Lembrando os santos vizinhos, os santos de ao pé de casa, quero invocar e lembrar nesta semana o nosso padroeiro São Teotónio.
A santidade é o dom do próprio Deus que nos é oferecido em cada dia da nossa vida. “A santidade é o rosto mais belo da Igreja. Mas, mesmo fora da Igreja Católica e em áreas muito diferentes o Espírito suscita sinais da sua presença, que ajudam os próprios discípulos de Cristo” (GE 9). A santidade é uma dádiva de Deus, um chamamento, uma proposta de vida para todos, “sede santos, porque eu sou santo” (Lev 11,45).
Embora cada um por seu caminho como diz o Concílio Vaticano II há testemunhos que são úteis para nos estimular e motivar. Esta semana quero apresentar-vos São Teotónio, São Francisco e Santa Jacinta Marto. Escreve o Papa Francisco: “Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir, (…). Esta é muitas vezes a santidade ‘ao pé da porta’, daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus, ou – por outras palavras – da ‘classe média da santidade’ ” (GE 7).
Tendo diante de nós o exemplo e o testemunho do padroeiro da nossa Diocese, São Teotónio a nossa vida de cristãos deve de ser diferente e mais comprometida com os pobres, os vulneráveis e os doentes. Empenhemo-nos todos na renovação da missão Sinodal da Igreja. Jesus faz nos um apelo, chama-nos a deixar tudo como condição para o seguir com disponibilidade e radicalidade.
Os discípulos deixaram o barco e as redes para seguir o mestre. Este chamamento é feito também a cada um de nós. Seguir Jesus para estar com Ele e depois sermos enviados em missão ao mundo. Também São Teotónio foi chamado por Deus e enviado para esta terra de Viseu, onde foi convidado a construir a Igreja de Jesus Cristo em tempos difíceis e pobres. Olhando para a sua vida, para a sua missão de profeta e pastor encontramos na sua vida um estímulo e uma referência pastoral para os nossos dias. São Teotónio desafia-nos com o seu espírito de fé e o seu modelo de pastor a fazer o caminho juntos, a sermos verdadeiros amigos de Deus e do próximo, colocando sempre Deus em primeiro lugar. Cuidando dos pobres, da evangelização e da construção da fraternidade, da solidariedade e da paz no mundo de hoje e na Igreja.
A santidade deve crescer na nossa vida com pequenos gestos, com orações simples atentos sempre às palavras de Jesus: “Brilhe a vossa luz diante dos homens”, para que iluminados por Cristo vos dediqueis ao serviço dos pobres e das vítimas que sofrem qualquer tipo de dor, humilhação, exploração, abandono e abuso.
O relatório apresentado pela Comissão Independente apresentado ao presidente da CEP, sobre os abusos de crianças menores na Igreja em Portugal, no passado dia 13 de fevereiro, deve ser para cada um de nós um motivo de profunda tristeza, dor e reflexão para condenar todos os males do mundo. Os abusos sexuais de crianças são crimes hediondos que devemos reprovar e condenar sempre. Tudo deve ser feito na prevenção das crianças, adolescentes e jovens, para que nunca mais aconteçam estes crimes. Pedimos perdão a Deus por todo mal que foi feito a todas as vítimas de abusos sexuais, rezemos por elas e pelas suas famílias, pelos abusadores que tantas dores e sofrimento causaram a tantas pessoas. Desafiados pastoralmente na condenação de tão grandes males empenhemo-nos como cristãos a ser construtores de comunidades fraternas e sadias, inspiradas na vida e santidade de São Teotónio.
Que São Teotónio nos ensine a sermos líderes na Igreja com responsabilidade, liberdade e competência humana, teológica e evangélica.
“Praticando a verdade na caridade” (Ef 4,15), procuremos em tudo fazer a vontade de Deus, exercitando-nos a viver na verdade, na caridade, na esperança e na prática do bem.
Imploremos a proteção de São Teotónio, mestre insigne e pastor, zeloso na missão, nosso padroeiro para que cuide sempre de nós. Peçamos a São Francisco e Santa Jacinta Marto, as duas candeias que Deus acendeu no mundo para iluminar a humanidade e a Igreja, a graça de sermos perseverantes no caminho da oração, da conversão e da penitência.