Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Que alegria sinto quando me fixo na santidade que, de uma maneira clara e patente, aparece em membros do Povo de Deus. Há que saber olhar com os olhos do Senhor para a ver. Convido-os por uns instantes a que, nestas festas de Todos os Santos e Fiéis Defuntos, contemplemos essa santidade entre aqueles que o Papa Francisco chama «os santos da porta ao lado».

Sim, da porta ao lado. Pessoas que viveram há muitos anos, outras com quem vivemos ou estamos a viver, que ainda não foram canonizadas, mas que temos diante de nós. Olhemos para quem viveu junto de nós e conhecemos, que amaram, serviram e gastaram a vida em favor dos outros; trabalhadores em todos os campos, mães e pais de família que souberam deixar a herança mais bela aos seus filhos, transmitida não com bens efémeros, mas com o bem maior: a fé em Jesus Cristo comunicada com obras e palavras.

Olhemos também para as pessoas pacientes e boas que vivem ao nosso lado, pais e mães que no meio das dificuldades da vida criam os seus filhos e transmitem-lhes a beleza que adquire o ser humano quando tem a vida mesma de Deus. Há homens e mulheres que desde muito cedo pela manhã saem das suas casas para trazer o pão para o seus, ou que sacrificam saídas para estar com os seus idosos doentes; jovens e crianças que, vendo os seus pais e avós, percebem a necessidade de os ajudar, cumprindo o seu dever como fez Jesus na casa de Nazaré.

Demos graças a Deus em Todos os Santos e nos Fiéis Defuntos porque a nossa Santa Madre Igreja nos dá a possibilidade de contemplar os santos canonizados que, com o seu exemplo de seguimento de Jesus Cristo, nos iluminam um caminho que também nós podemos escolher; e também nos permite rezar pelos que nos precederam.

Deixemo-nos fascinar, estimular e atrair por quem, de uma forma heroica em momentos difíceis, ou de uma maneira simples, viveram na sua vida a fé e a caridade. (…) Destas pessoas nada dizem os livros, mas, com uma santidade não de palavras, mas vivida no dia a dia, na convivência, foram artífices silenciosos de vida, fraternidade, acolhimento, criatividade e eliminação de marginalizações de qualquer género.

Recorrendo às palavras do profeta Jeremias, «antes de te formar no ventre materno, escolhi-te; antes que saísses do ventre materno, consagrei-te» (1, 5), quero recordar três aspetos que nos oferecem os santos que passaram ao nosso lado.

1. Temos uma missão a cumprir. Pensa nela, tu, como pai ou mãe, como filho ou filha, como trabalhador ou estudante, como avô ou avó, como empresário ou empregado, como político… Deste-te conta de que, para quem se aproxima de Jesus Cristo, é impensável passar por este mundo sem fazer um caminho de santidade? Cada um de nós tem características que têm de estruturar a nossa pessoa: somos missão e somos projeto.

2. Essa missão, realiza-a na atividade. Vivamos com Cristo os esforços, renúncias, alegrias e paixões, os momentos de silêncio e de encontro com o outro, a oração e o serviço… Tudo isso que o façais na família, verdadeira igreja doméstica, no trabalho, no estudo, em ser buscadores da convivência.

3. Com homens, mulheres, jovens, crianças e anciãos verdadeiramente vivos e mais e mais humanos, com o humanismo de Cristo. Estareis de acordo comigo em que sempre que falamos de santidade, é como se estivéssemos a falar de homens e mulheres de outro mundo. Mas não. Falamos de nós mesmos. Não tenhamos medo da santidade. (…)

Card. Carlos Osoro Sierra, Arcebispo Emérito de Madrid

In Alfa y Omega

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