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Observatório Pastoral

 

«Enquanto as seitas só aceitam aqueles que são plenamente observantes e comprometidos, a Igreja deve manter um espaço aberto para os buscadores espirituais, para aqueles que, apesar de não se identificarem plenamente com os seus ensinamentos e as suas práticas, sentem no entanto uma certa proximidade ao cristianismo.» Palavras de Tomáš Halík num recente encontro europeu, em Praga, com vista ao sínodo sobre a sinodalidade.

Mas no contexto quotidiano de uma normal comunidade cristã, que espaço, que atenção, que olhar, que tempo é reservado aos buscadores que, hoje, são a maioria (ou pelo menos são muito mais do que aqueles que participam com convicção nas atividades de paróquias, associações, movimentos)?

A impressão é que não haja vestígios dessa atenção. Porque a quase totalidade das iniciativas de uma comunidade é hoje absolutamente autorreferencial, e o mesmo se diga dos seus códices comunicativos e gestuais. E, no entanto, há buscadores que poderiam falar e escutar, buscadores com quem seria belo e enriquecedor partilhar um trecho do caminho, sem a pretensão de os “converter”.

Trata-se do vastíssimo âmbito da espiritualidade, ainda vive atualmente, mais ou menos ocultamente. E esta nova atenção aos buscadores tocaria também outras questões: o nó da cultura, o nó dos jovens, o nó da atenção interior e a abertura ao transcendente a não reduzir ao culto e à liturgia.

Mas, de verdade, que pensamento há sobre os buscadores no quotidiano paroquial?

Experimento avançar algumas propostas. Porque não pensar num momento ao entardecer recorrente, talvez no fim de semana, de simples abertura de um “espaço físico espiritual” que se torne também um “espaço interior espiritual”? Onde talvez se pudesse escutar alguma palavra universal de abertura ao mistério, seja esta uma página de literatura, de filosofia, de Evangelho? O buscador não é hostil às grandes narrativas bíblicas, que trazem consigo valores de alcance antropológico transversal. O importante é fazer ressoar a Palavra, dar espaço ao Espírito que em cada ser humano provoca uma ressonância, mesmo quando não se o reconhece.

E que dizer de algum momento artístico, com artes figurativas, a música, o teatro, sem, contudo, cair na apologia, hoje muitas vezes intelectualmente pobre e humanamente abstrata? Talvez seja este o maior obstáculo: sair do esquema apologético, da tentação do proselitismo.

E ainda: porque não pensar em “oásis de silêncio”, onde só se está para permanecer, num ambiente apropriado, à escuta de ressonâncias interiores num clima de serenidade, de atenção ao íntimo? Penso também em espaços extra eclesiais, talvez ao ar livre, onde apenas se contemple a criação, em comunhão com o próprio eu na sua inteireza e em comunhão com aqueles que desejam estar juntos.

Todavia, será fundamental o “como” se comunicam essas iniciativas, para ser claro que o propósito é criar lugares de diálogo, de cultivo das relações, da atenção a si próprio. Em certo sentido era o que foi várias vezes proposto, a partir de um convite de Bento XVI, com o nome “Átrio dos Gentios”, mas de alcance mais reduzido, com uma medida mais quotidiana e local.

Será necessário unir ideias, energias, disponibilidade. Será decisivo tentar construir caminhos partilhados com os buscadores, dar-lhes inclusive responsabilidade, dar-lhes a palavra. Pôr-se à escuta.

 

 

Sergio di Benedetto
In Vino Nuovo
CategoryDiocese, Pastoral

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