
A Igreja celebra, no próximo dia 2 de fevereiro, a Festa Litúrgica da Apresentação de Jesus no Templo de Jerusalém, que o Papa São João Paulo II propôs como o Dia dos Consagrados.
Esta designação, para celebrar a vida consagrada, diz respeito a todos os batizados que sentiram um dia um chamamento especial de Deus, para seguir a Cristo pobre, casto e obediente.
A vida consagrada na Igreja é um sinal profético do Reino de Deus no meio de nós. A beleza da vida consagrada torna-se fecunda através da graça de Deus, do compromisso dos conselhos evangélicos, do testemunho na Igreja e no mundo vivido em santidade e fidelidade. “As diversas vocações eclesiais são, de facto, expressões múltiplas e articuladas do único chamamento batismal à santidade e à missão” (Documento Final do Sínodo nº 57).
As vocações de consagração na Igreja são um modo específico de estar na vida da Igreja, ao serviço da missão cuidando dos mais necessitados, pobres, idosos, doentes, das famílias, crianças, adolescentes e jovens, na diversidade de dons e carismas específicos de cada Fundador e Instituto.
São muitas as formas de viver hoje a vida consagrada na Igreja: na evangelização, na catequese, no ensino, no apostolado eclesial e ao serviço das necessidades do mundo. Muitos consagrados, homens e mulheres, vivem a sua vocação e consagração na vida religiosa, contemplativa, missionária, sociedades de vida apostólica e institutos seculares de um modo comprometido e felizes.
Muitos são os homens que vivem a consagração como sacerdotes, religiosos e leigos. Numerosas mulheres vivem a sua vocação e consagração como irmãs na vida de contemplativa, na vida religiosa, na vida apostólica e missionária, em mosteiros, conventos, institutos de formação, escolas, obras sociais e missionárias. Além destes, a Igreja é enriquecida por Institutos Religiosos, Sociedades de Vida Apostólica, Institutos Seculares, Vida Eremita, Ordem das Virgens, Obras e Novos Movimentos com muitos consagrados homens, mulheres e leigos.
Todos os consagrados são chamados a uma vida de consagração específica, seguindo a Cristo na pobreza na castidade e na obediência, tendo em conta o carisma de cada Congregação, Instituto, Fundador e respetivas Constituições.
Ao longo da História da Igreja foram muitas as fundações religiosas e missionárias que tomaram como ideal a Jesus Cristo, a Nossa Senhora, a São José e tantos outros santos. Muitos foram fundadores de grandes famílias religiosas, que hoje são grandes Santos protetores da Igreja.
“Ao longo dos séculos os dons espirituais deram origem também as várias expressões de vida consagrada. Desde os primeiros tempos, a Igreja reconheceu a ação do Espírito daqueles homens e mulheres que escolheram seguir Cristo no caminho dos conselhos evangélicos, consagrando-se ao serviço de Deus, tanto na contemplação com nas múltiplas formas de serviço. A vida consagrada é chamada a interpelar a igreja e a sociedade com a sua voz profética” (Documento sinodal, nº 65).
A vida consagrada é um pilar fundamental para a estabilidade que é a graça de Deus e a vida comunitária, onde se desenvolvem relações fraternas, alimentadas pela oração, pela meditação, pela reflexão, pelo estudo, pela escuta da Palavra de Deus, pelo estudo do Magistério da Igreja, dos Padres da Igreja e pelos ensinamentos dos Santos Fundadores.
Como afirma o padre Karl Wallner monge da Abadia de Heiligenkreuz na Áustria: “as vocações não são uma “honra”, que nos possamos gloriar, são uma missão. Deus não chama as pessoas por casualidade, mas porque precisa de trabalhadores para a sua seara” (Vida Consagrada, setembro/outubro 2024, p.55).
Peço a todos os pastores, consagrados, cristãos, catequistas e professores que falem da vocação de consagração nas suas atividades e comunidades. Convido-vos a rezar por todos os consagrados que trabalham ao serviço da Diocese de Viseu, para que sejam fiéis a Deus e o Espírito Santo os renove na sua vocação e missão.
Neste Ano Santo Jubilar da Esperança, sede testemunhas do Ressuscitado e semeadores de sementes de Esperança na Igreja e no mundo.
Uma Diocese sem vida consagrada é muito pobre e falta-lhe o dinamismo contemplativo, missionário e vocacional. Por isso, peço a todos os cristãos adultos, pastores, consagrados e leigos, que ajudemos os nossos adolescentes e jovens a fazer com confiança e esperança o seu discernimento vocacional, através de um caminho de escuta e de oração.
Termino com as palavras do Santo Padre para o mês de fevereiro: “Rezemos para que a comunidade eclesial acolha os desejos e as dúvidas dos jovens que sentem o chamamento a servir a missão de Cristo na vida sacerdotal e religiosa”.
+António Luciano, Bispo de Viseu