Estamos a viver a Semana “Laudato Si” e a celebrar o sétimo aniversário da Encíclica “ecológica e social”, publicada a 24 de maio de 2015 pelo Papa Francisco.
A sua atualidade “sobre o cuidado da casa comum” continua na ribalta pastoral da vida da Igreja e do mundo, como um grande desafio pastoral e de estudo.
O nosso “Planeta”, a nossa “Terra” enfrentam mudanças rápidas e bruscas a todos os níveis, quer no ritmo da vida, da ciência, do trabalho, do desenvolvimento, da evolução climática e do equilíbrio ecológico da criação. O Papa Francisco junta a estas mudanças rápidas e constantes, que não estão necessariamente orientadas para o bem comum e para um desenvolvimento humano sustentável e integral. A mudança torna-se preocupante quando se transforma em deterioração do mundo e da qualidade de vida da grande parte da humanidade.
A Encíclica está recheada de ensinamentos e temas surpreendentes que nos convidam a olhar para os desafios do mundo e da vida das pessoas com uma dimensão pastoral, que a todos nos preocupa e inquieta. O texto é um grito de alerta dirigido a todos os habitantes da Terra, de modo a vivermos o nosso compromisso cristão na busca dum equilíbrio humano, ecológico e tecnológico tendo em vista o desenvolvimento integral dos povos. Ao olhar para os temas fraturantes do nosso mundo o Papa afirma: “Entre os componentes sociais da mudança global, incluem-se os efeitos laborais de algumas inovações tecnológicas, a exclusão social, a desigualdade no fornecimento e consumo da energia e doutros serviços, a fragmentação social, o aumento da violência e o aparecimento de novas formas de agressividade social, o narcotráfico e o consumo crescente de drogas entre os mais jovens, a perda de identidade. São alguns sinais, entre outros, que mostram como o crescimento nos últimos dois séculos não significou, em todos os seus aspetos, um verdadeiro progresso integral e uma melhoria da qualidade de vida” (LS 46).
Os cristãos e todas as pessoas de boa vontade são convidados a ler e a refletir de novo sobre este documento tão importante do Magistério da Igreja. Afinal o que está a acontecer na Casa Comum? Esta pergunta pede respostas. Olhemos para alguns temas bem conhecidos: Um progresso irracional, a guerra, a violência, a morte, a destruição, a poluição, os resíduos, a cultura do descarte e as mudanças climáticas (cf. LS 20, 21, 22). O clima que devia proporcionar o bem comum (cf. LS 23) é um fenómeno muito complexo, que cria tantas mudanças radicais, dramas sociais e tragédias humanas.
Celebramos no próximo Domingo, festa da Ascensão de Jesus ao Céu, mais uma Jornada dedicada ao Meios de Comunicação Social (MCS) da Igreja. Convido os cristãos e todas as pessoas de boa vontade a refletir sobre o tema que nos propõe o Papa Francisco para este ano: “Escutar com o ouvido do coração”. Perante as dificuldades sentidas pelos MCS, o “desafio que nos espera é o de comunicar” e dar passos para acarinhar os meios de Comunicação Social da Igreja, como um meio promotor da defesa da vida humana, da salvaguarda da sua dignidade, do respeito por todas as pessoas e pela integridade de todo o ser criado à imagem e semelhança de Deus.
Ocorrendo também nesta semana o 16º aniversário da Beatificação de Rita Amada de Jesus, a mulher do povo, nascida no seio da nossa comunidade Diocesana, uma apostola da Família, do Rosário e da Eucaristia, gostaria de apresentar o seu carisma como algo de atual e que precisa de ser cada vez mais conhecido por todos. Uma crente, uma mística, uma mulher preocupada com a família, a evangelização, a catequese, a educação da fé e para os valores. A sua vida é um apelo a uma mudança de mentalidade e de cultura quer na relação com a pessoa humana, com Deus e com a obra por Ele criada. Demos os passos necessários para lutar contra a degradação da vida humana e para a valorização e dignificação da família.
Unidos a Maria de Nazaré, terminemos o mês de maio, animados pela fé, pela oração e pela prática da caridade. Imitemos as virtudes de Nossa Senhora e sigamos de perto o itinerário espiritual da Beata Rita Amada de Jesus, contribuindo assim para o equilíbrio de toda a comunidade humana.
A obra criadora de Deus encerra a beleza das suas criaturas, mas por outro lado também a fragilidade de tudo o que se opõe ao seu projeto criador. O homem é colocado no centro da criação como artífice da paz e construtor da civilização do amor, imagem e semelhança de Deus, deve “assumir os compromissos para com a criação, que o Evangelho de Jesus nos propõe” (LS 246) e a Igreja nos convida a abraçar.