Uma das características da vida cristã é o desafio a viver em cada dia a peregrinação da fé, que nos conduz ao coração de Deus, conduzidos pelas mãos de Maria, com sentido da “Esperança, que não engana” (Rom 5,5).
O Papa Francisco durante estes dias é o protagonista do “Peregrino da Esperança”, ao fazer a viagem apostólica mais longa da sua vida, enquanto Pastor da Igreja Católica. Como Jesus, também ele vai pelo mundo anunciar a “Alegria do Evangelho”.
O sucessor do Apóstolo S. Pedro, vai visitar a Indonésia, Papua-Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura entre 2 e 13 de setembro, para se encontrar com os cristãos e pessoas de boa vontade, levando a cada um a Boa Nova de Jesus, fazendo a peregrinação da Esperança ao encontro de muitos irmãos, que o esperam com alegria e um coração cheio de confiança.
O percurso corajoso, que o Papa vai fazer a estes quatro países, destaca a sua marca de Pastor da Igreja e as suas prioridades diplomáticas e espirituais, com um grande “foco no diálogo inter-religioso e nos quatro princípios sociais delineados na “Evangelii Gaudium”: unidade sobre o conflito, o todo sobre a parte, o tempo sobre o espaço e a realidade sobre as ideias” (Cf. Vatican News).
Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (nº 238-258), o Papa enumera três áreas de diálogo cruciais para buscar o maior bem comum da humanidade: “o diálogo com os Estados, com a sociedade e com os não católicos”. A sua peregrinação nestes dias prevê um itinerário de que são um reflexo essas prioridades. O Papa Francisco, um homem de fé e um pastor de pontes e das periferias, vai encontrar-se com muçulmanos, cristãos e católicos, dando a todos mais uma vez a lição de que Deus ama a todos, quer o bem e a paz para todos os povos. Deus que na plenitude dos tempos enviou o Seu Filho ao mundo, nascido de uma Mulher, para salvar todo o género humano e oferecer ao mundo a tão desejada paz.
Rezemos pelos bons frutos apostólicos e espirituais desta viagem do Papa Francisco a estes irmãos, que o esperam com alegria e esperança.
Para nós portugueses é cheia de significado, ternura e gratidão a sua visita ao povo de Timor-Leste, para lhe dar uma palavra de incentivo na fé e de esperança num mundo novo, a um povo tão martirizado pela guerra e pela opressão. Deus é sempre o libertador do seu povo, por isso os timorenses na maioria católicos, vão ouvir do sucessor de Pedro, representante de Cristo na terra uma mensagem forte de esperança e de compromisso.
Tenho a certeza de que o Papa Francisco lhes anunciará com alegria, com toda a força e entusiasmo o modo de ser discípulo de Cristo: Deus ama-vos muito e têm para convosco desígnios de amor e de misericórdia. Cristo deu a vida por nós e agora quer viver em cada um de nós.
É conhecido de todos o grande o amor e a grande fé do povo de Timor-Leste em Deus e a sua confiança filial em Nossa Senhora. Em tempos difíceis da sua vida e da sua história, a fé cristã foi um baluarte seguro da sua sobrevivência, uma sólida esperança, na entrega incondicional à proteção divina.
O seu amor à Igreja manifesta-se de muitas formas na vida daqueles que como estudantes, ou trabalhadores vivem entre nós e constroem em Portugal o seu futuro animado pela força da esperança evangélica, pela resiliência do seu testemunho de vida e a alegria da sua fé, que dá sentido à sua peregrinação de cada dia.
O Papa Francisco nesta longa viagem a países tão diferentes a nível cultural, social, e político, mas ricos de história, encontra no povo de Timor-Leste um campo fértil, um oásis da evangelização e da vivência do cristianismo na Igreja Católica em terras do extremo Oriente, onde o sol nasce mais cedo.
Neste início de setembro no regresso de férias e às aulas, os cristãos vamos ter oportunidade de celebrar e viver com alegria a festa da Natividade da Bem-Aventurada Virgem Maria, no próximo dia 8 de setembro.
O dom da vida, de nascer, de renascer, de começar de novo, de iniciar mais uma vez uma etapa da vida e da pastoral, conjugam-se com os verbos sinodais num processo de escuta, de oração, de diálogo, de reflexão, de discernimento e de ação, que nos devem ajudar a todos a sermos cada vez mais uma Igreja Sinodal a caminhar juntos e a construir com todo o povo de Deus a “Peregrinação da Esperança”, na “comunhão, na participação e na missão”.
Confiemos a nossa oração a Nossa Senhora para alcançarmos o dom da paz para o mundo.
António Luciano, Bispo de Viseu