A Esperança que nos move está muito além das cinzas terríficas dos incêndios que neste mês de agosto têm destruído a floresta verde e os bens deste jardim à beira-mar plantado.
Ao longo destes dias, vemos o nosso país a arder e o desespero de quem luta para salvar a sua vida e os seus bens a gritar com desejo de grande solidariedade para com os povos afetados.
Perante os Bombeiros, Proteção Civil, militares da GNR e tantos voluntários que tentam combater este tão grave flagelo, só nos resta uma coisa: ter esperança que termine o mais rápido possível o ciclo dos incêndios e seja oferecida à natureza e ao nosso povo um tempo de paz e tranquilidade.
Sofremos ao ver o desespero de quem perdeu os seus bens, os animais, o trabalho, as casas e as memórias de uma vida inteira de sacrifício. Pior do que isso, a morte daqueles que perderam a vida ou a saúde integral.
Existe um esforço incansável no combate a este flagelo, que vem da resiliência das próprias populações, que muitas vezes experimentam o abandono e a solidão e sentem que os meios são insuficientes para combater um inimigo feroz que avança sem dó e piedade por montes e vales.
Diante de um fogo que consome tudo em minutos, que muda de direção com o vento e que se espalha como uma força quase incontrolável, sentimos a nossa fragilidade e pequenez humana. Perante a finitude da natureza só nos resta acreditar na solidariedade que emerge da generosidade que transforma as cinzas em esperança de um novo amanhã.
Temos esperança que a chuva caia, este flagelo termine e que, com uma grande onda de solidariedade humana e social, se possa reerguer o nosso país.
Peço a todos que rezemos a Deus, por intermédio de Nossa Senhora, nossa Mãe e de todos os santos, o dom da chuva para que ela caia sobre os nossos campos e nos refresque nestes dias de calor que sentimos neste vale de lágrimas.
O fenómeno causador de incêndios é complexo e muitas vezes são desconhecidas as causas, que semeiam por toda a parte um cenário grande de destruição, um flagelo de dor com sentido de perda para o nosso povo e nação.
O nosso país e o sul da Europa têm experimentado, ao longo dos últimos dias, incêndios que destruíram e devastaram o território também da nossa Diocese, com prejuízos avultados e inúmeras dores e perdas para as pessoas afetadas. Não esqueçamos estes irmãos e criemos com eles proximidade na oração e na partilha dos nossos bens e haveres.
As vagas de calor e temperaturas elevadas e excessivas, juntamente com trovoadas secas e ventos fortes, estão a alterar a serenidade do clima e a convivência pacífica comum. Causam, assim, ondas de pânico e oscilações em cenários nunca vistos, com imagens infernais e dantescas.
Para além da tragédia humana, os incêndios deixam ainda marcas profundas no solo e nos ecossistemas. Espécies de animais fogem ou morrem, rios são contaminados e florestas destruídas demoram décadas a regenerar.
Precisamos de um olhar mais profundo sobre esta temática porque, ano após ano, a tragédia repete-se. As campanhas de sensibilização e as leis de prevenção e penalização não estão a ser suficientes. É preciso fazer mais e melhor. Rezar a pedir a chuva e outras formas de aliviar o sofrimento são um bálsamo de proteção e amparo nesta hora tão difícil.
Aproveitamos esta edição do Jornal Diocesano para dar a conhecer a todo o povo de Deus e pessoas de boa vontade, as nomeações pastorais são um ato pensado e refletido, com vista a suprir necessidades nas paróquias e serviços pastorais que vão surgindo ao longo do ano.
Estas mudanças resultam de um processo de discernimento que tem em conta a realidade de cada paróquia, a disponibilidade e o perfil dos sacerdotes, bem como os desafios concretos que cada comunidade experimenta.
As nomeações pastorais não são apenas decisões administrativas, são gestos de serviço eclesial guiados pela escuta do Espírito Santo e pelo compromisso com o bem do povo de Deus.
+António Luciano, Bispo de Viseu
(Artigo publicado na edição 21.08.2025 do Jornal da Beira)