Nesta quadra natalícia, a Igreja convida-nos a refletir sobre o mistério da Encarnação, que atinge o seu auge com o nascimento de Jesus, em Belém, que se oferece como prenda a toda a humanidade. Todos os anos, a liturgia convida-nos a abrir os nossos corações e a cuidar das nossas comunidades para que Ele nasça, cresça e viva verdadeiramente na nossa vida.
O Natal é um tempo de luz, de paz, de alegria, de magia, de partilha, mas também de profunda reflexão interior. Natal significa nascimento e abertura à vida, por isso quando uma criança nasce, a ternura e o amor de Deus enchem de beleza o mundo.
Ao celebrarmos o nascimento de Jesus, somos convidados a olhar para o seu amor insondável e para a sua compaixão, no serviço prestado aos mais necessitados e carenciados. Jesus nasceu para nos ensinar a importância de viver em fraternidade, solidariedade e sinodalidade.
O amor, a fé e a esperança são o melhor presente de Natal que Jesus nos dá. Estes valores, que podemos partilhar com os outros, tornam-se presentes sempre que Jesus está no nosso coração e nos impele a servir e a cuidar, de um modo particular, das crianças, dos idosos e dos doentes.
A verdadeira celebração do Natal não está só nos bens materiais, mas na realização de pequenos gestos, com simplicidade e cheios de bondade.
Há tantas pessoas que atravessam momentos difíceis, pela solidão, pela doença, pela falta de recursos humanos e materiais, pelas injustiças sociais, pela violência, pela dureza e persistência da guerra. Para os que sofrem, devemos ser luz com as mãos estendidas, levando a todos conforto, consolação e esperança.
Mais do que palavras, que possam emergir nesta quadra de abertura ao sagrado, devemos ter gestos de amor, atitudes de fé que ajudem a combater a solidão e o isolamento, através de sinais de esperança humanizados, como, por exemplo, partilha, doações, visitas, gestos de carinho ou simplesmente um sorriso. Numa linguagem sinodal, a Igreja pede que saibamos acolher, escutar, dialogar, discernir, rezar e testemunhar.
Cabe a cada um de nós fazer a diferença. Quando isso acontece, estamos a viver o verdadeiro espírito do Natal, centrado na pessoa de Jesus, que veio para iluminar o povo que andava nas trevas. Ao nascer pobre, oferece a verdadeira grandeza, mostrando que é na humildade e no serviço ao próximo que construímos o verdadeiro presépio. A família de Jesus, Maria e José continua a ser o verdadeiro ícone para todas as famílias do mundo.
Que neste Natal a alegria do Senhor renove a nossa fé, vigore o nosso compromisso de viver o Evangelho como protagonistas de um mundo novo, sendo “peregrinos de esperança”. Afinal, o Natal acontece quando a paz de Jesus se torna um dom universal!
Desejo a todos um Feliz Natal, na esperança e na alegria de um Ano Santo Jubilar 2025, repleto de paz, de justiça e de amor!
+D. António Luciano, Bispo de Viseu