Jesus ao propor a entrada no Reino de Deus, lança um convite aos seus discípulos, dizendo-lhes: “Eu sou o Caminho a Verdade e a Vida, ninguém vai ao Pai senão por mim”. Jesus apresenta-se como luz verdadeira. “Eu sou a Luz do Mundo”! Esta luz ilumina hoje as nossas vidas pela graça do sacramento do Batismo.
“Vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo”. Quero neste contexto, fazer referência a alguns sinais luminosos, verdadeiros feixes de luz, que brilham na Igreja e no mundo, apesar do grave acidente do “Elevador da Glória”, onde morreram 16 pessoas e muitas ficaram feridas, embora os incêndios continuem a fustigar o nosso país, os ataques de guerra na Ucrânia levem à destruição de edifícios, à fuga das pessoas e com o número de mortos a aumentar, com cenários de perseguição, de morte e destruição da Faixa de Gaza e de situações de violência, de fome, de perseguição, destruição e injustiças em tantas partes do mundo, não podemos deixar de acreditar, que a luz de Deus irrompe no meio de situações de morte, destruição e desespero.
Somos chamados em cada dia a viver a fé como “Peregrinos de Esperança” com amor e alegria no Senhor, que continua a iluminar a história da humanidade e a dar sentido à nossa vida. Na leitura dos sinais dos tempos, numa atitude de discernimento cristão, apresento alguns flaches de luz:
A Palavra do Senhor ilumina a nossa vida e a terra inteira.
No Evangelho do domingo passado, XXIII do tempo Comum, São Lucas dava-nos a notícia do convite, que Jesus fez aos seus discípulos propondo-lhe as condições para O seguirem com fé, na fidelidade, na totalidade e na radicalidade da entrega. Antes de, mais dar o primeiro lugar a Jesus, colocá-lo acima dos pais, irmãos, familiares, acima de todas as coisas. O segundo convite está em seguir Jesus, levando a cruz de cada dia. A terceira condição é o desprendimento dos bens terrenos. “Quem não renunciar a todos os bens, não pode ser meu discípulo”.
A santidade reflexo da luz de Deus, desafia-nos a ser a Igreja de Cristo, “luz dos povos”.
Os novos santos da Igreja Pedro Frassati e Carlo Acutis, canonizados no domingo passado em Roma pelo Papa Leão XIV, são fachos de luz para os jovens de hoje e claridade interior para todos os discípulos de Cristo. Foram as primeiras canonizações do nosso Papa, marcadas pela esperança da santidade concedida a estes dois jovens, que a partir de agora brilham na Igreja e no mundo como exemplo de santidade e de compromisso evangelizador. Ambos centraram a sua vida no amor a Deus, à Eucaristia diária, à oração do terço a Nossa Senhora e no exercício da caridade fraterna junto dos pobres e dos jovens. São Pedro Frassati na prática das obras de misericórdia junto dos mais pobres e São Carlo Acutis na evangelização dos jovens através da internet.
Peçamos a Deus, fonte da Luz eterna, esta Luz, para cuidarmos da humanidade neste Tempo da Criação.
A verdadeira atitude do crente diante da natureza está no respeito pelo primado da graça, vivendo este dom no cuidado de uma relação nova com a Criação, perseverando no caminho do amor e da justiça. Cuidemos da Casa Comum, aprendendo a respeitar o nosso Planeta com os desafios da verdadeira ecologia humana e cristã.
Na celebração do nascimento da Virgem Maria, cantemos um hino à vida de Nossa Senhora, glorificando a vida humana e a santidade proclamada de geração em geração por Maria, a Mãe de Jesus.
A festa da Exaltação da Santa Cruz, revela-nos o ponto alto da vida de Jesus, que no mistério da sua morte nos oferece a plenitude da Redenção.
Neste dia celebramos a Eucaristia de sufrágio e memória pelas vítimas do trágico acidente ferroviário de Alcafache, ocorrido há 40 anos.
Rezemos unidos a Cristo, que morreu na cruz para nos salvar, rezemos por todos aqueles que pereceram em tragédias, catástrofes e acidentes de vária ordem, quer em Portugal, ou no mundo.
O Papa Leão XIV celebra no dia 14 de setembro, festa da Exaltação da Santa Cruz, o 70º aniversário do seu nascimento, que ocorreu na cidade de Chicago nos Estados Unidos. Rezemos pelas suas intenções, em ação de graças pelo dom da vida e pelos bons frutos do seu ministério, desejando-lhe as maiores felicidades e muitos anos de vida, como Pastor da Igreja Universal.
Neste tempo de regresso às aulas de tantas crianças, adolescentes e jovens, preparando o início da catequese nas paróquias, no fim das férias para os adultos que voltam ao trabalho e a outras atividades públicas, eclesiais e sociais, peço para viverem este Tempo da Criação, como “Peregrinos de Esperança”.
Façamos dos nossos dias, um tempo iluminado pela luz de Deus, no testemunho da esperança cristã, contribuindo para a construção de um mundo melhor, em paz, na justiça, na fraternidade e na solidariedade.
+ António Luciano, Bispo de Viseu
(Artigo publicado na edição de 11.9.25 do Jornal da Beira)