O nascimento da Bem-Aventurada Virgem Maria é motivo de alegria, de esperança e de festa para a humanidade inteira. Na verdade, quando nasce uma criança o mundo fica mais rico e a família que a acolhe recebe um presente de valor incalculável perante o nosso mundo.
A vida humana é um dom de Deus confiada aos pais como um tesouro precioso, que deve ser cuidado e estimado. São João Paulo II no Evangelho da Vida afirmava: “A vida humana é sagrada, porque, desde a sua origem, supõe “a ação criadora de Deus” e mantém-se para sempre numa relação especial com o Criador, seu único fim. Só Deus é senhor da vida; desde o princípio até ao fim, ninguém em circunstância alguma, pode reivindicar o direito de destruir diretamente um ser humano inocente”. Com estas palavras, a Instrução Donum Vitae expõe o conteúdo central da revelação de Deus sobre a sacralidade e inviolabilidade da vida humana” (EV 53).
Diante da festa da Natividade da Mãe de Jesus quero prestar homenagem a todas as crianças que nasceram e são felizes, porque encontraram uma família e um mundo que as acolheu. Entrego também no coração de Deus todas as crianças que não nasceram, não foram desejadas e amadas.
Muitas crianças nasceram, mas não foram bem recebidas pelos pais, pela família e foram vítimas de maus tratos e violências, muitas até eliminadas por genocídios e outras foram vítimas da fome, da guerra, da perseguição e do abandono.
Diante do nascimento e da vida da Bem-Aventurada Virgem Maria, que Deus escolheu para ser a Mãe de Jesus e Mãe da Igreja, há um projeto de vida e de serviço, que diz respeito a todos os cristãos e pessoas de boa vontade. Ela é a Nova Eva, a Cheia de Graça, a primeira redimida, a verdadeira discípula de Cristo.
A vida e o exemplo de Maria tocam-nos na profundidade do nosso ser, exorta-nos no testemunho da fé, liberta-nos da escravidão do pecado e ensina-nos a servir em caridade o próximo. Faz-nos bem contemplar Maria de Nazaré, enquanto criança que nasceu e cresceu feliz no seio de uma família humana, envolvida num projeto de amor e de graça divina, que fez dela Imaculada na sua Conceição, em virtude do desígnio de Deus, foi escolhida na plenitude dos tempos, para ser a Mãe do Salvador.
Maria viveu este estilo de vida numa relação profunda com Deus, acolhendo o Seu Filho com o seu “Sim” na Anunciação, na Visitação com o “Magnificat” canta, exulta, louva e serve a sua prima Isabel, oferece-lhe o seu Filho, que vai nascer no presépio em Belém, como Salvador do mundo. Como a mulher orante por antonomásia, Ela medita todas estas coisas no seu coração. No templo de Jerusalém oferece Jesus ao Pai e toma consciência de que Ele é verdadeiramente o filho de Deus, que deve ocupar-se das coisas de seu Pai. Na vida oculta da casa de Nazaré ensina Jesus a viver com alegria a dimensão da família, da oração e do trabalho na submissão à vontade do Pai. Durante a vida pública de Jesus aparece como a verdadeira discípula que escuta a palavra de Deus e a põe em prática.
No Calvário, quando Jesus “agonizava na cruz, cooperou de modo singular, com a sua fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para restaurar nas almas a vida sobrenatural” (LG 61). Aí manifesta a sua Maternidade Espiritual aceitando ser a Mãe dos discípulos de Seu Filho, que acompanha na terra em cada momento da sua vida com ternura, oração, proximidade, piedade e compaixão. Na verdade Maria continua hoje ainda a cuidar, “com amor materno, dos irmãos de seu Filho que, entre perigos e angústias, caminham ainda na terra, até chegarem à pátria bem-aventurada” (LG 62).
A Virgem Maria é verdadeiramente feliz porque fez a vontade de Deus cuidando de Jesus. Agora no Céu Ela continua a cuidar de todos nós, para que frequentando a Escola de Maria, modelo de graça, de oração, de virtude, de santidade e de serviço, aprendamos a imitar o seu exemplo de vida de modo que nos ajude a superar as dificuldades. Muito temos a aprender com Maria de Nazaré, a Mãe de Jesus, a mulher que nos inspira a fazer o caminho sinodal na comunhão, participação e missão. Ela é a criança que nasce cheia de graça, a Mulher e a Mãe cheia de Deus, o “Catecismo Vivo” (S. Paulo VI), no qual devemos aprender as verdades da fé, para fazermos o verdadeiro encontro com Jesus Cristo, de modo a segui-Lo como “discípulos missionários”.
Maria de Nazaré torna-se o rosto visível das profecias messiânicas, nasce por desígnio do Criador envolvida em dons sobrenaturais da família de Joaquim e Ana, verdadeiros membros do povo de Israel, que educaram a sua filha de modo a que Deus a chamasse para ser através do seu sim generoso, a mãe de Jesus. Na verdade, Ela é a “Virgem que conceberá e dará à luz um filho, o Emanuel, o Deus-Connosco”.
Nestes dias em que se celebra a festa da Natividade de Nossa Senhora, não posso deixar de agradecer à Congregação das Missionárias Filhas do Coração de Maria, que deixam nestes dias a sua missão na Diocese de Viseu, todo o bem que aqui realizaram. A Congregação nasceu no dia 14 de setembro de 1889 em Espanha na cidade de Cervera, Lieída na Catalunha. A sua presença no meio de nós durante trinta e três anos, mostrou-nos bem a riqueza do seu Carisma, deixado pela Madre Maria Gúell, venerável Serva de Deus, sua fundadora, que as ensinou a viver com caridade, humildade e simplicidade à luz e exemplo do Coração de Maria.
Serviram o Centro Social Paroquial de Canas de Santa Maria desde o seu início até à sua despedida nesta terça-feira dia 6 de setembro de 2022. Vieram para a Diocese de Viseu a convite de D. António Monteiro, fundando a Comunidade de Canas de Santa Maria. Estiveram depois, desde o início no Centro Sócio Pastoral de Viseu, onde permaneceram durante alguns anos. Agora partem com o sentido da missão cumprida. Peço a Jesus e ao Coração de Maria que as recompense por tanto serviço generoso, abnegado, junto das crianças, dos jovens, das famílias, dos idosos, dos doentes e paróquia. As Irmãs Rosa, Gabriela e Cacilene partiram, mas a sua presença orante e a vasta sementeira que lançaram no campo do seu apostolado há de produzir muitos frutos.
Muito obrigado Irmãs. Rezem por nós para que Deus conceda à Diocese de Viseu muitas vocações. Contem com a nossa amizade, gratidão e oração. Bem hajam pela vossa consagração, missão, testemunho e serviço missionário.