Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

A Igreja celebra no Domingo, dia 13 de novembro, o VI Dia Mundial dos Pobres, com o seguinte tema: “Jesus Cristo fez-Se pobre por vós” (cf. 2Cor 8,9).

A missão da Igreja é cuidar dos pobres. Este é um critério chave da autenticidade cristã (EG 159). “Cristo fez-Se pobre para nos enriquecer com a sua pobreza” (2Cor 8,9).

Estas palavras de São Paulo ajudam-nos a entender a abrangência deste dia instituído pelo Papa Francisco, que nos convida no amor de Jesus a servir e cuidar dos pobres das nossas comunidades. Na sua mensagem o Santo Padre interpela a própria Igreja, os responsáveis dos povos e o nosso mundo, a olhar com esperança para um problema transversal a toda a sociedade. Conscientes do aumento da pobreza no mundo, os responsáveis dos povos e os detentores da riqueza global, são convidados a ter gestos de partilha e de solidariedade para prestar de modo criativo e efetivo a ajuda aos mais pobres. Os cristãos somos convidados a manter o olhar da fé fixo em Jesus, que se fez pobre, para nos enriquecer com a sua pobreza.

A celebração do Dia Mundial dos Pobres torna-se uma oportunidade sadia e uma provocação evangélica, para nos ajudar a refletir sobre o nosso estilo de vida, a nossa sobriedade e as inúmeras pobrezas do momento atual. Hoje temos uma pobreza que afeta a pessoa humana em diversas frentes, uma pobreza que mata e leva à miséria em todas as dimensões da vida humana. Há que inventar formas para diminuir e travar o fenómeno da pobreza no mundo e nas famílias, convidando as instituições de solidariedade social e a pastoral social da Igreja a viver este desafio como um critério evangélico de partilha de bens. A solidariedade é partilhar o pouco que temos com aqueles que nada têm.

A realidade da pobreza no mundo e a sua expansão cresceu exponencialmente em muitos países do planeta, que merece a atenção de todos nós quer na pregação, quer na vivência específica da caridade e na própria oração. Que a ninguém falte o acolhimento, o diálogo e o pão de cada dia. Os escritos dos últimos Papas sobre este tema, convidam-nos a fazer uma opção preferencial pelos pobres, uma das marcas mais singulares da Igreja latino-americana. Esta ideia forte do serviço aos pobres partiu do Concílio Vaticano II e encontrou no pontificado de São João Paulo II e Bento XVI, assim como nas conferências episcopais latino-americanas fonte de inspiração para documentos como o de Medellin e de Aparecida. O Papa Francisco tem revelado a sua grande sensibilidade para os problemas sociais e da pobreza, chave hermenêutica da Evangelli Gaudium, onde valoriza o conceito de opção preferencial pelos pobres e a luta contra a pobreza que afeta o nosso mundo.

Este fenómeno, que afeta tantas pessoas, famílias e países no meio de tantas catástrofes naturais, alterações climáticas, políticas sociais desencarnadas da realidade, má distribuição da riqueza, guerras e conflitos sociais e raciais, a seca intensa e as alterações do meio ambiente, levam muitas populações do mundo a uma fuga migratória com consequências graves para a sobrevivência da pessoa humana, para a defesa da sua dignidade, fazendo crescer o aumento dos pobres em muitos países.

O crescimento dos pobres, que abandonam os seus países de origem à procura de melhores condições de vida, aumenta o número de deslocados, de migrantes, de  emigrantes e de refugiados, que hoje chegam a países desenvolvidos à procura de gestos fraternos e solidários. A pobreza aumentou no mundo e as respostas solidárias de instituições internacionais e dos países de acolhimento tornam-se deficientes perante as necessidades e provocam novos problemas sociais, quer no acolhimento, na integração e inserção social.

Temos todos, que dar as mãos, ter os gestos e sentimentos de Jesus Cristo e viver a fraternidade e a solidariedade, para que ninguém hoje venha a morrer de fome. As instituições de solidariedade social da Igreja como sejam a Cáritas, os Centros Sociais Paroquiais, as Misericórdias, os grupos de Pastoral Social organizados nas paróquias, as Conferências de São Vicente de Paulo, a Legião de Maria, o Voluntariado, os Movimentos eclesiais e instituições da Igreja têm o dever de pôr em prática o mandamento novo do amor e cumprir as obras de misericórdia.

Para os cristãos acolher e partilhar o pão, dar um copo de água a quem tem sede, dar roupa aos necessitados, socorrer os famintos e os pobres é sempre um desafio do Evangelho da fraternidade e da solidariedade social. “Tudo o que fizerdes ao mais pequenino dos meus irmãos a Mim o fizestes” (Mt 25,40).

Santo Agostinho convidava cada comunidade a cuidar dos seus pobres. Façamos nós também o mesmo cuidando dos pobres, que estão à nossa volta, ajudando-os a ultrapassar as suas necessidades e dando-lhes trabalho, dignidade e pão.

Ser pobre não pode ser uma forma de descriminação das pessoas na sociedade, mas tem que ser um desafio à inclusão e à integração dos mais frágeis, dos mais pobres e marginalizados na sociedade. Cuidemos dos pobres e sejamos instrumentos felizes da sua integração na vida da sociedade e da própria Igreja, partilhando com eles o pão de cada dia.

 

† António Luciano, Bispo de Viseu

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