Foi assim que Jesus respondeu a Pilatos: “O meu Reino não é deste”.
O Reino inaugurado por Jesus Cristo é um Reino eterno, isto é, de “ontem, de hoje e de amanhã”. É diferente dos reinos deste mundo, como nós os idealizamos, o reino de Cristo é um reino de justiça, de paz e de amor onde todos têm lugar.
Todos nós os batizados somos chamados a construir o reino de Deus entre os homens e como discípulos missionários servir à maneira de Jesus nas diversas instituições da Igreja. “O Filho do Homem veio para servir e dar a dar vida por todos”. Servir à maneira de Jesus é aprender com Ele a estar sempre disponível para tudo o que o Senhor quer de mim, fazendo a sua vontade. “Instaurar em tudo o Reino de Cristo”, para que Ele cresça no meio de nós e no mundo e sejamos na comunhão e na unidade “um com Ele em tudo e em todos”.
Para Jesus servir e dar a vida pelos outros é reinar. É esta dimensão que deve fazer parte do nosso estilo de ser cristãos, trabalhando cada vez mais a dimensão da disponibilidade, da escuta e do diálogo para servir a Igreja e construir o seu reino.
O desprendimento dos diversos serviços e lugares que nos estão confiados, leva-nos a entender que o serviço é um dom e uma missão, pois servir o Senhor e a Igreja não significa estar sempre no mesmo lugar, mas onde somos chamados.
Na Igreja a dimensão do serviço não deve ser entendida como no mundo social, económico, empresarial e político, onde se prolonga por vezes indefinidamente o tempo para permanecer em muitos cargos e serviços. As mudanças e a mobilidade na Igreja são necessárias e saudáveis para todos. As conclusões do Sínodo falam de mudanças sadias e criativas para renovação da Igreja e acolhimento do Senhor que vem nas relações que criamos entre nós.
Na Igreja o modo de servir para a construção do reino de Deus não pode levar-nos ao apego dos lugares, quer numa paróquia, seminários, secretariados ou outros serviços. O cristão deve viver o seu compromisso eclesial como alguém que serve e está no mundo, mas não é deste mundo, porque a relação com Cristo Senhor e Rei é de vassalagem e não de poder.
A solenidade de Cristo Rei do Universo que vamos celebrar, o caminhar para o fim do Ano Litúrgico deve ser uma oportunidade para todos os batizados refletirmos, rezarmos e fazermos o verdadeiro discernimento sobre a nossa vocação e missão na Igreja.
O tempo do Advento, que se aproxima, mostra-nos como a atitude para esperar a vinda do Senhor e do seu Reino constrói-se em cada dia nas mais diversas tarefas eclesiais e sociais.
No próximo domingo celebramos a Jornada Mundial da Juventude, evento que nos convida a olhar para os jovens com esperança e a convidá-los para serem verdadeiros protagonistas da missão e renovação da Igreja.
Depois da JMJ em 2023, do Rejoice em outubro de 2024 em Lisboa e da recente nomeação de Pedro Carvalho como responsável do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, esperamos um despertar novo dos jovens para com um novo fôlego alcançarmos os objetivos, que nos deixou o Papa Francisco para o trabalho com os jovens a nível diocesano e nacional.
No próximo sábado, dia 23 de novembro, às 15 horas terá início no Seminário de Viseu o encontro Diocesano da Juventude, aproveitando a vigília de Cristo Rei para realizar o programa anunciado. Espero a presença e participação de muitos jovens e animadores da Diocese.
Rezemos pelos nossos jovens para que sejam audazes no contributo a dar à Igreja com dinâmicas novas de presença, renovação, evangelização e participação.
Convido todos os diocesanos a viver com alegria a Solenidade de Cristo Rei do Universo, empenhando-nos na renovação da fé, no crescimento da caridade para com os pobres e no empenhamento da esperança junto dos desanimados.
António Luciano, Bispo de Viseu