Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Observatório pastoral

Caminhar juntos como Povo reunido na unidade do Pai, Filho, Espírito Santo (LG 4) constitui a identidade da Igreja como Povo de batizados que partilham uma igual dignidade e promovem a única missão da Igreja: fazer presente no mundo o Evangelho que é o próprio Jesus Cristo, proclamando com a vida a alegria do encontro com Aquele que oferece um novo sentido e um novo rumo decisivo à História.

A Igreja realiza e vive a sua missão, dia após dia, no ritmo hebdomadário, celebrando em cada Domingo a alegria da vida ressuscitada e, ainda que a Igreja não viva de acontecimentos extraordinários, mas da certeza de que o Espírito a conduz quotidianamente, os eventos eclesiais são um marco decisivo para renovar o entusiasmo e rasgar novos horizontes. Contudo, é urgente passar de uma Igreja que promove atividades e encontros, para uma Igreja que se constrói nos eventos, acontecimentos e atividades que realiza. Estas JMJ serão um acontecimento estéril, se não somos capazes de ver nelas um laboratório eclesial e sinodal.

Na impossibilidade de medir as surpresas do Espírito, somos chamados a olhar o tempo hodierno como uma verdadeira oportunidade, para fazer presente a Boa-Nova do Evangelho, em cada lugar e em cada cultura. O olhar daqueles que estão treinados pela luz da manhã de Páscoa permite vislumbrar uma nova etapa evangelizadora, que exige um caminho conjunto, onde cada batizado, como parte integrante do Povo de Deus, na circularidade e complementaridade dos diversos dons e carismas, rasga horizontes novos de missão.

As JMJ são um evento que desperta a Igreja para esta urgência: uma nova pastoral, que parte das alegrias e esperanças, anseios e desafios dos homens e mulheres de hoje, para os reler a partir do Evangelho de Jesus Cristo, oferecendo um novo sentido à vida de cada homem e de cada mulher (…). As coordenadas fundamentais das JMJ – acolhimento, festa, partilha, encontro, fraternidade, caminho – devem moldar a ação eclesial.

Esta JMJ aconteceu no interior do caminho sinodal proposto pelo Papa Francisco e a repercussão que ganharam as suas palavras, na colina do Encontro, na celebração do acolhimento, são sinal do desejo que a Igreja seja realmente a casa de todos e um verdadeiro átrio de fraternidade para todos.

      «Todos! Todos! Todos Só assim se realiza a Igreja e só assim o desígnio universal de salvação começa a ganhar concretização. Porém, todos não quer dizer tudo e não significa a abertura da porta do relativismo. (…)

Deste modo, com o Papa Francisco um novo modo de ser Igreja, uma nova pastoral capaz de acolher a todos. É decisiva a interpelação do Papa aos agentes da pastoral, reunidos na celebração de Vésperas, no dia 2 de agosto: «queres apenas conservar o passado que ficou para trás ou lançar de novo e com entusiasmo as redes para a pesca.

(…) É necessário continuar o caminho! É necessário que o acolhimento de todos se transforme no acompanhamento de cada um, para que possa significar uma verdadeira integração na vida cristã, na comunidade dos crentes e no projeto de salvação que Deus tem para a humanidade.

Acolher, acompanhar e integrar são os verbos que devem marcar o ritmo da nossa ação eclesial para que a Igreja possa ser de verdade «o santo Povo fiel de Deus que caminha com a alegria do Evangelho» (Papa Francisco, Angelus, 6 de Agosto de 2023).

Pe. Sérgio Leal, In Não Temos Medo, Paulinas

CategoryIgreja, Pastoral

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