Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Nunca como nesta hora da história os crentes das Igrejas do Ocidente se encontram diante de uma encruzilhada, de uma escolha, na urgência de fazer uma opção. Por um lado, existe a possibilidade de continuar a fazer o que sempre foi feito, esperando obter resultados diferentes (ou seja, melhores) daqueles que foram alcançados pelo menos nas últimas três décadas. Basta pensar no impressionante fracasso da iniciação cristã. Horas e horas de catecismo e de presença na paróquia e no oratório e depois a formação de uma geração (ou mais de uma geração) de raparigas e rapazes que já não consideram essencial para a sua boa vida a referência ao Evangelho e à Igreja. Será que realmente tem sentido fazer as coisas de sempre, esperando ter resultados diferentes? Não tem sentido. É pura loucura.

É claro que ninguém admite que os assuntos eclesiais estão a ir bem e se sabe que existe mais de uma coisa a mudar ou simplesmente abandonar. Mas, com maior ou menor consciência, a atitude geralmente permanece a de espera, alimentada pela tentação de uma retirada total no Aventino dos nossos círculos cristãos ou por um tremendo ressentimento por um mundo em que o espaço para a religião, dia após dia, vai sendo corroído.

Por outro lado, destaca-se em toda a sua complexidade e relevância aquilo que queremos chamar de Opção de Francisco, que consiste numa capacidade renovada e renovadora dos crentes de ler a situação em que vivem, de reconhecer sem medo a crise que atravessam e os atravessa, para iniciar uma grande conversão pastoral e dar um novo rosto e forma ao cristianismo.

Porque, como disse recentemente o Papa Francisco, citando Yves Congar, a questão permanece justamente esta: não se trata de criar outra Igreja, mas de dar vida a uma Igreja diferente.

E agora, quando nos encontramos no décimo primeiro ano de pontificado, é tempo de colher, relançar e pôr em prática a unidade do projeto pastoral e missionário que Francisco traçou nos últimos anos. Ao longo destes anos, ele tem indicado, uma a uma, as estrelas que traçam o rumo que o barco de Pedro é chamado a seguir para voltar a ser o que deveria ser. Um lugar onde qualquer um – absolutamente qualquer um – possa encontrar- se com Jesus e se apaixonar por ele. A Igreja não serve a outro propósito. Mas se não serve ao menos para isso – ser um espaço de encontro real com Jesus – simplesmente não serve para nada. E para ninguém.

A finalidade, portanto, de cada cristão será indicar e seguir as orientações ou estrelas que o magistério de Francisco, com coragem e lucidez, identificou para um caminho eclesial à altura do Evangelho e da mudança de época que estamos a viver. Se todos sabem que mudar nunca é fácil (basta pensar como é difícil mudar a alimentação e os hábitos para perder uns quilinhos!), vamos tentar, pelo menos, pelo bem dos nossos filhotes. Não é justo deixar-lhes “uma igreja tipo museu, linda mas muda, com muito passado e pouco futuro”. É tempo de escolher. É tempo de reacender o fogo que o Filho do homem trouxe à terra.

Armando Matteo

In Instituto Humanitas Unisinos

CategoryIgreja, Papa

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