Somos convidados a aprender e a viver o ministério sacerdotal encarnado no amor misericordioso de Deus, como fez São Teotónio, que no ano de 1110 foi nomeado, pelo Bispo de Coimbra, D. Gonçalo, Prior da Sé de Santa Maria de Viseu. Chegou a esta cidade e procurou viver com zelo pastoral os desafios, os problemas e as vicissitudes do seu tempo, aos quais respondeu com a força da oração e do silêncio interior, ensinando a servir e a cuidar dos pobres, dos doentes e marginalizados com amor e compaixão.
“Viveu, então, esta cidade, tempos felizes de paz e de muita tranquilidade. Teotónio falava a todas as pessoas como verdadeiro pai e a todos atendia com muita ternura. A ele acudia o povo todo, nele achava, cada um, a sua consolação, o alívio e o remédio para os seus males e dificuldades porque, naquela altura, a vida era muito difícil”. (Da biografia de São Teotónio) Diz-se que com São Teotónio nasceu a compaixão e a misericórdia, pois ele preocupava-se com todas as pessoas que o rodeavam. Privilegiou a evangelização e catequização das crianças e dos jovens, formou as famílias com a alegria e esperança, ensinando-as a procurar a vida que nos vem de Jesus Cristo, o bom Pastor.
A alegria, a jovialidade e a tenacidade do nosso padroeiro, ajudam-nos hoje a enfrentar os desafios pastorais do caminho sinodal que estamos a fazer juntos. A sua vocação, a sua missão, a sua ação pastoral, o seu zelo apostólico e a sua fortaleza missionária continuam atuais, principalmente na atenção fraterna e solidária às periferias do nosso tempo.
A confiança e a esperança criativa e inovadora de São Teotónio ajudam-nos a caminhar juntos em igreja, através do deserto das indiferenças, do individualismo e das dificuldades do mundo secularizado em que vivemos. A sua virtude é para nós um desafio à vida de fé, de esperança e de caridade, na busca cada vez maior de um sentido profético, sacerdotal e caritativo como sinal de santidade.
Nasceu em Ganfei, próximo de Valença no ano de 1082, no século XI e morreu no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, que ele ajudou a fundar, no dia 18 de fevereiro de 1162.
A celebração do dia do Padroeiro da Diocese de Viseu no próximo dia 18 de fevereiro é sempre uma oportunidade para, na gratidão não esquecer a história e as raízes da mui digna igreja viseense que há mil anos tinha como prior de Santa Maria de Viseu, São Teotónio, o primeiro santo português.
São Teotónio foi um pastor “com cheiro a ovelhas”, como hoje nos diz o Papa Francisco, um sacerdote acolhedor das crianças e dos jovens, preocupado com o bem das famílias, atento a todos, mas particularmente um cuidador exemplar dos pobres e dos doentes.
Como Padroeiro da Diocese de Viseu, pedimos-lhe que nos ajude a todos a viver com alegria a vocação. Aprender com ele o pastoreio das ovelhas, particularmente cuidando das doentes e das que se afastaram do redil. São Teotónio é um exemplo de vida para todos e inspira os pastores e os fiéis a fazer juntos o “caminho sinodal” com as exigências e propostas que este pede a cada um de nós, às nossas paróquias, às nossas comunidades, aos serviços diocesanos, às instituições, aos movimentos e obras, a toda a sociedade em geral. Ninguém pode ficar de fora, nem deixar de procurar e viver a verdadeira sinodalidade, que é o caminho da própria igreja.
Todos juntos e unidos celebremos o dia do Padroeiro da Diocese e participemos de modo ativo na celebração da Eucaristia na Catedral com a renovação das promessas dos Diáconos Permanentes. No final da Eucaristia somos convidados a marcar presença na inauguração da Exposição “Diálogos” , na beleza das obras contemplamos a beleza do Criador – que iniciou na diocese de Lamego, esteve na de Aveiro, agora para comemorar o dia do padroeiro inicia em Viseu, no Museu da Misericórdia, onde poderá ser visitada por todos e depois seguirá para a Guarda, onde terminará o roteiro que tem como dinamizadores os Departamentos dos Bens Culturais destas quatro dioceses. Espero que esta exposição seja visitada por todos nós, pelos jovens em caminhada para as JMJ em Lisboa, pelas crianças e adolescentes da catequese, pelos alunos das escolas, de modo particular os alunos de EMRC com os seus professores. É também uma oportunidade para as paróquias promoverem esta visita, enriquecendo-a com a visita da Catedral e do seu tesouro.
Este é um ano dedicado à “Família” e à “Eucaristia”. Demos-lhe também uma dimensão evangelizadora, catequética, celebrativa e de dimensão vocacional.
Que o exemplo de São Teotónio marque e estimule o caminho sinodal de todos juntos, para procurarmos dizer ao mundo de hoje pelo testemunho de palavras e obras, qual é a verdadeira identidade da Diocese de Viseu, que bebe da vida de São Teotónio, da sua simplicidade, humildade, espírito de serviço e testemunho de fé.
Vivamos esta solenidade do Padroeiro. Deste modo fazemos memória de quem junto de Deus continua a interceder pelo maior bem humano e espiritual de toda a Diocese de Viseu.