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A Assunção de Maria ao Céu

  1. Maria, a Imaculada, é a Assumpta, elevada à glória do Céu.

A Igreja celebra, com alegria e júbilo, a solenidade da Bem-Aventurada Virgem Maria, no mistério da sua Assunção à glória do Céu em corpo e alma.

Os Santos Padres, dirigindo-se aos fiéis na festa da Assunção da Mãe de Deus, “falaram deste facto como já conhecido e aceite pelos fiéis; expuseram-no com mais clareza e explicaram mais profundamente o sentido e importância desta festa, procurando especialmente esclarecer que o objeto da festa não era apenas a incorrupção do corpo mortal da bem-aventurada Virgem Maria, mas também o seu triunfo sobre a morte e a sua glorificação celeste, à semelhança de Jesus Cristo, seu Filho Unigénito” (Constituição Apostólica Munificentissimus Deus do Papa Pio XII, 1950).

Maria, sem passar pelo mistério da morte, na hora derradeira da sua vida na terra, é rodeada pelos coros dos Anjos e dos Arcanjos, que a elevam em corpo e alma como Rainha do Céu, até junto da glória de Deus. Na glória do Céu, Maria continua a cuidar dos seus filhos como Mãe de Cristo, da Igreja e da humanidade redimida.

O Salmo responsorial relata a festa que aconteceu no Céu. O Céu é a morada de Deus e dos seus santos. Maria vive na comunhão com Deus, contemplando-O face a face.

Ao terminar a sua peregrinação sobre a terra, “a Virgem Imaculada preservada imune de toda a mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrena, foi elevada ao céu em corpo e alma e exaltada por Deus como rainha, para assim se conformar mais plenamente com seu Filho, Senhor dos senhores (cf. Apoc.19,16) e vencedor do pecado e da morte” (LG 59).

A Virgem Santíssima é elevada à glória do Céu em corpo e alma, privilégio da vida de Maria, a que chamamos o mistério da sua Assunção ao Céu, sinal de que o seu corpo não sofreu a corrupção.

Maria, na glória do Céu, vive junto de Deus, sentada à direita de seu Filho Jesus a interceder por nós, peregrinos da Jerusalém celeste.

  1. A missão de Maria continua viva na glória do Céu.

A mediação maternal de Maria não se limitou ao seu percurso na terra e a acompanhar Jesus durante a sua vida terrena, mas continua, com eficácia, no Céu, junto da Santíssima Trindade, como intercessora e medianeira de todas as graças.

“De facto, depois de elevada ao céu, não abandona esta missão salvadora, mas, com a sua multiforme intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna. Cuida, com amor materno, dos irmãos de Seu Filho, que, entre perigos e angústias, caminham ainda na terra, até chegarem à pátria bem-aventurada. Por isso, a Virgem é invocada na Igreja com os títulos de advogada, auxiliadora, socorro, medianeira” (LG 62).

A Virgem Maria está intimamente ligada à vida de Cristo e da Igreja, porque Ela foi pensada desde toda a eternidade para cooperar na obra da salvação e da redenção do género humano. A fé, dom sobrenatural, convida-nos a caminhar para Cristo e ir ao seu encontro, conduzidos pelas mãos de Maria.

A Igreja vê em Maria a discípula fiel de Seu Filho Jesus, a qual procura imitar com exemplaridade na sua vida de Mãe, de Mestra e Educadora. Neste ícone de Maria apresentado no Evangelho como a mulher do “sim”, do serviço” e do “louvor”, caminhem os fiéis peregrinos sobre a terra e sejam convidados a imitar as virtudes e a santidade da Mãe de Jesus. Maria é como um espelho onde permanentemente se reflete o amor e a vida de Deus.

“Pelo dom e missão da maternidade divina, que a une a seu Filho redentor, e pelas suas singulares graças e funções, está também a Virgem intimamente ligada à Igreja: A Mãe de Deus é o tipo e a figura da Igreja na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo, como já ensinava Santo Ambrósio”( LG 63).

Maria, com ardor de Mãe, ofereceu-nos o Seu Filho Jesus Cristo, que Deus estabeleceu  como primogénito de muitos irmãos (cf. Rom. 8,29), para que “reine” para sempre com justiça e paz.

O Concílio Vaticano II afirma que “a Mãe de Jesus, assim como foi glorificada já em corpo e alma, é imagem e início da Igreja que se há de consumar no século futuro, assim também, na terra, brilha como sinal de esperança segura e de consolação, para o povo de Deus ainda peregrinante, até que chegue o dia do Senhor (cf. 2 Pe 3,10)” (LG 61).

