Observatório Pastoral
Caro leitor,
Se és daqueles que se questiona se faz sentido nos tempos atuais celebrar o S. Valentim,
Se és daqueles que vive realizado numa história de amor comprometido,
Ou daqueles que não acredita na existência de tal realidade,
Se és daqueles que anda à procura do Amor…
Lê esta reflexão, que não te vai roubar mais de 5 minutos.
Amor, o que é? Um sentimento intenso, um projeto de vida, a caridade atuada, o nível mais superior da amizade?
Jesus, disse-nos e mostrou-nos que o Amor é a doação da própria vida por aquele que se ama.
O amor não é um sentimento, não pertence simplesmente à nossa esfera emocional, apesar de muitas vezes envolver emoções fortes e prazerosas.
O amor é essencialmente um ato da vontade. E a vontade, juntamente com a inteligência, são os dois superpoderes da nossa dimensão racional: aquela que toma decisões, traça objetivos, aquela que se compromete. E a nossa vontade é uma vontade operativa, uma vontade que se orienta para a ação.
O Amor não são palavras, peluches ou sentimentos. O Amor é ação. É a vida em ação, é a vida que se dá, doa o que doer, pelo outro. E o amor romântico é apenas uma forma de viver o amor. A própria amizade é, também ela, um tipo de amor. Aliás, o amor romântico deve apoiar-se numa profunda relação de amizade entre duas pessoas.
O namoro é um tempo de conhecimento mútuo, que pode arrancar depois de uma amizade de muito tempo ou de um cruzar de olhares avassalador. Independentemente do capítulo inicial, um namoro deve dar oportunidade às duas partes para discernir a possibilidade de um projeto de vida comum.
Como Pedopsiquiatra e como monitora do Protege o Teu Coração, um programa de formação do carácter e da sexualidade, tenho a oportunidade de ouvir muitos jovens que passaram por situações amorosas complexas, sofridas e por vezes, tóxicas. Oiço os seus desabafos com tristeza, pelo ceticismo e desconfiança com que enfrentam as suas relações interpessoais seguintes, à luz de uma experiência amorosa falhada. No entanto, gostaria de te dizer, caro leitor, se estás neste grupo, que o amor é possível. Mas não porque anda no ar, como diz a canção. O amor é possível porque no mais profundo de cada ser humano vive o desejo de amar e ser amado incondicionalmente. E sendo o amor um ato da vontade, uma decisão firme da pessoa, é possível. Não há amor sem projeção de futuro. Um amor que se prevê só para hoje não nos enche as medidas.
O namoro permite que os namorados ponham em comum aquilo que são e descubram se querem o mesmo a curto, médio e longo prazo. “Somos compatíveis?” E não falo de uma compatibilidade sexual, como por vezes me perguntam. Essa é consequência da compatibilidade nas 5 dimensões da pessoa, já que a sexualidade impregna tudo o que a pessoa é (dimensão física, social, emocional, racional e transcendente). Falo da compatibilidade de valores, de temperamentos, de modos de ocupar o tempo livre, de projeto familiar, de relações interpessoais, de estilos comunicacionais, de modos de gerir o dinheiro…
Um namoro é algo muito sério e muito exigente. É uma etapa do caminho até ao cume da montanha do amor comprometido, exclusivo e incondicional. Que se bem vivido, há-de permitir chegar ao SIM ou ao NÃO. Ambas as conclusões são importantes.
Caro leitor, se chegaste até aqui e estás a subir esta montanha, deixa-me dizer-te uma coisa: não tenhas pressa. Dá-te a conhecer como és, confia-te ao outro, conhece profundamente o outro. E ouve também quem está ao vosso lado e vos conhece. Pede ajuda. E escuta bem os ecos mais profundos que esta relação traz ao teu coração. Costumam estar certos!