A Igreja peregrina neste mundo caminha animada pela esperança em Deus, que lhe concede novos pastores, para conduzirem os fiéis às fontes da salvação.
A Igreja como Povo de Deus reunida em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, caminha no meio do mundo em direção à Bem-Aventurança eterna através da vocação e da missão de cada batizado.
Na diversidade de carismas cada cristão realiza o chamamento nas mais diversas expressões de vida e testemunho eclesial.
O problema das vocações na Igreja, faz hoje parte da nossa reflexão, porque neste tempo de verão acontecem habitualmente nas várias dioceses de Portugal, momentos especiais para a vida e renovação das mesmas.
Refiro-me às ordenações em muitas dioceses de diáconos, presbíteros e bispos, momentos altos na caminhada da fé.
Foi o que aconteceu no passado domingo na diocese de Beja, no baixo Alentejo, onde a chegou o novo pastor, ocasião de festa com a Ordenação Episcopal de D. Fernando Paiva. Assumiu o governo da mesma para dar continuidade à missão apostólica exercida por D. João Marcos, nesta porção da vinha do Senhor.
Foi um dia marcante e de festa para a Diocese, que recebeu o novo Pastor nascido e batizado na paróquia de Sul, concelho de São Pedro do Sul, na Diocese de Viseu.
A partir da adolescência cresceu, viveu e estudou na Diocese de Setúbal, onde se licenciou em Engenharia Eletrotécnica no Instituto Superior Técnico em Lisboa. Posteriormente frequentou o Seminário de São Paulo em Almada e a Universidade Católica em Lisboa, onde fez a licenciatura em Teologia.
Foi ordenado sacerdote em 2005 pelo Bispo D. Gilberto Canavarro, exercendo o ministério sacerdotal como formador no Seminário, pároco e Vigário Geral da Diocese até à data em que foi nomeado Bispo de Beja.
A sua ordenação ocorreu no domingo passado, tornando-se o 15º Bispo da Diocese. A vocação ao ministério ordenado é sempre um dom de Deus oferecido ao seu Povo, cujo projeto inicia com o sacramento do batismo, que tem expressão na vocação diaconal, presbiteral e episcopal.
O problema das vocações sacerdotais é hoje um assunto pertinente na vida de muitas dioceses devido à sua escassez.
A valorização da vocação laical hoje, assume uma dimensão importante na missão da Igreja, que não pode ser descurada. Pelo contrário, tem de ser assumida e valorizada pelas nossas comunidades, pois da colaboração entre estes ministérios laicais, depende também o incentivo concreto para a dinamização da vocação a diácono permanente, ao sacerdócio e ao episcopado.
A Igreja, enquanto comunidade de chamados deve promover uma “cultura vocacional”, através de propostas concretas, de formação humana e cristã e de momentos específicos de oração e de celebração do dom da vocação.
A família e a paróquia são os lugares próprios onde se deve falar e valorizar o projeto de vida cristã, assim como a vocação a ser filho de Deus e a viver o testemunho cristão como compromisso e liderança.
À luz dos acontecimentos do mundo atual e da vida da Igreja, convido os cristãos a rezar ao dono da messe para que envie trabalhadores para a sua messe. Proponho, por isso, à Diocese de Viseu um desafio permanente e constante para rezarmos incessantemente em todas as comunidades pelo aumento das vocações de consagração na Igreja. Peço aos párocos que criem nas suas paróquias grupos específicos para rezar pelo aumento das vocações sacerdotais e de consagração, envolvendo para isso famílias, catequistas, diáconos permanentes e ministros extraordinários da comunhão.
O tema das vocações é atual, recorrente e pertinente na vida de cada paróquia e diocese, por isso temos que investir muito na evangelização, na catequese e no processo da transmissão da fé às novas gerações, criando raízes profundas com a pessoa de Jesus Cristo.
A Jornada Mundial da Juventude em Lisboa em 2023, através da mensagem deixada pelo Papa Francisco, é um grande dom, um incentivo para um trabalho sério e permanente com os jovens e as famílias.
Temos todos que fazer este caminho de esperança para revitalizar a vida da Igreja e das nossas comunidades. Convido os adolescentes e os jovens que frequentam as nossas Escolas a fazer a sua matrícula na disciplina de EMRC, importante para o crescimento integral da pessoa humana.
As paróquias renovam-se com os seus fiéis empenhados na vivência da fé, com uma consciência madura do que é ser cristão através do seguimento e conhecimento de Jesus Cristo.
Por isso, todos os batizados em caminho de conversão pessoal e de renovação pastoral são chamados a realizar na oração e na escuta a “Peregrinação da Esperança”, rumo ao Jubileu de 2025.
+António Luciano, Bispo de Viseu