O Bispo de Viseu, D. António Luciano, presidiu hoje de manhã, 15 de outubro, à Eucaristia de ação de graças, memória e sufrágio pelas vítimas dos trágicos incêndios de 2017, na Igreja Matriz de Vouzela. A celebração fez parte de uma cerimónia evocativa, à qual se associou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Oito anos depois da tragédia que afetou o concelho de Vouzela, a Região de Lafões e também outras zonas do país, D. António Luciano recordou as vítimas e aqueles que perderam os seus bens, enaltecendo também a coragem de todos os que combateram as chamas e apoiaram as populações afetadas.
Com palavras de “gratidão e esperança”, o Prelado sublinhou a importância de acolher a dor e a transformar em compromisso e solidariedade, alertando também para a prevenção. “Não queremos que volte a acontecer, por isso, hoje, estamos aqui com o sentido de alerta e prevenção para dizermos que nós podemos fazer mais. E se, porventura, as nossas forças e capacidades não chegarem para tanto, então o dinamismo da fé leva-nos a encontrarmos em Deus a força. Senhor, ajuda-nos”, disse.
Dirigindo-se aos familiares presentes disse: “Estamos aqui convosco. Coragem e força”.
A esperança num futuro melhor foi também referida por D. António Luciano, ao recordar “a resiliência, força de vontade, solidariedade, amizade, partilha e gratidão”, gestos essenciais que levaram à reconstrução do território afetado. “A própria semente lançada à terra depois das cinzas nasce com mais pujança”, reforçou o Bispo, destacando que “o povo português não se deixa vencer pelas batalhas nem pelo que seja negativo, mas sabe colocar esperança”.
Ao citar uma das cartas de São Paulo aos Filipenses, que refere: “A nossa Pátria está no Céu”, o Bispo realçou que “a morte é a porta para vida, mesmo que nos custe entender este mistério”.
A partir da leitura de São Paulo, recordou que “é o Espírito Santo que renova a vida e todas as coisas, que dá beleza e, ao mesmo tempo, o sentido, com a partilha da solidariedade, mas também no dinamismo da fé, que nos leva a confiar no Senhor”.
“Neste ano santo, tenhamos esperança de sermos capazes de responder como hoje àquilo que são as grandes tragédias. São estes atos que engrandecem a pessoa humana, enobrecem um povo e fazem história que nos orgulha”, sublinhou.
Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que homenageou as vítimas com uma coroa de flores deixada no Monumento Evocativo, junto ao Instituto Missionário Marista, reforçou a necessidade de se ter esperança no futuro. “Hoje nesta celebração temos a esperança de um melhor futuro”, disse, referindo a importância das crianças estarem presentes na Eucaristia, porque “são elas o nosso futuro”.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se à tragédia como “um choque profundo, mas também de solidariedade”. “Os portugueses uniram-se em junho e em outubro, por todo o país e fora do país, porque os nossos emigrantes também contribuíram. Foi como se despertássemos para uma realidade que sabíamos que existia, porque já havia casos muito dolorosos mais antigos de incêndios, em 2005, mas nada comparado a 2017”, referiu.
Em Vouzela, os incêndios causaram oito vítimas mortais, seis residentes no concelho e duas pessoas que seguiam na A25.
A cerimónia, organizada pela Câmara Municipal de Vouzela com o apoio da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vouzela, contou com a presença do Secretário de Estado das Florestas, Rui Ladeira, que na altura dos incêndios era o presidente da Câmara Municipal de Vouzela, do atual presidente do Município, Carlos Oliveira, de vários autarcas da região, de representantes da CIM Viseu Dão Lafões, do Comandante do Comando Territorial de Viseu da GNR, Adriano Resende, das corporações de Bombeiros, membros das irmandades das respetivas comunidades e demais autoridades e entidades locais.
Galeria de imagens e vídeo da homilia do Bispo disponíveis no Facebook da Diocese de Viseu.