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Bendita seja a Paixão do Redentor, que para nos livrar das culpas, morreu por nosso amor!

A festa da Páscoa está a chegar. Iniciamos a Semana Santa recordando a entrada solene de Jesus na cidade Santa de Jerusalém, para aí entregar a sua vida ao projeto salvífico do Pai e na obediência morrer na cruz, para salvar a humanidade.

O Domingo de Ramos, chamado da Paixão do Senhor, reúne “duas antigas tradições na mesma celebração litúrgica, única no seu género: o costume de uma procissão em Jerusalém e a leitura da Paixão em Roma” (Diretório Homilético, 77). A celebração assinala a entrada real de Cristo em Jerusalém de modo festivo, para, de imediato, na liturgia da Palavra da Eucaristia, dar lugar à leitura de um dos Cânticos do Servo sofredor, Paulo falar aos Filipenses de Cristo como o homem, que “humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz”, para depois ler aos fiéis a proclamação do Evangelho da Paixão do Senhor.

A Igreja convida-nos, através da celebração do Domingo de Ramos, a entrar na atmosfera espiritual da Semana Santa e a subir a Jerusalém, para aí com Jesus vivermos com fé a memória da sua entrada triunfal na cidade Santa, onde chegou montado num jumentinho, filho de uma jumenta, enquanto o povo O aclamava com ramos de oliveira e de palmeira cantando: “Hossana ao Filho de David. Bendito o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel. Hossana nas alturas”. Jesus chega a Jerusalém para aí viver a Sua Paixão, morrer por nós e ressuscitar na celebração da sua Páscoa.

Esta celebração ajuda-nos a compreender todo o mistério da vida de Cristo, que passou a sua vida a fazer o bem e se entregou voluntariamente à morte para fazer a vontade do Pai. Jesus entra como Rei na cidade Santa de Jerusalém, diante da qual “Ele chorou”, porque esta não quis ouvir os seus apelos à conversão. Jesus mostra-nos a graça e a misericórdia do Pai, que não se cansa de perdoar os nossos pecados e vir ao encontro dos pecadores. É neste contexto que Jesus inicia o mistério da sua Paixão, Morte e Ressurreição.

A riqueza espiritual da Paixão e Morte de Jesus é imensa para a vida da Igreja e missão dos cristãos. O amor manso, humilde e misericordioso, que a todos eleva a uma vida mais perfeita em Deus.

Bendito o Rei, que vem anunciar a boa nova e a paz. Uma paz duradoura, fruto da missão de Cristo, continua a animar os discípulos missionários e realiza, misticamente, nesta Semana Santa, a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Jesus.

Chegou a hora de Jesus. Aquele que passou a sua vida a fazer o bem, o nosso maior amigo, deu a vida por nós, amando-nos até ao fim. Diante da leitura da Paixão, que escutámos com fé, resta-nos agora fazer um momento de silêncio e de oração, para agradecer a Jesus, que na Cruz pediu perdão ao Pai por nós e nos concede a vida em abundância.

O acontecimento da morte de Jesus na cruz e da sua ressurreição permanece sempre connosco e atrai toda a nossa vida ao seu amor. Como Jesus, também nós precisamos de subir a Jerusalém em cada dia da nossa vida, para participarmos com Ele nos mistérios da Sua Redenção, oferecidos ao Pai por todos os homens.

O sofrimento de Cristo na Sua Paixão, o abandono de Cristo na Cruz e a sua Morte aconteceram por mim e por ti. São a Sua maior prova de amor. Ele deu a vida e morreu por mim, por ti, por nós. Foi esta a Sua maior prova de amor: amou os seus que estavam no mundo, até ao fim. Cristo morreu na Cruz por mim? Morreu por ti? Pensemos muitas vezes nisto! Vivamos a nossa fé em proximidade e comunhão com todos os abandonados e marginalizados da nossa sociedade, com todos os que são vítimas das mais diversas formas de sofrimento no mundo, olhando para Jesus o “Crucificado, Ressuscitado”.

A Paixão de Jesus continua hoje na vida e na história de tantos homens e mulheres, crianças e jovens, adultos e idosos, irmãos nossos, que sofrem vítimas dos horrores da guerra, da violência, da fome, do abandono, da solidão, das injustiças e de tantas causas de doença e de morte. Tantas vítimas de exclusão, de indiferença, de esquecimento, de abusos das mais diversas formas, de gente inocente e indefesa, a quem foi roubada a dignidade, a integridade, a vida humana, psicológica, moral e espiritual.

Jesus do alto da Cruz continua a olhar para cada um de nós, para os doentes, para os moribundos, para os agonizantes, para os que morrem nas mais diversas circunstâncias da vida, porque todos temos um lugar especial no seu coração trespassado. Na Paixão e Morte de Cristo na Cruz ninguém é esquecido, nem excluído, ou abandonado nas suas dores e necessidades, todos fomos perdoados e nas suas chagas fomos curados.

Procuremos com um verdadeiro espírito de penitência, de oração e de caridade cristã viver com intensidade a espiritualidade e a liturgia da Semana Santa, mergulhando cada vez mais o nosso coração no Tríduo Pascal, e aí descobrirmos a verdade salvífica e a atualidade dos mistérios de Cristo e da Igreja na nossa vida. No mistério da Sua Paixão, unidos a Cristo Senhor e Rei do Universo, proclamemos com fé e alegria, que toda a nossa glória estar na Cruz, de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Convido-vos a sermos generosos na partilha da nossa Renúncia Quaresmal, que este ano se destina às vítimas do intenso terramoto na Turquia e na Síria. Rezemos por esses irmãos envolvidos em tanto sofrimento e dor, a quem falta tudo o que é necessário para viver.

Vivamos intensamente esta Semana Santa, unidos com Maria, os Apóstolos e São José. Escutemos com fé a Palavra de Deus, rezemos com mais fervor a Deus, pelas intenções do mundo, da Igreja, pela nossa conversão, pelos pecadores e por todas as vítimas inocentes, injustiçadas e abandonadas, pelas vítimas dos abusos, do ódio, da violência, da guerra, pelos pobres, doentes, marginalizados, migrantes e refugiados do mundo.

A Semana Santa, vivida em profundo silêncio interior, em espírito de jejum e penitência, em fecunda caridade fraterna, num maior cuidado com às crianças, adolescentes e jovens a caminho da Jornada Mundial da Juventude, ajude as famílias de acolhimento, os animadores e os voluntários da JMJ a serem fiéis à sua missão.

Rezemos pelas grandes intenções do mundo e da Igreja, pela paz e pela não violência, e pela recuperação da saúde do Papa Francisco, para que Deus o fortaleça e ajude no múnus da sua missão de Pastor da Igreja universal.

Viseu, 2 de abril de 2023

+ António Luciano dos Santos Costa, Bispo de Viseu

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