Se nós queremos que a vocação seja uma prioridade na vida das pessoas, é fundamental que ela seja também uma prioridade na vida das comunidades: das famílias, das paróquias, das dioceses, das congregações. Concretizando, se queremos que haja adolescentes e jovens disponíveis para seguir o Senhor Jesus, no ministério ordenado, é necessário disponibilizar instituições e pessoas para os convidar, acolher e acompanhar.
Não podemos viver sob o domínio do espírito do tempo, mas sob a égide do tempo do Espírito. O espírito do tempo não mostra grande predisposição para uma vida deste género. Às vezes, a tendência é para capitular, para desistir. Há até a inclinação para decretar, de uma vez para sempre, que os Seminários não voltarão a encher.
Percebe-se que haja esta perceção. Ela entra-nos pelos olhos dentro. Mas o tempo do Espírito não pode ser esquecido ou menosprezado. A Igreja é o tempo do Espírito. João Paulo II, apelando precisamente para «a atividade constante do Espírito Santo na Igreja», proclamava que «nunca faltarão na Igreja os ministros sagrados». E reforçava a sua convicção: «Apesar de se verificar escassez de clero em várias regiões, a ação do Pai, que suscita as vocações, jamais cessará».
É por isso que – nunca é demais insistir neste elemento – a resposta à crise é mais teológica ou psicológica, ainda que nunca se devam dispensar os pontos de vista oferecidos por estas áreas do conhecimento. A primeira resposta da Igreja à crise de vocações – diz novamente João Paulo II – «consiste num ato de confiança total no Espírito Santo. Estamos profundamente convictos de que este abandono confiante não há de dececionar se permanecermos fiéis à graça recebida».
Ora, isto obriga a que a promoção de vocações seja um imperativo para todo o Povo de Deus. Já que o Pai as suscita, é dever irrenunciável da Igreja de seu Filho enquadrá-las e moldá-las. É urgente, por conseguinte, ir para o terreno à procura dos sinais de vocação que Deus derrama e toda a parte e sob diversas formas. Depois, temos de mostrar que a formação é um processo global (e englobante) e que não fica circunscrito a nenhuma dimensão. O ensino da Teologia tem de ser inserido no âmbito desta formação global. (…) Fica claro que o ensino da Teologia é um elemento integrante da formação e que esta é protagonizada pela Igreja assistida pelo Espírito Santo.
João Paulo II insistia na importância «de dirigir uma clara e corajosa proposta vocacional às novas gerações, ajudando-as a discernir a verdade do chamamento de Deus e a corresponder-lhe com generosidade».
Neste sentido, tem de haver uma grande unidade entre todas as dimensões do itinerário formativo, sempre sob a luz do Espírito Santo. «A formação dos sacerdotes é considerada pela Igreja como uma das tarefas de maior delicadeza para o futuro da evangelização da humanidade».
Não pode ser, assim, uma tarefa aditada a outras, mas uma prioridade para todos e uma tarefa exclusiva para alguns. (…) Investir num único padre é investir numa obra de extensão indizível e significado incalculável. Ajudar a santificar uma vida é ajudar a santificar muitas vidas envolvidas por essa vida!
Pe. João António Pinheiro Teixeira
In O Seminário na vida da Igreja