“No rosto ferido dos pobres, encontramos impresso o sofrimento dos inocentes e, portanto, o próprio sofrimento de Cristo”.
(Leão XIV, Dilexi te, n.9)
Cuidar dos pobres com dignidade e com gestos concretos de caridade fraterna e de solidariedade efetiva, eis a missão de todos os cristãos e pessoas de boa vontade.
Olhando para o nosso mundo damo-nos conta de que o fenómeno da pobreza é transversal em todos os povos e civilizações. Os pobres aumentaram no mundo consequência da riqueza global, estar na posse de um número considerável de pessoas, que possuem muitos bens e são detentoras do poder, do dinheiro e da fama.
Onde estão os pobres no mundo atual? Uma pergunta de muitos cidadãos, à procura de múltiplas respostas concretas. O fenómeno da globalização, o mundo desenvolvido com as novas tecnologias, a avançada era digital, a crise das grandes e médias empresas, o circuito da distribuição dos bens, as relações entre patrões e operários, a deslocação geográfica de algumas empresas para outros pontos do globo, a falência das empresas, a redução de serviços, a utilização da inteligência artificial, o crescente aumento do desemprego, os salários em atraso, a falta de habitação condigna, o aumento da fome, a violação dos direitos humanos, a falta de acesso à saúde, as injustiças, a violência, a guerra, os refugiados, os deslocados e os migrantes, são assuntos em destaque no diálogo eclesial e social, que devemos realizar com coragem, abordando o tema da riqueza e da pobreza no mundo, à luz do Evangelho. A Hierarquia da Igreja tem proposto cada vez mais ao mundo e à sociedade em que vivemos, uma reflexão profunda sobre a pobreza e a partilha de bens em benefício dos pobres e dos mais desfavorecidos da humanidade.
A Igreja a partir do Evangelho e dos seus documentos tem insistido muito no cuidado dos pobres e dos diligentes, através de Organismos e Instituições próprias, de movimentos eclesiais e de pessoas que se dedicam ao serviço dos pobres, dando vida à expressão: “Uma opção preferencial pelos pobres”. Todos os Papas da Igreja, mas de modo especial o recente Pontificado do Papa Francisco que institui o próximo domingo como o “Dia Mundial dos Pobres”, celebrado em toda a Igreja, para que cada comunidade e cada, cristão aprendam a cuidar dos seus pobres e a partilhar o seu pão com os mais necessitados. A 4 de outubro de 2025, o Papa Leão XIV, publicou a Exortação Apostólica: “DILEXI TE, Sobre o amor para com os pobres”, “EU TE AMEI” na continuação do ensinamento do Papa Francisco sobre a atenção, cuidado e serviço dos pobres. Devemos estar atentos ao clamor diversificado dos pobres, Deus escolhe os pobres e pede-nos a nós hoje para cuidarmos dos pobres. “Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes” (Mt 25,40).
O desenvolvimento da Pastoral Social e da Caridade em cada diocese e paróquia, deve levar-nos a cuidar com empenho evangélico e serviço de caridade todos aqueles que precisam de ajuda nas nossas comunidades.
A ação social da Cáritas, dos Centros Sociais Paroquiais, das Misericórdias e de outras Instituições de Solidariedade Social e cuidado dos pobres, dos frágeis, dos vulneráveis e dos doentes deve levar a Igreja numa “opção preferencial pelos pobres”, a cuidar todos aqueles que precisam de pão, de educação, de saúde, de carinho, de amor, de esperança e de salvação.
Organizemo-nos nas nossas paróquias para celebrarmos com alegria, com esperança e efetiva caridade e partilha de bens o próximo Domingo, “Dia Mundial dos Pobres” para com os pobres e instituições que existem nas nossas comunidades. Sejamos uma Igreja junto dos pobres e a cuidar dos pobres segundo o espírito das obras de misericórdia”.
Saibamos todos dar um rosto renovado à Igreja, que nos pede um cuidado especial para com os pobres, ajudando os mais necessitados de modo a sentirem- se acolhidos, integrados e amados. Rezemos pelos pobres e trabalhemos a partir das nossas famílias e das nossas comunidades para erradicarmos a pobreza no mundo. A partilha da riqueza pelos mais pobres é um dos maiores desafios da sociedade globalizada em que vivemos.
Ajudemos os pobres a encontrarem a sua dignidade de pessoas humanas, queridas e amadas por Deus em todas as circunstâncias da sua vida. Deus ama muito os pobres e pede a cada um de nós que sejamos protagonistas para erradicar a pobreza do mundo.
† António Luciano, Bispo de Viseu