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Observatório Pastoral

 

A Alegria está quase omnipresente nos escritos do Papa Francisco, talvez por isso não seja de admirar que tenha desafiado os jovens reunidos em Lisboa à alegria e a perceberem onde é que ela está enraizada.

Poucos, como o Papa, terão uma visão tão abrangente da Igreja, tendo a perceção, o mais exata possível, do que nela acontece, nos quatro cantos do mundo. Talvez por isso, consciente das adversidades que a barca de Pedro vive em cada região do mundo, tenha feito em primeiro o convite ao recolhimento, para permitir o exercício da memória e da gratidão.

Conhecer as nossas raízes, avivar na nossa memória rostos, perceber como paulatinamente fomos esculpidos, ajuda-nos a abraçar, com gratidão, os alicerces nos quais fomos sendo edificados.

Conhecendo as dificuldades que povoam os anos juvenis, as angústias que experimentam os jovens nas diversas latitudes geográficas, sabendo os desafios que hoje são colocados ao pequenino rebanho que é a Igreja, especialmente aos jovens, o Papa convida-nos a uma fascinante e bela viagem às profundidades de quem somos, para entendermos quem é a causa primeira da nossa alegria.

Não se trata de levar uma alegria passageira, uma alegria do momento, trata-se de levar uma alegria que crie raízes. (Papa Francisco, discurso na vigília JMJ Lisboa 23)

É na banalidade da vida, no corriqueiro dos nossos afazeres, que se torna grandiosa a vivência da alegria.

O nosso grande feito será, quando confrontados com a nossa insignificância social, a nossa pequenez numérica, o desdém endémico que provamos, perseverarmos e permanecermos fiéis à alegria que nasce do encontro solitário e preenchido com Aquele que é a razão primeira da nossa alegria.

Se somos herdeiros, também somos transmissores. Recebemos e somos chamados à partilha. (…)

O desafio de agora e de sempre para a Igreja é proporcionar a todos, mas especialmente aos jovens, que estão a criar raízes, experiências de encontro, onde acolhimento, escuta e conversa aconteçam naturalmente, sem agendas prévias nem propósitos apologéticos.

Que nós, Igreja de Jesus, saibamos ser vides por onde a seiva criativa do Espírito circule, levando ao encontro amoroso e sedutor com o Deus que Jesus nos revela, para que vivamos uma alegria duradoura.

Que a Igreja tenha sabedoria para exigir somente aos jovens que não desistam de caminhar.

E pergunto-me, “como podemos converter-nos em raízes de alegria? Olhemos para as nossas raízes, sem medo, não tenham medo!” (Papa Francisco, discurso na vigília JMJ Lisboa 23)

A alegria com raízes, será aquela que está consciente da tribulação, mas permanece enraizada no amor fontal, porque sabe que, mesmo na escuridão da vida, há uma luz que ilumina todos os recônditos da vida, uma chama que incendeia todos os poros da nossa existência e há um oxigénio ainda para respirar, o da esperança e da presença.

Será esta a missão comum de nós todos, discípulos de Jesus: ser raízes de alegria. Homens e mulheres enxertados na raiz primordial, que se alimentam do pão da fraternidade e da palavra transformadora. Será este encontro que fará brotar da profundidade de cada um o desejo ardente de partilhar a alegria em que mergulhámos, partilhando-a afavelmente com os que se cruzam connosco nas veredas da vida.

O repto foi-nos lançado.

 

António Ribeiro
In 7Margens
CategoryDiocese, Pastoral

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