A Diocese de Viseu associa-se à comemoração do “Dia da Consciência” celebrado na próxima segunda-feira, dia 17 de junho, a nível internacional em homenagem ao Cônsul Aristides de Sousa Mendes.
Em comunhão com todos os que se associam no mundo inteiro a esta efeméride, expressamos com profundo sentido de justiça e desejo de paz o maior bem para todos os povos do mundo.
Ocorria o dia 17 de junho do ano de 1940, quando o Cônsul de Portugal em Bordéus, França, começou a salvar a vida, de dezenas de milhares de pessoas, crianças, mulheres e homens, que sofriam as atrocidades das tropas nazis que tinham invadido as terras da Europa.
O Dia da Consciência começou a ser celebrado no ano de 2020 com o reconhecimento do Papa Francisco, que indicou Aristides de Sousa Mendes como o seu patrono, em nome da justiça e da defesa da dignidade da pessoa humana, por ter decidido “seguir a voz da sua consciência” e salvar “a vida de milhares de judeus e outras pessoas perseguidas” para lhes dar um visto de entrada em Portugal.
O cônsul foi um homem de coragem, um diplomata responsável, com sentido de respeito e responsabilidade diante da vida e da dignidade da pessoa humana. Ao ser evocado e lembrado, neste dia, como um cidadão arrojado, correndo riscos que punham em causa a sua própria vida e trabalho, foi capaz de fazer um discernimento em consciência, perante um bem maior para defender a pessoa humana de todo o tipo de agressões.
O Papa Francisco tomou como referência o exemplo e testemunho do Cônsul de Bordéus para evocar “que a liberdade de consciência possa ser respeitada sempre e em todo o lugar e que cada cristão possa dar exemplo de coerência, com uma consciência reta e iluminada pela Palavra de Deus”.
A mensagem destaca, ainda, este dia para afirmar que a liberdade de consciência deve ser sempre respeitada, em comunhão com os valores da humanidade.
Num tempo em que o mundo global sofre diversas formas de conflitos, de agressões, de violências, de guerras, de alterações climáticas graves, de fenómenos de pobreza e de miséria, nunca antes vistos, perante cenários de instabilidade social e política, é preciso sonhar com esperança uma nova humanidade enriquecida com valores altruístas, cívicos, políticos, éticos e religiosos.
São precisas pessoas, que cuidem da casa comum, e salvem vidas afrontadas pelos flagelos da guerra, da migração forçada, da situação dos refugiados ou da indiferença.
Vivamos este “Dia da Consciência” unidos a todas as crianças, jovens, mulheres e homens de todo o mundo, que se sentem roubados na sua dignidade, enquanto pessoas humanas, nos seus bens e direitos. Elevemos a nossa prece ao alto, ao Deus da Vida, para que nos ajude a acolher, a cuidar e a integrar todos aqueles que precisam de ajuda.
Rezemos também neste dia por todos aqueles que serviram a humanidade, olhando com respeito para a alteridade do outro, respeitando a sua consciência como “o santuário íntimo” onde o homem é tocado por Deus (cf. GS 16) e cria uma capacidade de liberdade e responsabilidade, perante a reciprocidade da consciência dos seus semelhantes.
Trabalhemos todos por um mundo mais justo e fraterno, em que sejamos construtores de um mundo novo e da paz.
+ António Luciano, Bispo de Viseu