O Padre Silvério Cardoso foi homenageado pelos 60 anos ao serviço dos paroquianos de Carapito, concelho de Aguiar da Beira, distrito da Guarda, mas que faz parte da Diocese de Viseu. A celebração de ação de graças, presidida pelo Bispo D. António Luciano, teve lugar no passado domingo, dia 12 de maio, integrada nas comemorações do dia da freguesia e dos 510 anos da Carta de Foral.
Foi na presença de um grande número de fiéis, representantes locais, familiares e amigos que decorreu a celebração da Eucaristia de ação de graças, num dia de grande festa por tamanha dedicação do Padre Silvério Cardoso aos seus paroquianos.
Com 86 anos, foi ordenado sacerdote a 29 de julho de 1962, pelo Bispo D. José Moreira Pinto, começando por exercer o ministério nas paróquias de Canas de Senhorim e Nelas. No entanto, a 1 de julho de 1964 assumiu a paróquia de Carapito e por lá permanece até aos dias de hoje, estando também responsável pela de Eirado, onde também está há 60 anos, e pelas paróquias de Cortiçada e Valverde onde já completou meio século.
“Sinto-me um padre feliz”, é com esta expressão que o Padre Silvério Cardoso define os seus anos ao serviço dos paroquianos, que diz terem sido “muito bons”, tendo acompanhado várias gerações.
Questionado sobre o segredo para tamanha longevidade, responde: “seguindo aquela recomendação do Papa Francisco, que diz que os pastores devem cheirar a ovelha, pois essa foi a minha preocupação, viver no meio das ovelhas, com as ovelhas e para as ovelhas”, conta, frisando que é um padre muito próximo da comunidade. “Estou sempre acessível para os meus paroquianos e, enquanto tiver forças, continuarei à frente da paróquia”, refere.
O Padre recorda ainda que, no Dia do Bom Pastor, alguém lhe perguntou: “como aguentaste aqui 60 anos?”, tendo respondido: “conheço as minhas ovelhas e elas conhecem-me. É nesta relação de amizade que está o segredo”, complementa.
Citando um livro do seu falecido primo Padre Ricardo Cardoso, onde consta a sua biografia, é referido como “dos primeiros padres sacerdotais nas imediações da linha ferroviária da Beira Alta (quando estava nas paróquias de Canas de Senhorim e Nelas) que depois saltou para Carapito e outras paróquias onde as agarrou de raiz, viu, gostou e por lá ficou”.
Ser padre é uma vocação que vem de família. Com vários primos padres, conta que, naquele tempo, era uma escolha quase intuitiva. “Recordo-me que estava na 3.ª classe, passou por lá o inspetor e perguntou a cada menino o que gostava de ser no futuro e eu recordo-me de dizer que gostava de ser padre”, diz.
Neste seu percurso de mais de 60 anos de pároco assistiu às mudanças na Igreja. “Antigamente havia muitas crianças e os jovens eram mais acessíveis. Agora afastam-se mais da Igreja”, mas diz, em tom de brincadeira, que “não tem muito do que se queixar”.
A celebração da eucaristia foi presidida pelo Bispo da Diocese de Viseu, D. António Luciano, que deu graças “pelo seu ministério, fidelidade e dedicação ao povo de Deus durante 60 anos”. “Parabéns e muitas felicidades por ter sido, no meio deste povo, um sacerdote exemplar, sempre dedicado à vida das pessoas, acompanhando-as, administrando-lhes os dons de Deus, na celebração da Eucaristia, de outros sacramentos e durante os vários momentos felizes das suas vidas. Obrigado por esta manifestação de amor e carinho ao sacerdócio e à Igreja”, referiu.
Durante a homilia, D. António Luciano disse que “como discípulos missionários, temos a missão de viver a nossa vocação cristã na família, na paróquia, na escola, no trabalho e onde quer que sejamos enviados, com alegria e compromisso apostólico”. Agradeceu, ainda, ao Padre Silvério a graça de servir com alegria e testemunho estas comunidades. “Que seja sempre imagem do Bom Pastor no meio de nós e que Nossa Senhora da Purificação lhe dê as maiores bênçãos e graças do Céu na companhia de todos aqueles que Deus lhe confiou”, concluiu.
No final da celebração, foi descerrada uma lápide comemorativa, dos 60 anos de pároco, na presença de uma enorme multidão de fiéis.