A Quaresma é o tempo propício para uma verdadeira transformação interior dos crentes na valorização da sua fé e na busca de sentido para a vida com ideal.
Tomás Halík escreve no seu livro “A tarde do Cristianismo. O tempo da transformação” o seguinte: “A imagem das igrejas fechadas e vazias durante a pandemia de coronavírus foi para mim um profético sinal de alarme: em breve, este poderá bem ser o estado permanente da Igreja se ela não passar por uma profunda transformação”.
A Quaresma é o tempo propício da liturgia para uma verdadeira transformação e renovação interior a caminho da Páscoa. A valorização da fé cristã e a busca de sentido para a vida encontra em Jesus Cristo e no seu mistério pascal a verdadeira fonte.
Diante de todas as crises, de todos os males do mundo, de todos os pecados, de todas as provações e de todos os sofrimentos da humanidade, está sempre Jesus a carregar a sua Cruz e a fazer-nos o convite para o seguir. “Quem quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz de cada dia e siga-Me” (Mc 8,34).
O caminho de Jesus para Jerusalém é o caminho da Igreja realizado em cada dia e em cada tempo da história. Na peregrinação somos convidados a renovar a nossa condição de discípulos missionários, seguindo atrás do mestre que nos chama.
A vida eclesial durante a Quaresma torna-se muito intensa através da escuta da Palavra de Deus, da oração mais intensa e da caridade mais diligente. Cada comunidade promove imensas atividades: retiros, cursos, conferências quaresmais, celebrações penitenciais, vias-sacras, vinte e quatro horas para o Senhor, pregações, procissão dos Passos, orações acompanhadas de gestos de penitência e de caridade partilhando o pão para ajudar a Cáritas e os irmãos da Turquia e da Síria, destino da nossa renúncia Quaresmal.
Aproveitemos este tempo espiritual, este caminho de preparação para a Páscoa e façamos dele uma nova primavera espiritual para a Igreja, chamada a ser luz e fermento para transformar a humanidade de modo a ser mais justa, segura e fraterna. “Este nosso tempo não é apenas uma época de mudanças, mas uma verdadeira mudança de época”, diz o Papa Francisco.
A Liturgia da Quaresma apresenta-nos Jesus como o único caminho que devemos seguir numa proposta de felicidade e de vitalidade da vida cristã.
Neste tempo de verdadeira Páscoa, tomemos consciência dos desafios que Jesus nos faz para assumirmos o compromisso de ser uma Igreja sinodal em renovação. Como povo de Deus, clérigos, consagrados e leigos vivamos a vocação e a missão que nos foi confiada no Batismo com liberdade, responsabilidade e esperança.
A vida de Jesus é nos comunicada pela graça divina, que o Pai nos oferece, quando nos diz no Batismo de Jesus e no Monte Tabor “este é meu Filho muito amado: escutai-O” (Mt 3,17).
A Quaresma é um tempo favorável, um retiro espiritual que devemos valo- rizar como tempo de renovação interior, de crescimento na fé, de conversão pessoal e de inserção na vida da Igreja. Tempo para tomar consciência do que significa viver a vocação cristã como dom e serviço a Deus e ao próximo.
Valorizemos este tempo com um contacto mais familiar com o estudo da Palavra de Deus e a prática da “Lectio Divina” na nossa vida.
Trabalhemos a nossa vida espiritual, façamos da oração, o nosso respirar de cada dia. Rezemos mais e melhor em família e em comunidade.
Demos testemunho da nossa fé e da nossa esperança cristã.
Rezemos pelos jovens em caminhada para a Jornada Mundial da Juventude e também pelas famílias de acolhimento da nossa Diocese, a quem agradeço o seu testemunho e espírito de acolhimento.
Partilhemos o nosso pão com os pobres e os mais necessitados, contribuindo com os nossos bens para que a Cáritas Nacional, Diocesana e Paroquial cumpram a sua missão de amor e caridade para com o próximo.