A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

“Acreditei, por isso falei, também nós acreditamos, por isso falamos”

(2Cor 4,13)

Com frequência, por motivações e contextos diversos, se diz que a Igreja, na actualidade, nem sempre comunica adequadamente a inestimável valia do seu tesouro genético e identitário: Jesus, a mensagem que ensinou e viveu e os valores cristãos dela emanados. Há algo de verdade nessa percepção.

Desde os primórdios, a comunidade cristã sentiu-se impelida pelo mandato missionário de comunicar a Boa Nova que receberam de Jesus: “Ide, pois, fazei discípulos todos os povos ensinando-os a cumprir o que vos mandei” (Mt 28,19)”. Perante os obstáculos, e foram muitos, respondiam: “Nós não podemos calar o que vimos e ouvimos” (Act 4, 20). Jesus era, simultaneamente, o Centro, o Modelo de comunicação e a Mensagem. Na comunicação, transmissão e celebração da fé, ao longo dos tempos os cristãos usaram os modos e os meios ao seu alcance, quase sempre parcos, na convicção e ousadia corajosa e inspiradora de Paulo: “Ai de mim se não evangelizar” (1Cor 9,16).

Assim se compreende como as várias gerações cristãs foram exímios comunicantes e evangelizadores, não só pela palavra dita e escrita, mas no recurso às artes. São disso exemplo, entre outros, os textos bíblicos e não bíblicos, a música, os edifícios de culto, referências de beleza arquitectónica, a pintura, a escultura…Já no séc. XX, o concílio Vaticano II elaborou e aprovou o decreto Inter Mirifica, sobre os novos meios de comunicação, “consagrando-os” como valiosos instrumentos evangelizadores, a par da pregação oral tradicional. Actualidade, a Igreja usa a multiplicidade dos meios digitais, que em muito podem favorecer a missão evangelizadora, quando utilizados adequadamente.

Além da missão de anúncio é, todavia, na celebração da fé pessoal e comunitária, na Liturgia – dimensão nuclear da vida da Igreja, comunicação com Deus e com os irmãos – que se manifestam as múltiplas e formas de comunicação espiritual, que gera corpo, transmite a mensagem, alimenta e aprofunda a fé. A comunicação litúrgica, mediada pela linguagem verbal e ampliada pela beleza ritual, torna-se mais eficaz e bela quando se orienta pelo princípio conciliar: “Os ritos (litúrgicos) brilhem por uma nobre simplicidade, sejam claros na brevidade e evitem repetições inúteis; devem adaptar-se à compreensão dos fiéis e, em geral, não tenham necessidade de muitas explicações” (SC 34). Quão pertinente, esta orientação!

A proliferação de sofisticados meios de comunicação, a omnipresença do digital, quer na transmissão profética, quer no acto celebrativo dos mistérios sagrados, importa tirar proveito na sua correcta e proveitosa utilização, sem deixar que os suportes comunicativos ofusquem a mensagem, mas, antes, a ampliem e tornem apta para quem transmite, ouve e celebra.

No contexto actual, nos diversos âmbitos da missão eclesial, evangelizadora, interpelativa, testemunhal e ritual celebrativa, a comunicação do Papa Francisco, apesar das debilidades físicas, é um modelo, no modo e no conteúdo: simplicidade, aproximação, afabilidade, ternura, beleza e brevidade.

O modo de comunicar de Jesus, que Francisco tão bem exercita, esteja neste ano Jubilar ao serviço do encontro, da partilha, gerando sentimentos e gestos de Esperança activa.

P. José Henrique Santos

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