Observatório Pastoral
Passaram já dois anos que teve início o Ano “Família Amoris Laetitia”, convocado pelo Papa Francisco, e que culminou com o Encontro Mundial da Família, em junho de 2022, na cidade de Roma. O Papa quando convocou este ano especial, pediu um novo olhar sobre a família, por parte da Igreja, salientando que “não basta reafirmar o valor e a importância da doutrina, se não nos tornarmos guardiães da beleza da família e se não cuidarmos das suas fragilidades e feridas com compaixão”.
No âmbito do processo sinodal que toda a Igreja está ainda a empreender, e que culminará só em outubro de 2024, gostaria de partilhar a síntese que o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida apresentou a partir dum breve instrumento pastoral destinado às dioceses, paroquias, movimentos e associações, com algumas sugestões. O documento, intitulado Reflexões para um caminho sinodal com a família, afirma: “O caminho sinodal já não pede para refletirmos apenas sobre as necessidades e expectativas das famílias, mas sobre a contribuição que a família como tal pode dar ao caminho sinodal da Igreja, como sujeito pastoral.” Sintetiza que para um “caminhar juntos” com as famílias, é preciso:
- Discernir como o Espírito chama as famílias, e não só os indivíduos, a serem instrumentos de fraternidade no caminho sinodal.
- Viver um processo eclesial participativo e inclusivo, que ofereça aos esposos e às famílias a oportunidade de se exprimirem e serem ouvidos.
- Reconhecer e valorizar, na ação pastoral, a riqueza e a variedade dos dons das famílias, para o bem da comunidade.
- Experimentar modos participativos para as famílias poderem fazer-se presentes e exercitarem a sua responsabilidade eclesial, tentando converter preconceitos e costumes ineficazes em novas modalidades, que tenham início também de propostas das famílias.
- Como podemos considerar a casa como lugar da pastoral e do anúncio?
- Estabelecer as famílias como dignas de crédito.
- Regenerar as relações interfamiliares como a amizade e a partilha.
- Fomentar a formação das famílias para a comunhão dentro de si mesmas e na comunidade eclesial, colocando em diálogo a Exortação Apostólica Amoris Laetitia e a Encíclica Fratelli Tutti.
- Envolver as escolas para fazer o caminho sinodal chegar até mesmo em lugares onde as famílias estão distantes da Igreja.
Aguardamos, com fé e esperança, que todo este caminho que estamos a fazer juntos, com as famílias, possa constituir uma oportunidade para manter viva a chama da esperança de que a Igreja e a humanidade convergem para o cume da salvação, pela ação do Espírito Santo que renova todas as coisas. Se nós, os batizados, somos chamados a ser «uma mensagem que o Espírito Santo extrai da riqueza de Jesus Cristo e dá ao seu povo» (GE, 21), então cada uma das famílias tem uma missão a cumprir no mundo, um testemunho a dar.
Os grupos e movimentos da pastoral familiar têm um papel preponderante na concretização da missão evangelizadora e da ação pastoral nas dioceses e paróquias. Vamos lá!