O nosso caminho de Advento iluminado através das mais diversas dinâmicas, convida-nos a vigiar e a despertar do sono, porque o novo dia vai chegar.
Erguei-vos e levantai-vos, um grito do profeta, que nos convida à mudança e à conversão, porque o Messias, o Salvador esperado e desejado das nações está a chegar, está próximo, é preciso abrir-lhe o nosso coração.
Como Maria levantemo-nos apressadamente, é preciso partir para ir ao encontro de quem precisa de nós.
O Advento é sempre um tempo de partida, de espera, de busca, de encontro, de diálogo e de resposta às grandes questões, que preocupam a humanidade.
A existência do ser humano, a vida, o trabalho, a busca de sentido para a vida, a experiência pessoal e comunitária da fé, a vocação assumida como dom, a exigência cristã do testemunho, a credibilidade e a fidelidade dos compromissos, a pandemia, a guerra, o desemprego, a falta de segurança, são temas de reflexão para um encontro pessoal com Cristo, num caminho de reconciliação e de paz.
A nossa fé cristã deve ser abrangente e superar os muros construídos pelos nossos medos, pelos nossos fracassos, pelas nossas infidelidades e pela falta de coragem e audácia em dar testemunho do Ressuscitado.
Perante as crises da Igreja e do mundo, a falta de identidade da essência do ser cristão, muitos perguntam, como será amanhã o futuro da Igreja e do cristianismo. Tomás HalíK perante esta realidade e o fenómeno da descristianização galopante responde, que “ não é surpreendente que muitas pessoas acreditam que a única alternativa que resta é abandonar o Cristianismo e a fé”. O tempo do Advento marcado pela esperança messiânica é um tempo para tirar dúvidas e responder a interrogações acerca da vivência, da experiência e do testemunho da fé. É um tempo forte de escuta da Palavra de Deus, de interiorização, de oração, de celebração, de partilha e de discernimento, para encontrar a beleza e a força do que significa fazer a vontade de Deus.
Perante a situação de abandono da Igreja e da fé por muitos durante a pandemia, o afastamento dos cristãos da vida da Igreja, que ainda não regressaram, leva-nos a dar passos para continuar a procurar pelos desertos e encruzilhadas da vida, aqueles que se perderam. Apesar de todas as dificuldades a Igreja não deve desanimar, nem deixar que a desviem do caminho. Os desafios da evangelização na Igreja nascente após o Pentecostes, continuam hoje atuais, quer no conhecimento da história, quer nas formas de se dirigir a pessoas de diferentes culturas, povos e línguas.
“Se no meio das mudanças da História, a nossa fé deve permanecer ainda uma fé cristã, então o sinal da sua identidade é kenosis, auto-entrega, auto-transcendência”. Devemos continuar a procurar Cristo no mundo de hoje, neste caminho de Advento, no meio das adversidades e contrariedades, reconstruindo em cada dia a identidade cristã presente agora no lugar e no tempo, através do testemunho de uma fé madura e simples.
”Qual será o futuro do Cristianismo? Se o mistério da Encarnação prossegue na história do Cristianismo, então devemos estar preparados para que Cristo continue a entrar criativamente no corpo da nossa História, em diferentes culturas – e a entrar muitas vezes com a mesma direção e anonimato com que outrora entrou num estábulo em Belém” (Tomás Halík).
Neste tempo de esperança contemplemos as figuras de Advento:
– Isaías, figura imprescindível do tempo do Advento, é um comunicador da promessa de Deus a um povo destroçado pelas consequências do pecado. Este povo espera a glória que lhe vem da parte do Senhor. Os sobreviventes de Israel são um pequeno número, “um resto” de sobreviventes, mas para o Senhor a quantidade não é importante, mas como se trata de “um resto” fiel, o Senhor escolhe o que é humildade aos olhos dos homens, para manifestar a salvação. Não é a força dos homens que vence, mas a gratuidade de Deus.
– João Batista, o profeta que apresenta o Messias esperado como o verdadeiro Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. João Batista é a voz que clama no deserto “endireitai os caminhos do Senhor”, porque Ele está a chegar. João Batista com a sua pregação anuncia e faz chegar o tempo novo. A sua pregação vem renovar, restaurar e transformar a humanidade que continua a esperar o Messias, que vai chegar. Sejamos profetas do verdadeiro caminho do Advento.
– Maria, a mulher do “Sim” e do serviço, da alegria e do “Magnificat”, que se levantou apressadamente e partiu para ir servir a sua prima Isabel. O encontro entre as duas mulheres que estão para ser mães. Este encontro provoca alegria, felicidade e bênção. Contemplemos Maria no caminho do Advento, a Senhora da Esperança, a Imaculada Conceição, que oferece ao mundo cansado a vida nova.
– José, o servo fiel e prudente, o homem da escuta, do silêncio, da obediência, do cuidado e do trabalho discreto e perseverante.
Entreguemos os jovens, os animadores e as famílias em caminhada para a Jornada Mundial da Juventude à proteção de Maria Imaculada e de São José, para que os ajudem a crescer como Jesus em sabedoria, estatura e graça.