez mais a serem profetas, místicas e contemplativas para descobrirem os sinais da presença de Deus na vida quotidiana, como desafio de continuar a ver Deus com os olhos da fé, num mundo que ignora a sua presença.
“As várias formas de vida consagrada – eremítica e virginal, monástica e canónica, conventual e apostólica, secular e de nova fraternidade – bebem na fonte da contemplação, aí se restauram e tomam vigor. Aí encontram o mistério que as habita e encontram plenitude para viver o código evangélico da consagração, da comunhão e da missão” (Comtemplai, Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, n.º 1, 2015).
Vivamos esta semana em oração, comunhão, partilha, gratidão e generosidade pedindo a Jesus, Maria e José o dom da fidelidade para todos consagrados e o aumento de novas vocações para a Igreja.