  1. Do Céu Maria indica-nos o caminho da esperança: “aspirar às coisas do alto”.

Maria é-nos assim apresentada como sinal de segura esperança e de consolação para o povo de Deus peregrino. A segurança em Deus está no caminho da humildade e da confiança. “Faça-se em mim segundo a Tua Palavra”. Maria faz em tudo a vontade de Deus.

Maria é o grande sinal da nova criação, é a nova Eva, a cheia de Graça. A mulher do tempo novo anunciada pelos profetas, que está sentada à direita do Senhor, como a Rainha do Céu ornada do ouro mais fino.

O Livro do Apocalipse afirma que “apareceu no Céu um sinal grandioso: Foi vista a arca da aliança, um sinal da presença de Deus.” Deus revela-se sempre aos simples e aos pequeninos: “Uma mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça”. “Estava para ser mãe e gritava com as dores da maternidade”. A humanidade continua hoje em processo de gestação, em dores de parto, até que surja Jesus na vida de cada um, como o rebento novo da salvação.

Apareceu um outro sinal: “um enorme dragão cor de fogo, com sete cabeças e dez chifres e nas cabeças sete diademas”. Veio para fazer o mal, destruir a mulher e o Seu Filho varão. A mulher teve de fugir “para o deserto onde Deus lhe tinha preparado um lugar. “E ouviu uma voz poderosa que clamava no Céu: “Agora chegou a salvação, o poder e a realeza do nosso Deus e o domínio do seu ungido” (cf. Ap 11 6ª. 1oab).

  1. Cristo, o Crucificado, Ressuscitado é o Vencedor do pecado e da morte.

Cristo Ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Por um homem, Adão, veio o pecado e a morte ao mundo. Por Cristo veio a vida nova, a redenção e o perdão dos pecados. Cristo Ressuscitado é o primeiro fruto da seara, é a novidade da vida nova. É na vida de Maria a cheia de graça, que a vida nova nos é oferecida como o fruto “bendito do seu ventre”, Jesus o Salvador do mundo. Maria, unida a Cristo, é a primeira criatura a beneficiar dos dons da ressurreição. Assim como a vida de Jesus se tornou presente pela ação do Espírito Santo no seio de Maria, o Espírito Santo habita nos corações convertidos e renovados, que se deixam seduzir como Maria.

  1. A dimensão mariana dos fiéis deve ser realizada na alegria, no serviço e no louvor.

O Evangelho da Visitação apresenta-nos Maria como a mulher atenta, disponível, que parte apressadamente para levar Jesus aos outros, a mulher da alegria, do serviço, do cuidado e do magnificat, cântico de libertação e de louvor. Como Maria, a Igreja precisa hoje de “evangelizadores com espírito” (EG 159).

A verdadeira devoção a Nossa Senhora consiste em imitar as suas virtudes: a fé, a humildade, a disponibilidade, a oração, a confiança, o serviço e o louvor. Eis o desafio que nos é feito hoje a todos nós como cristãos, ao celebrarmos a solenidade de Nossa Senhora ao Céu.

Maria é a figura da Igreja em saída missionária (EG 173), a discípula missionária, que nos convida em cada dia a cuidar da pessoa humana ferida, doente, vulnerável, vítima da guerra, da fuga do seu país, da perseguição, da fome e do êxodo dos imigrantes e refugiados que caminham pelo deserto, ou arriscam a travessia do mar na busca de um mundo melhor. O sonho de uma promessa e de libertação torna-se muitas vezes um caminho vertiginoso para a morte.

Imploremos Maria neste Vale de Lágrimas e confiemos-lhe as nossas dores, as nossas esperanças e as nossas angústias. Maria é a mulher da esperança e da mudança. Ela é o sinal do novo Céu e da nova Terra, da Igreja peregrina em caminho sinodal.

Maria é sempre a mulher da escuta, da mudança, da alegria, da criatividade e da confiança no projeto de fé a que foi chamada por Deus. Confiemos a Maria os nossos jovens e os bons frutos da JMJ, na sua concretização pastoral em todas as Dioceses do mundo. Que a Bem-Aventurada Virgem Maria, a Senhora da Assunção, a Senhora do Altar Mor, nossa padroeira continue a cuidar dos pastores, dos consagrados e dos leigos da Diocese de Viseu.

Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, 15 de agosto de 2023

+ António Luciano, Bispo de Viseu

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