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A palavra “catequese” ou “catecismo” significa informar, instruir e ensinar, de viva-voz, para distinguir do ensino realizado através da escrita, ou seja, através dos livros. Enquanto o ensino dos livros é feito individualmente e silenciosamente, a catequese (ou catecismo) é feita com a presença de um instrutor (catequista), ensinando de viva-voz, testemunhando o que ensina.

O Padre Vicente de Paulo não escreveu nada expressamente sobre a catequese. Mas foi um extraordinário catequista: viveu, ensinou e testemunhou. Procura inculcar nas crianças e nos adultos o conhecimento e o amor de Deus, ensinar os mistérios da fé, levá-los à melhoria de vida: “tendes de levar aos pobres doentes duas espécies de alimento: o corporal e o espiritual, isto é, dizer-lhes, com a intenção de os instruir, algumas palavras que os levem a cumprir os seus deveres de cristãos e a levar a vida com paciência… A vossa Companhia, tem também a finalidade de instruir os meninos nas escolas no temor e no amor de Deus”.

Descobre-se, nas suas palavras, um gosto especial por um método ativo que desperte a atenção e o interesse dos participantes. Ele mesmo, numa linguagem coloquial, o aplicava na instrução das Irmãs e recomendava-lhes que, elas mesmas, o aplicassem na catequese. A partir de perguntas e respostas, corrigir o que estava errado, aperfeiçoar o imperfeito e uma palavra de louvor para o que foi acertado. E porque os adultos, em geral, mas em particular os avós, se encantam com as respostas das crianças, que se organize uma espécie de “sabatina” diante deles para que admirem o modo como os pequenos se exprimem tão bem sobre os conteúdos da fé. Experimenta e recomenda a utilização da imagem, sobretudo com crianças, através de quadros alusivos ao assunto da catequese.

Não passa despercebida, ao Padre Vicente, a necessidade de preparação para o ensino da catequese. Antes de partirem para as paróquias, onde devem ensinar a catequese às crianças e aos doentes, as Irmãs devem tratar esse tema entre elas. “A que estiver a orientar, escuta as respostas, explica-as naquilo em que não sejam tão claras ou naquilo em que não se compreendam. Este é o melhor método de vos instruirdes a vós mesmas e de vos tornardes capazes de ensinar o catecismo aos pobres e às crianças nas coisas necessárias à salvação”. Não há comunidade cristã sem catequese, isto é, sem instrução, sem formação, sem anúncio, sem o testemunho de vida de quem anuncia (catequista). Pode faltar o catecismo (livro), mas que nunca falte o catequista. O que celebramos nos Sacramentos, mormente na Eucaristia, é o que nos foi anunciado e recebemos pela instrução (catequese). Daí a sua primordial importância!

Durante décadas apostámos muito em catecismos (livros); apostámos muito na formação técnica dos catequistas. Ainda bem. Era necessário. O resultado não tem sido entusiasmante. Então o que falta!? A dimensão espiritual do catequista. Homens e mulheres de fé. Felizmente há muitos a quem a Igreja muito deve! Mas é necessário que sejam todos: homens e mulheres de fé, de vida espiritual profunda que sejam capazes de comunicar, de viva-voz, e de dizer como o autor Primeira Carta de São João: “o que ouvimos, o que vimos, o que contemplámos… isso vos anunciamos” (cf. 1Jo 1, 1.3).

P. José Alves, CM

 

(Artigo publicado na edição desta semana do Jornal da Beira)

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