Observatório Pastoral
Não podemos continuar a viver nas nossas paróquias e comunidades de maneira rotineira. Temos de reagir. O Papa Francisco chama-nos para «uma nova etapa evangelizadora marcada por esta alegria» de Jesus (Evangelii Gaudium 1). Temos de superar medos, rotinas e vacilações. Temos de juntar esforços e aprender uns com os outros. Nos próximos anos, podemos dar passos eficazes nas nossas comunidades em vista de um novo nível de vida cristã mais inspirada e motivada por Jesus, e mais bem organizada para trabalhar ao serviço do projeto humanizador do Reino de Deus.
O Papa Francisco disse-nos que, se ficarmos paralisados por dúvidas e temores, em vez de sermos criativos, instalar-nos-emos na comunidade e seremos «simplesmente espectadores de uma estagnação estéril da Igreja» (E.G 129).
A Igreja caminha atualmente entre luzes e sombras. É fácil observar nas nossas paróquias e comunidades o impulso e os ganhos positivos do Concílio Vaticano II: participação mais ativa e responsável dos leigos, revitalização das celebrações litúrgicas, melhor ação catequética… É certo que a crise de fé, o afastamento imparável dos que abandonam a Igreja, o envelhecimento das comunidades, a crise vocacional… despertam muitas inquietações perante o futuro. Porém, quando o desalento e o pessimismo se vão apoderando de muitos, a atuação e a mensagem do Papa Francisco estão a despertar de novo o alento e a esperança.
A opção de fundo tem de ser firme e realista: promover um processo de renovação que nos leve nos anos que aí vêm a um nível de vida cristã mais inspirada e motivada por Jesus, e mais comprometida em colaborar com o seu projeto humanizador. Não podemos viver estes tempos de maneira rotineira ou estagnada. Temos de recordar com frequência esta opção e tê-la presente nos nossos encontros e celebrações para que vá penetrando na consciência da comunidade. É necessário ajudar as paróquias a pôr em marcha um processo de renovamento:
– Pôr Jesus no centro da comunidade para fundamentar a nossa fé com mais verdade e mais fidelidade à sua pessoa, fonte e origem da Igreja, a única coisa que justifica a sua presença no mundo e a única verdade que nos permite viver como seus seguidores.
– Libertar a força renovadora e salvadora do Evangelho, pondo os membros da comunidade em contato mais direto com os evangelhos, para que a mensagem de Jesus ilumine os problemas, interrogações e sofrimentos dos homens e mulheres de hoje.
– Recuperar o projeto humanizador do Reino de Deus como horizonte e objetivo das atividades da comunidade. Não podemos viver encerrados nos nossos interesses particulares, nos nossos costumes religiosos, nos nossos programas, nos nossos adeptos… Temos de trabalhar para que este projeto seja também hoje a força, o motor e a razão de ser das comunidades dos seus seguidores.
– Reavivar o espírito profético e evangelizador próprio das comunidades de Jesus. Temos de aprender a viver no meio da sociedade atual uma presença alternativa, não conformista. Os gestos, as atividades e o estilo de vida dos que formam uma comunidade de Jesus têm de apontar para um mundo mais justo e fraterno, mais digno e solidário.