Uma das parábolas de Jesus mais ricas de significado na sua relação da vocação, com a missão é o convite para trabalhar na vinha do Senhor.
Ele chama a todas as horas do dia e quer que todos vão trabalhar para a sua vinha. Há uma novidade no contrato todos vão receber o mesmo salário no final do dia.
O chamamento dos apóstolos e dos discípulos para irem trabalhar para a sua vinha e recolher as colheitas é hoje um desafio para a vida Pastoral da Igreja e das suas comunidades. Juntemos a esta página do Evangelho, as palavras de Jesus ao falar da “Alegoria da Videira”, em que chama o Pai de Agricultor, Jesus é a Videira e nós somos os seus ramos. Como cristãos devemos produzir muitos e bons frutos de justiça e caridade, para sermos verdadeiros discípulos de Jesus a trabalhar na sua vinha, a Igreja.
Chegou o mês de setembro, caracterizado como tempo das colheitas, depois do merecido tempo de férias, ao voltar ao trabalho e atividades como cidadãos, no regresso às aulas de crianças, adolescentes, jovens e adultos, à catequese, a novas experiências humanas, eclesiais e sociais, que nos levam a retomar os processos em caminhada juntos, crescimento com normalidade, marcado pela alegre esperança de sermos filhos de Deus.
Este tempo é ainda vivido por muitas festas religiosas, que colocam a pessoa de Jesus no centro da nossa vida cristã, como aconteceu com a celebração da festa da Exaltação da Santa Cruz. Convidados a olhar para a pessoa de Jesus, descobrimos no seu rosto, o desafio de aceitar um estilo de vida nova, que nos leva a produzir frutos novos de justiça e de caridade. Celebrámos a festa da Natividade de Nossa Senhora, a Festa de Nossa Senhora das Dores, de Santa Eufémia, e está a chegar a festa de São Mateus, que encerra também a feira centenária da cidade com animação quotidiana. Esta feira tornou-se um “ex-libris” da cidade e da região.
Mas não ficamos por aqui, este mês é conhecido na atividade agrícola, como o tempo alto das colheitas, das vindimas, onde um trabalho sazonal, leva muitas pessoas ao contacto com a natureza, com a mãe terra, que cuidada com amor pelos agricultores, recolhe os frutos abençoados do seu investimento agrícola e proporciona festas e momentos lúdicos, à volta das uvas e do vinho.
Esperando o outono, que se aproxima é bom ver o território nacional cuidado e a produzir bons frutos saborosos e de qualidade. No planalto e nas encostas da Beira Alta, vemos as vinhas cheias de uvas a precisar das mãos dos operários e do serviço das máquinas agrícolas, para ser feita a vindima, que vai dar origem a um néctar precioso, vinho de grande qualidade, denominado de região Demarcada do Dão, comercializado através de muitas marcas pelos seus produtores e empresários da região.
É uma riqueza regional que luta contra a desertificação do interior. Hoje temos também bastantes pomares de macieiras, que produzem bons frutos, mas precisamos de mais investimentos diversificados, através de produtos que já fazem diferença na marca da região agrícola onde está implantado o nosso território. Temos bons olivais e outras plantações, mas precisamos de mais jovens empresários a dar vida a tantos territórios bons e produtivos que estão abandonados. É preciso haver mais projetos apoiados pelos governantes e serviços regionais para dar à paisagem dos nossos campos um novo rosto, horizonte de esperança e fazer da paisagem um compromisso de desenvolvimento e progresso.
Imploro a bênção de Deus para os nossos campos e para todos aqueles que trabalham a terra, de modo que todas as sementes produzam muitos frutos e abundantes como nos fala o Evangelho de Jesus.
Cuidemos da vida, dos nossos campos e enchamos de beleza e bons frutos a Casa Comum.
+ António Luciano, Bispo de Viseu